REVELAÇÕES II

306 32 30
                                    

Cyhan o que está acontecendo? - perguntou enquanto procurava por algum sapato.
— Quando nos encontramos eu te explicarei tudo, só venha rápido! - O ser azul ordenou e ela como sempre, obedeceu. Foi até a porta, antes de sair se certificou de que não havia ninguém por ali e quando saiu do quarto, correu como se sua vida dependesse disso. E talvez dependia.

— Vire à esquerda. - Cyhan indicou. — Agora à direita. -Continuou correndo. — Muito bem, à direita novamente e quando chegar em um corredor que se divide em dois, vá pelo da esquerda, estarei te esperando na porta. - On seguiu as instruções. Quando chegou no corredor que se dividia, correu ainda mais rápido e ao avistar Cyhan parado na porta do que parecia ser um quarto, vestido somente com uma espécie de cueca boxer, seu coração acelerou ainda mais. — Entre!

Uma vez dentro do lugar, a porta se fechou sozinha e o ambiente adquiriu uma iluminação tênue.
On foi levada até uma cama enorme e sem esperar por um convite, se sentou na ponta. Cyhan permaneceu em pé. A observava como se estivesse procurando uma maneira de começar a falar. E na verdade ele estava. Pela primeira vez, Cyhan se sentia confuso, não sabia porque estava fazendo aquilo, se fosse com qualquer outro ser, ele nem se importaria, mas com On era diferente, era como se ela fosse... Especial.

— Onara... -começou. — Esse Orbe, ele é muito importante. Ele foi criado para restaurar o equilíbrio no universo, o nosso planeta foi quem o criou há milhares de anos atrás. Para se certificar de que não qualquer um pudesse ter acesso a ele, os criadores implementaram uma espécie de código, que somente poderia ser descifrado por aqueles que tinham um gene especial, adquirido no momento em que nasciam. Um dia, um dos que tinham esse gene, usou o Orbe para o mal e nosso planeta inteiro foi destruído, nos obrigando a viver peregrinando pelo universo e o protegendo de outra devastação. A mais ou menos quinze anos atrás, o antigo líder da Ordem Interplanetária desconfiava que o próximo que descifraria o Orbe, não era bom o suficiente, e poderia nos colocar em  risco novamente. Foi então que ele teve a ideia de levà-lo até um lugar que nenhum ser desconfiaria.

— A Terra...

— Isso mesmo. Ele levou o Orbe até o seu planeta e o entregou a um terráqueo para que o escondesse e o cuidasse. Dizem que havia uma pessoa na Terra que também era capaz de descifrar o Orbe, mas que naquele momento, ela não representava perigo, então o deixaram lá com Kayak Serimour.

— Papai... Eu... Eu estou lembrando... Aquilo não foi um sonho então...
— Não foi, Onara e por isso eu te acordei. Todos nessa nave têm acesso à sua cabeça, o que quer dizer que já descobriram o poder que você tem. Somente eu sabia que você poderia descifrar o Orbe, por isso esperei até que chegasse para lhe contar.
— Mas lá no quarto, quando me disse tudo aquilo, como não souberam naquele mesmo instante?
— Porquê eu estava bloqueando os seus pensamentos, somente eu podia me comunicar com você e continuei bloqueando por mais algumas horas, mas quando você dormiu, nossa conexão foi interrompida.

— Aqui eles também estão bloqueados?

— Sim.

— Por que está me ajudando Cyhan? - perguntou desconfiada, era difícil acreditar nele.
— Eu me fiz essa mesma pergunta uma e outra vez, On. - Respondeu sincero.
— O que o Orbe faz? - A curiosidade de repente cresceu dentro dela. Aquilo era surreal demais para assimilar.
— Ele pode criar ou destruir. Uma vez descifrado, o Orbe forma parte de você, ele absorve a sua essência e se você tem bondade no seu coração, ele fará o bem, mas se tem maldade...

— Ele causará destruição e o caos. - Completou, lembrando de mais fragmentos da conversa que teve com o pai. Cyhan a observou com um brilho diferente no olhar. Onara não pode desviar do seu escrutínio. Os olhos azuis eram tão intensos quanto assustadores. — Mas eu não sou má! Nunca causaria dano a ninguém... - Assinalou o óbvio.

— Eu sei disso, mas o resto não pensa assim. Eles farão de tudo para eliminar a ameaça.
— Então por que não o eliminam também?! -Gritou alterada. Aquilo estava indo longe de mais. — E por que somente agora resolveram ir atrás dessa porcaria? Por que esperar tanto?
— Eu sou o líder da Ordem, On. Não podem me ferir. E quando o seu pai, bem... Antes de partir, ele sem querer ativou um sinal que indicava que o Orbe estava no Planeta Terra, o que fez com que o lugar já não fosse seguro. Agora precisamos levá-lo a outro lugar, aonde ninguém possa encontrá-lo.

— Você vai me deixar aqui sozinha? - Um arrepio subiu pelo corpo da garota. Ela nunca havia sentido tanto medo quanto agora.
— Claro que não, se eu a deixar aqui, não a encontrarei quando voltar. Você vai comigo. - declarou e On experimentou uma sensação de alívio,  de saber que pelo menos alguém, nem que fosse um ser desconhecido e azul, se preocupava por ela. — Precisamos partir o mais rápido possível, há um planeta que quase ninguém conhece e que pode servir de esconderijo para o Orbe, não estamos muito longe.

On apenas balançou a cabeça concordando. Ela não podia fazer nada além de aceitar o que Cyhan propusesse.

— Aqui está sua mochila, coloque algumas dessas roupas, elas se adaptam ao seu corpo. A temperatura na minha nave e no planeta que iremos é muito diferente da Terra. Quando sentir frio ou calor, a roupa ajustará a temperatura do seu corpo. - Cyhan estendeu uma espécie de macacão preto e On segurou a peça nas mãos. Era incrivelmente leve, parecia feito de papel. Ela procurou algum lugar onde pudesse se trocar, mas havia apenas uma porta no quarto e era a de saída.

— Vire de costas Cyhan, não vou ficar sem roupa na sua frente. - disse séria e o ser a olhou com uma sobrancelha levantada, mas mesmo assim atendeu ao seu pedido.
Tirou rapidamente a roupa que haviam lhe colocado e começou a vestir o macacão pelos pés. Como Cyhan havia dito, a peça se ajustava ao seu corpo e regulava sua temperatura. Ela gostou daquilo.
Estava quase acabando de passar a roupa pela cintura.

— Se já terminou, precisamos ir...- Começou Cyhan se virando sem perguntar e ficou petrificado com a visão que teve. On estava com a roupa até a cintura e a metade do corpo estava nua. Era uma obra prima de se observar.
— CYHAN! Eu disse que lhe avisaria quando terminasse! - A garota gritou, cobrindo os seios com os braços.
— Não disse não...- Cyhan engoliu seco, se aproximando dela, como se um magnetismo os atraísse. — Eu... Você é...linda. - Afastou seus braços lentamente da frente do corpo e a  observou atentamente. Porque ela havia adquirido um tom avermelhado na pele? — Por que está vermelha? - Perguntou passando a mão no seu rosto.

— Quando estamos com vergonha, ficamos vermelhos, Cyhan. -Sussurrou colocando suas mãos no peitoral musculoso.
— E por que está com vergonha? - Cyhan sabia o significado daquela palavra, aprendera muitas coisas enquanto estava na cabeça de Onara.
— Porque... Você sabe, ninguém nunca me viu... Nua.

— Oh... É uma pena, porque como disse, você é linda. - Cyhan se aproximava cada vez mais da garota. Ele precisava tentar aquilo. Precisava saber qual era a sensação. — Não se mexa Onara. - disse no seu ouvido, arrancando arrepios da garota.
— O que vai fazer?
— Quero provar uma coisa... Fique quieta. - Passou a mão na sua bochecha, experimentando aquela deliciosa sensação novamente. Continuou tocando, explorando e conhecendo. Passou os dedos pelo seu lábio rosado e On abriu levemente a boca. Assim como ele, ela estava ofegante.
Cyhan deslizou sua mão até a nuca da garota e em um movimento ansioso, a puxou para si, colando os seus lábios nos dela.

ABDUCTI [ON]Onde histórias criam vida. Descubra agora