Capítulo 3

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Dia 20, o dia que realmente tudo começou. Era meu aniversario de 17 anos e bem, eu estava muito nervoso, afinal esse era o meu primeiro encontro com Bruno após algumas semanas. Em casa eu falei que iria sair para comemorar meu aniversário com Izabela e Lia, pois Izabela iria embora no dia 21 e seria uma forma de se despedir. Minha mãe acreditou e me deu dinheiro suficiente para assistir qualquer filme, lanchar alguma coisa depois e quem sabe comprar alguma camisa de presente para mim. Eu nunca gostei de mentir, mas infelizmente aquela era a única forma, pelo menos por algum tempo, visto que eu não pretendia esconder minha sexualidade por muito tempo. Mas sempre me via na cabeça o tipo de coisas que poderiam fazer comigo, principalmente o meu pai.

Pois bem, desci do quinto andar do meu condomínio, atravessei a rua e fiquei na parada de ônibus esperando algum que pudesse me levar para Botafogo. Fui me comunicando com Bruno por mensagens no WhatsApp, informando por onde eu estava e simultaneamente, fazia isso com Andrea também. Bruno perguntou onde eu morava, porque dependendo de onde fosse, poderia demorar muito. Falei a ele que morava no Recreio, no Residencial Portal das Américas e que eu já estava dentro do ônibus Jardim Oceânico.

Ele disse que desse jeito eu iria demorar muito, disse pra eu descer no Terminal Jardim Oceânico que ele passaria de carro lá e iria me buscar. No momento que eu vi isso, o medo e o nervosismo tomaram conta do meu ser (mais medo que nervosismo, pra ser sincero), mas mesmo assim fiz. Demorou cerca de quarenta minutos pra eu chegar no Terminal saindo do Recreio, mas assim que cheguei, eu o avisei e cerca de cinco minutos depois ele disse que havia chegado, pediu para eu procurar por um Toyota Corolla prata, pois ele estaria dentro.

Esse foi um dos momentos mais tensos, meu coração faltava sair pela boca e eu só conseguia pensar que ele iria me levar para algum terreno baldio e desovaria meu corpo. Mandei mensagem para Andrea avisando-a que estava prestes a entrar no carro de um desconhecido e que se qualquer coisa acontecesse comigo, ela saberia quem foi. Sim, eu estava realmente muito nervoso, mas no final das contas não aconteceu nada. Eu entrei no carro, ele me cumprimentou e então pude perceber que ele usava aparelho ortodôntico, tinha o cabelo baixinho, um olhar amigável e apesar de quase nunca sorrir, ele abriu um largo sorriso quando notou que eu estava com as mãos frias. Naquele 20 de janeiro de 2016, Bruno estava usando bermuda branca, uma camiseta preta e um par de Crocs. Já eu, estava com minha calça skinny preta favorita, uma camiseta cinza-escuro em gola "V" e um sapatênis preto. Aproveitei para tirar uma foto com ele e mandei-a para Andrea, lembro que ela deu uma surtada. Chegamos no shopping e fomos até o Cinemark para escolher um filme, e bem, sendo sincero, eu não tinha ideia do que escolher.

Na fila, eu olhei um comprovante de matrícula na mão dele e eu estava com a minha carteirinha de estudante da UNE, que me dava direito a meia-entrada. Pedi para ver o papel e ele me entregou. Observei então que ele estudava direito na Faculdade Estácio de Sá, em Copacabana e começamos a conversar sobre isso até que chegasse a nossa vez. Acabamos escolhendo um filme aleatório para assistir chamado "Vai que dá Certo", no caminho até a sala, ele perguntou onde eu estudava. Falei que iria começar esse ano no Colégio Pedro II, no campus II do Humaitá. Ele disse que sua avó já havia estudado lá e então, entramos na sala.

Calmamente, procuramos nossos assentos e após achar, nos sentamos. Houve um breve período de silencio e então começaram os trailers. Minha mão estava em cima do apoio da cadeira e logo senti a mão de Bruno sob a minha, então viro meu rosto e logo ele me puxa para um beijo, e que beijo meus caros. Foi como se os lábios dele se encaixassem perfeitamente nos meus e as borboletas que estavam no meu estomago batiam as asas cada vez mais forte. Foi um beijo doce e calmo, mas ao mesmo tempo era algo voraz, como se ele tivesse necessidade daquilo. Terminamos o beijo com dois selinhos e prestamos um pouco de atenção no filme que já havia começado.

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