Adoides do Vôlei

Extra Três - Nishinoya Yū

Nishinoya conferiu o local e hora mais uma vez, estava ansioso como nunca estivera antes, de uma forma que jamais imaginara ficar por aquela pessoa. Os batimentos cardíacos ecoando nos seus ouvidos, cada vez mais altos, conforme entrava no estabelecimento, se aproximando da mesa mais ao fundo onde Osamu se encontrava sozinho, mexendo distraído no seu celular, mal dava para notar o quanto estava agitado.

- Chegou cedo, falta meia hora pro nosso encontro. - Yuu disse alto, esforçou-se ao máximo para não demonstrar nada além de indiferença e ganhou a atenção do maior que tirou o olhar da tela, sorrindo tímido.

Finalmente, iria dar certo.

- Saí cedo do meu trabalho de meio período e, como estava por essas bandas, resolvi vir logo. E você? Por que já está aqui? - O gêmeo perguntou com um sorriso de lado, arrepiando ao menor que ficou sem jeito, se sentando na cadeira diante do Miya.

- E-eu não queria chegar tarde.

Osamu franziu o lábio, formando uma expressão incerta, duvidosa, no entanto, logo uma risada zombeteira escapou por seus lábios.

- Oh, entendo. Estava ansioso para me ver, não é? - Chegou a conclusão menos provável, intencionado a provocar.

- Não! - Yuu gritou, abaixando o rosto envergonhado por sentir os olhares das pessoas que estavam na outra mesa sobre si. Pareciam julgá-lo por ter levantado a voz e sabia que estava errado, mas ainda assim não conseguiu evitar o constrangimento.

Ouvir a risada, agora escandalosa, de Osamu só piorou a situação, deixando suas bochechas mil vezes mais vermelhas do que já estavam. Se sentia idiota, principalmente porque as palavras do outro não eram uma mentira total. Passou os dias, desde que marcaram aquele encontro, ansioso para que chegasse logo a hora, torcendo para poder encontrá-lo e discutirem de uma vez.

O Miya não fazia ideia das noites em que Nishinoya rolara pela cama, idealizando o que poderia acontecer e não conseguindo cair no sono, os olhos pesavam, mas os batimentos cardíacos estando acelerados tornavam a situação complicada, corava com uma facilidade surpreendendo, principalmente por estar sonhando, desejando inconsciente, experimentar os lábios alheios. Estava enlouquecido por coisas que estavam longe de sua compreensão.

Estava enlouquecido por Osamu Miya e não deixaria que isso lhe derrubasse.

Ao menos, foi o que pensou até pisar ali. A inquietação o possuía completamente e só cresceu no peito do menor quando descansou a mão sobre a mesa, mantendo a pose de indiferente e o outro pôs a mão sobre a sua, apertando com carinho e sem um resquício da timidez que apresentara no começo.

- O que está fazendo, Samu?

- Não sei ao certo. Mas se não gosta... Por que não tira a mão? - Perguntou presunçoso, notando o nervosismo alheio e se divertindo com isso. As bochechas, agora em tom rosado, eram lindas de se observar, Osamu sentia o formigamento engraçado na boca de seu estômago e não daria o braço a torcer, estava perto de descobrir o porquê de ter sido chamado ali, não que precisasse de uma razão para encontrar com Nishinoya, longe disso aliás, mas se sentia curioso, afinal era a primeira vez ao qual não havia sido o mesmo a fazer o convite, fora o outro que tivera iniciativa dessa vez, para sua felicidade e surpresa.

- Não quero... - Negou baixinho e balançou a cabeça, o estômago se revirou por dizer aquilo.

- Então pronto! Não irei me afastar a menos que o peça, sabe que sou um cavalheiro. - Sorriu maroto e Nishinoya tremeu ansioso, ignorando a corrente elétrica que se espalhava pelo seu corpo. - Afinal, por que me chamou aqui?