Quando a floresta já sussurrava coisas que nem mesmo Sasuke podia entender por causa da natureza das palavras antigas, os dois chegaram num morro descampado, cujo cume era uma formação rochosa que lembrava a espinha dorsal de um dragão, que Naruto vira em muitos desenhos de tapeçarias.
Sasuke olhou em volta, usando sua visão superior para saber se os dois foram seguidos. Ao constatar que não, foi até um velho tronco e o ergueu com um braço só, revelando uma parede nua. A lua, ainda brilhante, iluminou aquela parte e revelou uma porta mágica anã, que Naruto não esperava existir. Sasuke sussurrou as palavras que fizeram-na abrir e fez sinal para o guerreiro baixinho entrasse ali.
Assim que o viu passar por baixo de seu braço, Sasuke também atravessou, deixando as portas se fecharem atrás de si sob o som da queda do tronco. Vagaram no escuro por alguns minutos, em descida, até que o elfo acendeu uma tocha em sua mão para em seguida iluminar o ambiente ao passar aquela chama para os candeeiros. Era como uma velha mina anã, Naruto observou enquanto descia segurando seu candeeiro, cujas paredes ainda cintilavam por causa dos metais preciosos deixados para trás. Para onde quer que olhasse, havia alguma coisa que denunciasse a presença de outrora da “Raça Nanica”.
Depois de muito andarem por corredores e por escadarias, chegaram a um vasto salão, como uma câmara muito alta cheia de retângulos cravados na parede. Lembrava a Naruto a estrutura de uma biblioteca lapidada na pedra bruta, porém o trabalho de acabamento era muito mais elaborado do que deveria ser para uma simples “sala de arquivo”. Algumas dos retângulos estavam abertos, outros foram quebrados e ficaram maiores ao se unirem aos dos lados, mas a maioria continuava selada.
-É o cofre do rei anão. - Sasuke sussurrou quando ouviu Naruto bater a ponta de seu machado contra alguns dos compartimentos selados por magia Khazad. - Como este era um reino pequeno, de certa forma, o cofre não é tão grande quanto deveria.
-Entendi. Este deve ser o reino perdido de um dos Grandes Pais. - comentou ao deixar de lado os compartimentos e se aproximar de Sasuke, que agora despia-se de suas armas. Naruto fez o mesmo. - Então… - pigarreou ao se sentar.
-Descanse por aqui até o sol nascer. Tem comida e bebida, caso esteja com fome. - indicou grandes cestos e grandes tonéis num canto. - Ninguém desce tão fundo, então não será importunado, apesar de haver Orcs vagando pelos túneis superiores. Vou lhe preparar uma cama.
Assim, cada um foi para um lado daquele salão. Enquanto Naruto verificava o alimento disponível, era observado pelo elfo de aparência sombria. Como um pedaço de tronco, aquele anão era igual a todos os outros: com talvez um metro e quarenta de altura, braços e pernas fortes e proporcionais ao corpo curto, nariz e cabeça grandes e porte robusto. Porém, a falta da barba lhe fazia ter o rosto mais jovem do que devia ser e menos “feio” em sua concepção pessoal. Isso o permitiu afirmar que o rosto limpo de pelos dava destaque aos olhos enormes e azuis, brilhantes como o céu de um dia ensolarado.
Sasuke meneou a cabeça negativamente para afastar aquele pensamento estranho. Um anão bonito? Inconcebível. Apesar de querer desviar seus olhos para o ato de cobrir a estrutura de pedra com as peles macias que mantinha guardadas desde a época que encontrou aquele lugar, Sasuke não conseguia parar de vigiá-lo, cada movimento e cada passo dado. Não era a curiosidade que o incitava, mas uma estranha expectativa de algo diferente fosse acontecer.
Era a ligação. Aquela conexão estranha entre os dois obrigava Sasuke a desejar por algo que não sabia se aquele pequeno ser podia lhe dar. Algo que há anos não sentia arder em seu peito e nem gostaria que continuasse assim, mas estava além de seu querer. Seus passos leves e suaves se aproximaram devagar, por trás daquele corpo entroncado enquanto o assistia se desfazer da armadura precária, e quando deu por si, sua mão tocou o ombro. Naruto se sobressaltou e se virou rápido para trás, conectando seu olhar com o negro, ainda que dourado, do elfo.
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Lágrima do Universo
Fanfiction"Uma brisa suave passou pelos dois, fazendo folhas caídas e pétalas de flores soltas dançarem ao redor de seus corpos paralisados naquele instante sublime. Com ela, tal qual uma antiga canção há muito esquecida, sussurrada pelas gotas dos orvalhos q...