Capítulo 10 - A primeira discussão

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Pedro tinha regressado ao escritório após o almoço. Estava satisfeito por finalmente ter tido a oportunidade de falar com Patrícia. Ele já estava a sentir-se culpado por ter escondido durante tanto tempo a sua vida amorosa a uma das suas melhores amigas. Ele prezava os conselhos dela mais do que os de ninguém, pois não existia ninguém em cujos conselhos confiasse mais. E ela achava que ele devia dizer a Inês o que sentia.

Ele tinha estado a pensar constantemente nisso nos últimos tempos, e estava bastante indeciso, mas Patrícia tinha-o completamente convencido a dizer a Inês que a amava. Ele sabia que era um risco pois não tinha a certeza de que ela sentisse a mesma coisa por ele. Mas sentia que tinha de lhe dizer que a amava de verdade, como nunca tinha amado ninguém. Na verdade, ele já tinha dito a várias raparigas que as amava, mas sentiu que esta era a primeira vez em que estava a ser sincero, do fundo do seu coração.

Por isso, o seu coração batia de forma acelerada. Ele não parava de pensar na reacção dela quando ele lhe dissesse, pois desejava no seu íntimo, que ela sentisse o mesmo. Mas tinha tomado a decisão, e não existia nada que o fosse demover.

E hoje iria ser o dia em que lhe iria contar. Ligou a Inês para combinarem jantar juntos nessa noite. Mas algo parecia diferente. A forma como ela lhe tinha falado tinha sido um bocado esquisita. Ele sentia que algo estava errado, mas não sabia o quê. Talvez tivesse sido o exame que lhe tivesse corrido mal, ou outra coisa qualquer. Mas ele sabia que ela estava distante.

Quando desligou, Pedro começou a duvidar novamente se seria boa ideia dizer a Inês que a amava. Era um passo importante, e o facto dele não ter reconhecido naquela pessoa com quem tinha falado ao telefone a rapariga que tanto amava, mostrou-lhe que afinal não a conhecia tão bem. Seria ainda cedo demais, e estaria a precipitar-se? A indecisão começou a pairar na sua mente, mas decidiu que tinha de lhe dizer o que sentia.

- Então, quando é que lhe vais dizer-lhe? - disse Patrícia, ao mesmo tempo que lhe tocava suavemente no ombro. - Já decidiste?

- Ah? Ainda não sei. Talvez hoje à noite? - respondeu Pedro, visivelmente apanhado de surpresa pela frontalidade da sua amiga.

- Só hoje à noite? Não achas que lhe devias dizer-lhe agora?

- Agora? Não sei se é daquelas coisas que lhe devia dizer ao telefone, sabes?

- Mas do que é que estás a falar? Ele está ali, na sala dele, à espera de que digas alguma coisa sobre a campanha. É só levantares o teu rabo dessa cadeira, andar dez metros e entrar no gabinete dele.

- Desculpa. Pensei que estavas a falar de outra coisa. - Vou já ter com ele.

- Não me digas. Estavas a pensar naquela pessoa de quem falamos no almoço.

- Tu já me conheces. Achas que eu estaria a pensar em assuntos pessoais no meu horário de trabalho?

- Queres mesmo que te responda a isso?

- Não, é melhor não...

- Sempre vais dizer-lhe, não vais? - perguntou-lhe, pois ainda tinha a pequena esperança de que ele não seguisse o conselho que ela lhe tinha dado e mudasse de ideias. Talvez ele lhe dissesse que afinal já não amava aquela rapariga.

- Hoje à noite... Nem sei como lhe vou dizer...

- Sinceramente, acho que não deves planear nada. Sê tu próprio, e acho que as coisas irão sair-te naturalmente. Tu és das melhores pessoas a improvisar sobre pressão, como tantas vezes demonstraste aqui.

- Mas isto é diferente. Eu não quero que nada corra mal.

- Eu sei. Mas tenho a certeza de que tudo vai correr pelo melhor.- disse Patrícia, ao mesmo tempo que era chamada pelo chefe com alguma urgência.

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