𝘌𝘹𝘵𝘳𝘢 dois: 𝘚𝘶𝘨𝘶𝘳𝘶 𝘋𝘢𝘪𝘴𝘩𝘰𝘶

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Capa por AlineKammer

Oikawa and Suguru

Os lábios de Suguru se encaixam perfeitamente nos de Oikawa, uma combinação caótica de duas pessoas carentes, abandonadas pelos homens que amavam, mas esquecidas pelo destino. Eles fariam um belo par, caso ficassem juntos, mas isso não chegaria a acontecer.

- O Kuroo vai me matar. - Tooru sussurrou contra os lábios de Daishou, afastando o rosto para puxar com força o ar de volta para os pulmões.

- Por que ele faria isso?

A cobra sorria maliciosa, acariciando o rosto do moreno de forma carinhosa. Se questionava do que se passava na cabeça marmotosa do modelo e, pela fala boba, tinha certeza de não ser nada bom. Provavelmente era uma série de conclusões precipitadas o levando a pensamentos errados, confusos e sem sentido.

Estavam lado a lado, no sofá velho e marrom da sala de estar de Tooru, este trocara tantos torpedos com o esverdeado que não hesitara em chamá-la a sua residência, lutando com todos os instintos para não fazer isso, levar para provocações do privado, além das que tinha no grupo com os amigos, apenas na brincadeira.

Foi uma surpresa ao receber a mensagem "passa o endereço que chego em trinta minutos", ficando ainda mais chocado quando ouviu as batidas na porta, teve tempo só de tirar seu avental antes de correr para a entrada, recebendo com felicidade aquele que alegraria sua noite.

O acompanhante certo, contudo, para a pessoa errada.

Assistiram um filme agarrados no sofá, mas sem nenhum tomar iniciativa, acovardados com a ideia de se ferrarem. A calmaria durou até que Oikawa resolveu fazer um comentário bobo sobre o quão gostoso o ator ficava só de cueca, destacando demais os músculos e olhou para Suguru pela primeira vez em bastantes minutos, notando como estavam próximos. Os rostos praticamente colados, presos na intensidade do olhar que os imobilizava e as bocas por pouco, questão de centímetros, não se encostando.

- Acho que lembrei para que vim aqui. - Daishou foi o primeiro a falar, não pôde evitar descer o olhar para a boca de Oikawa.

A coragem bateu em sua porta... E ele abriu, senhoras e senhores, ele é o cão.

Suguru não ligava para o homem do filme ou para o quanto a raba dele era atraente, estava tão inquieto desde chegara que nem notou que estavam no final do filme, não percebeu quando pôs a mão na coxa de Tooru, descansando-a ali e não tirando já que não houveram reclamações, deixando a outra no seu queixo do maior que sorriu ao ser puxado e ter um beijo doce roubado, depois outro e mais outro... Todos prontamente correspondidos.

O calor e a química que havia entre os dois era inegável, incontestável, quando mais se beijavam mais notavam o desejo forte que havia entre eles, a atração física era incontrolável. Porém, a boca grande de Oikawa não conseguia ficar calada nem quando era beijado. Precisava falar aquilo, quebrado completamente o clima gostoso que os rondava.

- Sei lá... Tu e o Kuroo estão sempre flertando um com o outro. - Tooru reclamou, fazendo beicinho que não passou despercebido aos olhos vorazes do outro. Fofo com uma dose, uma pitadinha, de ciúmes. - Julguei que tivessem algo, com o Kenma também.. Aquelas mensagens cheias de duplos sentidos, tão maliciosas.

- Você tem aquele tipo de papo com todo mundo.

- É, mas é comum que eu faça isso, sou "galinha" segundo o Iwazuimi... Mas tu não parece ser desses..

Suguru soltou uma gargalhada alta pelo comentário e, de fato, ele não era. Não conseguia se envolver com muitas pessoas sem um sentimento, nem que fosse branco como a amizade. Daishou aproveitou para encostar a cabeça no ombro do maior e sentir sua fraca, bastante agradável, colônia. Poderia passar o dia todo naquela posição, tão perto de alguém, mas tão longe de seu coração.

- Eu teria um lance com o cabeça de pudim, se ele fosse solteiro, sabe ele é legal mesmo com o vício em game e em café puro, mas com o Tetsurou... - Calou-se, sem saber o certo o que dizer.

Não podia negar a atração que sentia pelo capitão da Nekoma, todos sabiam que ela existia, até para o mesmo ela era clara. Ocorrera pelo jeito gentil que ele tinha com todos, mas sempre lhe tratando com patadas, não ajudando nem mesmo que implorasse. Aquele era um tema delicado para se lidar, principalmente pela quantidade de fora indireto que recebera, nunca se declarou, mas sempre ouviu Kuroo dizer o quanto não lhe queria.

Todavia, tudo bem. Aquela era uma complicação a menos em sua vida, afinal não era talarico, não roubaria, muito menos tentaria, pegar o namorado dia outros. Ainda mais de Kozume que sempre lhe tratava bem e, ainda que houvesse uma leve atração entre eles, se tratavam como irmãos.

- É complicado. - Voltou a falar.

Só Deus sabe os longos segundos de pausa que fez, não tendo notado que Oikawa passou o tempo inteiro olhando para seus olhos, revezando entre eles e os belos lábios cor de marfim, sentindo a necessidade incompreendida de tocá-lo mais.

- Entendo. Sinto que estou na mesma situação com Hajime, tudo extremamente confuso. É desgastante, não é? - O tom de voz doce e frágil não saiu despercebido para a cobra que bufou, levemente incomodada pela declaração. Ah, era bom em ler as entrelinhas, assim nem se iludia mais.

- Então é dele que gosta? Do anão do seu time? Aquele que pegou um dos Miyas?

- Maybe...

- Ele nunca vai te dar uma chance, você dá em cima de todos que conheço e até de estranhos se duvidar, já até disse o que ele pensar de ti. - Suspirou cansado, revirando os olhos pela expressão do outro.

E com a resposta afiada de Suguru, foi a vez de Oikawa se sentir ofendido, levando a mão ao peito e apertando com força, como se doesse, como se a mágoa estivesse lhe machucando o que, de fato, não acontecia.

Era assim que lhe viam? Bem, deveria honrar seu título então?

- Não faço isso! Não sou uma galinha como o Iwa-chan diz! - O bico infantil formou-se novamente e as bochechas ficar rosadas para o prazer e desprazer de Daishou. Oikawa era um garoto bonito, até mesmo agindo como criança conhecia chamar atenção, era impossível não querer saber mais do que ele.

- Mas... Você que falou ainda agora!

- Eu estava só explicando a situação.. - Oikawa disse com nervosismo, admirando a bela expressão na face alheia. Bonito, mas tão perigoso. - Acho mesmo isso de mim?

- Claro que não, só gosto de te irritar. - Suguru soltou uma risadinha. - Você é fofo fazendo birra, mesmo com mania de provocar geral continua encantador.

- Correção, eu só distribuo meu amor igualmente entre os homens de bem...

Daishou tentou assimilar aquelas palavras, sorrindo maldoso, a resposta escarpando graciosamente pela sua língua de cobra.

- Oh, isso me torna um homem de bem?

- Não sei se podemos chamar assim, você é um bad boy. - Tooru rebateu, entendendo a que ponto haviam chegado e o que tinha dito, porém, não se importando.

- E bad boys são feitos para se provocar... Quem disse que estou te distribuindo amor?

A mão do outro apertou sua coxa, fazendo com que calasse a boca e apenas observasse hipnotizado ao Suguru que ficou satisfeito por, novamente, não ter sido afastado - não proibiu que o tocasse -, não viu resistência nenhuma quando subiu os dedos na coxa do garoto, dedilhando a pele macia e chegando a beirada do curto short que usava.

- Maldito garoto mau. - Oikawa grunhiu e voltou a aproximar seu rosto do alheio, dando-lhe um selinho rápido e virando o rosto, corado.

- "They say... All good boys go to heaven, but bad boys bring heaven to you." - Daishou cantarolou próximo do ouvido de Oikawa, aproveitando a oportunidade que lhe foi dada e usando a voz mais rouca e sedutora que conseguia, o tom sensual tendo surtindo o efeito desejado.

Tooru riu baixinho ao sentir todos os pelos ficarem arrepiados, uma corrente elétrica cruzando todo seu corpo quando se virou novamente para o colega, não se deixando derrubar pelo constrangimento dessa vez. Não esperou mais nem um segundo antes de puxar o rosto alheio, voltando a beijá-lo lentamente, sem querer se afastar.

Aquela seria uma longa e calorosa noite.

Adoides do VôleiOnde histórias criam vida. Descubra agora