Capítulo 21 - Palavras Escondidas...

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Patrícia encontrava-se compenetrada nos seus pensamentos, quando sentiu algo a bater na sua cara. Tinha sido uma daquelas pequenas bolas de esponja com o logótipo da empresa que alguém tinha atirado contra ela. Mesmo sem se virar na direcção do culpado, ela já sabia quem o tinha feito.

Realmente, Pedro nos últimos dias tinha recuperado a alegria que tinha desaparecido nos últimos meses. E tinha novamente disposição para este tipo de brincadeiras com ela. E só poderia existir um motivo para esta mudança de disposição. As coisas deveriam estar a correr melhor com a Inês. Apesar dele não lhe ter dito explicitamente, notava-se que ele tinha novamente voltado a sair com ela. Não, as coisas ainda não estavam como eram antes. Mas seria uma questão de tempo até as coisas mudarem. E ela sabia que ela tinha sido uma das principais responsáveis pela reaproximação dos dois. Ela podia ter ficado calada no jantar de anos de Pedro e não ter dito nada a Inês. Se assim ela o tivesse feito, os dois continuariam afastados. Mas ela já não suportava a tristeza e melancolia na vida de Pedro, e por mais que lhe custasse a ela própria, ela estava disposta a perdê-lo, pois o que ela mais queria era que ele voltasse a ser o Pedro de sempre... Era muito difícil para ela. Foi um sacrifício que nunca ninguém saberia que tinha feito. Quem nunca sofreu, nunca amou. E quem já amou, já sofreu...

Quem nunca fez algo por alguém, sem essa pessoa saber de nada? Era esse o papel que lhe tinha sido reservado na saga de Pedro e Inês. O de uma personagem secundária, a que ninguém ligava muito, mas que teve um papel fulcral no desenrolar da história.

Todos estes pensamentos passaram num segundo na sua cabeça, antes de se virar para Pedro.

- Já vi que estás sem nada para fazer... - disse, fingindo um tom agressivo na sua voz.

- Desculpa, não me consegui conter. Quando te vi aí parada à frente do PC, tinha mesmo de fazer aquilo.

Patrícia sorriu no seu íntimo, pois sentia que Pedro estava feliz. E ainda por cima, essa mudança do estado de espírito tinha provocado uma reaproximação entre os dois, se bem que ele continuasse a vê-la só como uma amiga.

- Folgo em saber isso.

- Vá lá... não é a primeira vez que te faço isto.

- Sim... não é a primeira... E tenho a sensação de que não será a última... Mas o que vieste fazer ao meu humilde gabinete?

- Tens um tempinho para falar?

Patrícia quase congelou ao ouvir essas palavras. Já imaginava o que estaria para vir. Infelizmente, o facto de Pedro ter voltado a recorrer a ela para ser sua confidente, também trazia um reverso da medalha. Um dia, ele iria voltar a falar da sua quase relação com Inês. Ela sabia que era inevitável, mas tinha o secreto desejo que fosse o mais tarde possível. Se ele soubesse o transtorno que lhe estava a causar, ele talvez não lhe diria nada. Mas não sabia, porque ela própria não queria que ele soubesse.

- Claro. Desde que não atires outra vez uma bola contra mim.

- Vou tentar conter-me.

- Fica combinado. Então, que novidades tens para me contar?

- Queria pedir-te um conselho.- Patrícia sabia que o momento que tanto receava estava prestes a chegar.

- Já sabes que podes confiar em mim. Diz-me lá.

A cara de Pedro ficou mais séria. Os seus olhos demonstravam que tinha algum receio em fazer-lhe a pergunta. Após ter dado um ligeiro suspiro, disparou:

- Não sei se te tinha dito, mas no fim de semana passado, estive com a Inês...

Mesmo estando à espera desta situação, Patrícia sentiu um calafrio quando ela se concretizou.

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