Capítulo 5 - O segundo encontro

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Tinham passado três dias desde o primeiro encontro e Pedro estava extremamente ansioso por receber o telefonema de Inês. Já por duas vezes tinha conseguido controlar os seus impulsos e não lhe telefonou.

Nunca se tinha sentido tão bem na vida. Se soubesse que o amor era assim, já se teria apaixonado há mais tempo. Era uma sensação indescritível. Ele sentia que o seu coração batia mais depressa quando pensava nela. A mínima coisa fazia-lhe recordar-se dela. Ele sentia uma enorme emoção e um grande prazer apenas em pensar nela. E não era uma coisa sexual. Ele ficaria satisfeito apenas pela oportunidade de lhe tocar na mão ou de cheirar o seu perfume.

E todos no escritório repararam na mudança. Mas somente Carlos e Patrícia sabiam do motivo.

Pedro sabia que ela estava em alturas de exames, pelo que o tempo dela era escasso. Mas porque é que ela não esquecia a faculdade e ia ter com ele? Seria o que ele faria. Mas isso seria muito egoísta da parte dele. Deu-se por si a pensar que era a primeira vez que pensava nos interesses da pessoa com quem estava em detrimento do que ele queria. O que estaria a acontecer com ele? Será que o amor estava a transformá-lo? O pior de tudo, é que ele não se importava de mudar por ela.

De repente o seu telemóvel tocou. Pedro respirou fundo antes de atendê-lo, porque não queria parecer muito nervoso.

- Está sim?

- Olá! Sentiste a minha falta?

- Tu nem sabes quanto. Estive nestes últimos três dias a pensar em ti.

- Por acaso não foste o único homem em quem eu pensei.

- Não me digas? Estás a tentar fazer-me cíumes? Devo avisar-te de que não sou ciumento, pelo que estás a perder o teu tempo.

- Por enquanto. Mas só para descansar-te, eu estive a entreter-me com o Freud e com o Jung. São velhos e bons amigos...

- Realmente são um bocadinho velhos para a tua idade. Mas também se pode dizer isso de mim.

- Tu não és assim "tão" velho.

- Obrigado pelo teu apoio. Estou numa crise de meia idade, pelo que estou agora a entreter-me com míudas mais novas, para dar a impressão que sou mais novo.

- E eu fui estúpida suficiente para cair nos teus braços.

- Pois foste. Mas és a minha estúpida. Mas falando mais a sério, quando é que eu poderei te ver outra vez?

- Estava a pensar hoje à noite. E desta vez sou eu que escolho o local.

- Por mim tudo bem. Apenas quero estar contigo, em qualquer sítio do mundo.

- Tu estás a sair-me um romântico.

- Eu sei. É uma faceta minha que teimou em aparecer.

- Eu conheço um cafézinho muito simpático. É perfeito para conversarmos mais um bocadinho. Eu gostei imenso do que se passou entre nós na outra noite.

- Eu também. Mas queria falar-te daquele beijo que me deste.

- Não gostaste? E eu que pensei que tivesse sido tão bom para ti como foi para mim?

- Não, eu também gostei. Mas queria saber porque é que fizeste aquilo?

- Não consigo explicar-te por telefone. Mas logo à noite eu digo-te o motivo. E se tiveres sorte, tens também direito a uma repetição.

- Não consigo esperar tanto tempo.

- Vais ter de fazer um esforço. Beijinhos.

- Beijinhos.

Quando desligou o telefone, Pedro teve novamente de respirar fundo. O seu coração não parava de saltitar pela emoção de a ver outra vez.

Mas ainda faltavam algumas horas, pelo que teve de voltar novamente ao trabalho.

No final do dia, Pedro preparava-se ansiosamente para sair do trabalho, quando sentiu uma palmada nas costas. Era Carlos, que também tinha terminado o seu dia de trabalho.

- Sabes que a minha mulher hoje foi a um seminário sobre o papel da mulher no século XXI? E os míudos estão com a minha querida sogra. Queres tomar um copo? Já há muito tempo que não fazemos isso...

- Desculpa lá, mas hoje é um péssimo dia. Já tenho planos marcados.

- Agora que és um homem comprometido, já não tens tempo para os teu amigos - brincou Carlos.

- Se fosse na semana passada, tinha aceitado a tua sugestão. Mas hoje tenho mesmo um compromisso a que não posso faltar.

- Estás mesmo a falar a sério. Nunca te tinha visto assim tão entusiasmado com alguém.

- Nunca estive mais sério na minha vida. Até amanhã.

Pedro despediu-se de Carlos e dirigiu-se para o café onde iria finalmente ver a mulher que tinha alterado para sempre a sua vida.

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