Capítulo 4

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Chegou fevereiro e eu sempre falava de Bruno para minhas amigas do Pedro II, até que um dia Cristine me perguntou:

- "Por que vocês dois não estão namorando mesmo? Ele vem te buscar todo dia, tu não ficas com mais ninguém além dele e pelo que parece, ele também não tá ficando com mais ninguém. Na minha opinião, vocês dois deveriam oficializar logo isso"

Eu fiquei realmente pensativo durante o intervalo aquele dia após a fala de Cristine. Pensei também no motivo de ele ainda não ter me pedido em namoro... Foi então que cheguei a conclusão de que se ele não me pedia, quem iria pedir seria eu. Contei o meu plano para minhas amigas e elas adoraram, e assim fiz.

Na noite do dia 04 de fevereiro, eu resolvi fazer um vídeo no Flipagram dizendo como eu me sentia, sobre a forma como ele me fazia bem e a trilha escolhida foi "Amor I Love You", da Marisa Monte. Além disso, elaborei toda uma surpresa que seria executada no dia seguinte, uma sexta-feira de carnaval.

Assim que terminei tudo, mandei mensagem a ele dizendo que teria uma surpresa para ele. Como não teria aula na sexta, queria mostrar-lhe algo. Bruno ficou tão nervoso que me ligou. Perguntou o que era e eu continuei firme, disse que era uma surpresa, que se ele quisesse descobrir, que fosse comigo para que eu lhe mostrasse. Ele ainda insistiu durante um bom tempo, mas por fim, desistiu. Naquela noite, entre nossas conversas eu descobri que ele fazia aniversário no dia 15 de outubro, que sua mãe era pedagoga e seu pai era político, vereador, se não me engano. Me contou que sua irmã fazia Arquitetura na PUC – RJ, que ele tinha um cachorro e que a avó dele ainda morava com a família dele. Contei a ele um pouco de minha vida também. Falei que meus pais eram divorciados, que morava com minha mãe e meu irmão, contei que eu era o mais velho, que meu irmão tinha o mesmo nome que meu pai, contei que eu queria fazer jornalismo ou letras, da vontade que eu tinha em passar para a UFRJ ou para a PUC, falei que meu pai morava em Ipanema e que tinha outra família, que minha madrasta foi amante dele e que eles tinham um filho. Contei sobre meus cortes, sobre coisas que me causavam dor... Resolvi naquela noite despir minha alma a ele, sentia que devia isso antes de querer entrar em um relacionamento com ele.

Não demorou muito tempo e ele me ligou. Passamos horas conversando e ele parecia querer compreender a dor que eu sentia, ele pareceu realmente se importar com aquilo tudo, pareceu se importar comigo. Demoramos alguns instantes e desligamos. Eu já estava um pouco sonolento e então resolvi dormir.

Durante a manhã, ele me falou que não poderia demorar muito de tarde pois a empregada da família dele pediu para sair mais cedo e ele não poderia deixar a avó sozinha, então teria que voltar antes do horário que a empregada iria embora. Disse que estava tudo bem e fui seguindo com o plano.

Pela tarde, mandei uma mensagem pedindo que ele me buscasse onde ele sempre me deixava na Barra, pois eu o levaria para dar um rolê. Naquele dia em específico eu estava vestido com uma polo verde-água, uma calça jeans skinny azul e um mocassim de couro marrom que eu havia ganhado de aniversário. Após algum tempo ele chegou e assim que eu entrei disse a ele para seguir para Ipanema. Lembro que ele soltou uma risada e perguntou:

- "Vai me apresentar ao teu pai hoje?"

Eu sorri e disse que não. Ele então seguiu pra Ipanema e enquanto passávamos pela orla, disse para ele parar no Arpoador, lá começaria a surpresa.

Chegamos e ele desligou o carro. Antes dele descer, entreguei-lhe meu celular e mostrei o vídeo que eu havia feito. Enquanto ele assistia, notava em seu rosto a expressão de surpreso, um pouco emocionado talvez... Foi naquele momento que eu percebi que ele realmente não tinha ideia do que iria acontecer.

Quando o vídeo acabou e ele desceu, eu também desci. O carro foi travado e então descemos para a faixa de areia. Pedi que ele virasse de costas para mim e que fechasse os olhos, então ele soltou:

Apenas Mais um Garoto no MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora