Capítulo 7 - A Amiga...

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Após fechar a porta da sua casa, Inês suspirou. Já há algum tempo que não se sentia assim. O seu coração não parava de bater rapidamente com a emoção do encontro que tinha tido naquela noite. Desde o beijo de despedida, que ela não conseguia deixar de pensar nele. Ela não sabia como é que ele tinha conquistado o coração dela em tão pouco tempo.

Não há muito tempo, ela tinha jurado que nunca iria deixar que outra pessoa chegasse tão próxima dela e a magoasse novamente. Mas Pedro tinha conseguido aos poucos convencê-la de que ele era diferente dos homens com que ela tinha estado no passado.

Ela começou a recear que se ele soubesse o passado dela, os sentimentos dele iriam mudar. Por um momento passou-lhe pela cabeça a ideia de que se ele gostasse mesmo dela, o seu passado não iria importar. Mas depressa voltou à realidade e decidiu que por mais que lhe custasse esconder algo dele, caso o não fizesse, ele iria deixá-la num piscar de olhos mesmo antes da relação começar.

Era um pequeno preço a pagar pela sua felicidade. E tomou a decisão de lhe contar tudo, quando estivessem juntos há mais tempo e isso já não iria causar qualquer problema entre os dois. Mas até esse momento, iria fazer tudo para que ele nunca soubesse nada. E isso incluía esconder coisas dele.

Inês cedo tinha aprendido que a vida não era um mar de rosas. Apesar da sua tenra idade, já tinha passado por muitas coisas que possivelmente pessoas já muito mais velhas nunca iriam passar. Ela tinha muita vergonha do que tinha feito e quanto menos pessoas soubessem, melhor seria para ela.

Logo após ter tomado essa decisão, Inês começou novamente a pensar em Pedro. Era algo que não conseguia parar de fazer, mesmo se quisesse. E ela não o queria, pois sentia-se invadida por uma sensação tão estranha, que só poderia ser o amor. E tinha que partilhar o que sentia com alguém. E esse alguém, apenas podia ser a Rita.

A Rita era a sua melhor amiga. Tinha-a conhecido na secundária há cerca de seis anos. Ainda se lembrava do dia em que a tinha encontrado. Desde sempre que Inês tinha sido uma rapariga muito sociável e que era sempre a alma do grupo dela. Ela foi sempre o centro das atenções, não só por causa da sua beleza latente mas também por causa da sua personalidade. Por seu turno, a Rita era uma rapariga que primava pela descrição e parecia deslocada no meio da turma. Ela era uma rapariga nova na escola que tinha sido transferida de uma escola em Aveiro, donde se tinha mudado com os pais e a irmã para Lisboa. E por esse motivo, não conhecia ninguém na escola, e não parecia integrar-se no resto da turma ao fim de duas semanas de aulas. Ocasionalmente, alguém metia conversa com ela, mas ela parecia não querer criar laços com ninguém.

Inês lembrou-se da primeira impressão que tinha tido dela. Era uma rapariga muito tímida, que se vestia muito discretamente e que procurava não dar muito nas vistas, apesar dos seus enormes cabelos louros. Era uma rapariga que qualquer rapaz consideraria engraçada, mas nada mais do que isso. A ideia com que tinha ficado das primeiras semanas de Rita na escola, era de que ela era uma rapariga muito mimada pelos pais e que se achava superior às outras pessoas da escola. Tinham corrido rumores de que ela vinha de uma família com algumas posses e que tinha vindo de um colégio privado com elevada reputação e distinção. E o facto de não se querer integrar com o resto da turma apenas reforçava essa ideia.

Por seu turno, Inês era a rapariga mais popular do ano dela. No último ano, o seu corpo tinha-se desenvolvido muito rapidamente e tinha-se tornado o olhar de todos os rapazes da turma dela, incluindo os comprometidos. E tinha-se tornado a inveja de todas as raparigas, que se sentiam incomodadas pela enorme atenção que todos os rapazes dedicavam a ela. Mas mesmo assim, ela andava sempre rodeada do seu grupo de amigas que a acompanhavam desde a preparatória. E nunca pensaria em incluir Rita nesse grupinho.

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