FUJA ENQUANTO HÁ TEMPO

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O beijo começou sereno, um aprendizado para ambos. Quando cada um já sabia o movimento correto, um fogo cresceu dentro dos dois e o que era para ser um teste, se tornou um movimento frenético de bocas e línguas. Onara havia beijado algumas vezes no decorrer da sua vida, mas aquilo era... Transcendental. Ela experimentava sensações desconhecidas e uma explosão se formava no seu interior.

— Cyhan...-Gemeu quando se separaram em busca de ar. On precisava de mais, mas não sabia o que queria.
— Onara... Eu gostaria de dizer que sinto muito pelo atrevimento, mas estaria mentindo. - Encostou sua testa na dela. — Precisamos ir... - sussurrou deixando um último beijo na sua boca e depois a ajudou a terminar de se vestir. Por onde sua mão roçava, On sentia sua pele queimar.

— CYHAN ASTERUS E ONARA SERIMOUR, DEIXEM A HABITAÇÃO IMEDIATAMENTE. - Uma voz autoritária se escutou pelo corredor pegando os dois de surpresa.
— Eles podiam ler a minha mente? - Indagou Onara assustada. Nesse momento, coisas impróprias passavam pela sua cabeça.

— Não, minha habitação é bloqueada, vamos! - Pegou a mochila e puxou a garota pela mão. — Alguém deve tê-la visto quando corria pelos corredores...   - Continuou pegando uma arma muito parecida com a que Onara havia visto na casa do pai. — Minha nave está perto daqui, eu vou ter que entrar na sua cabeça para aumentar a sua velocidade, On. - disse e ela balançou a cabeça começando a correr.

Onara soltou um grito quando passaram pela porta. Havia uma centena de soldados muito parecidos a Cyhan os esperando, mas o que mais a impressionou, foi a habilidade dele.
O ser azul lutava como se fizesse aquilo sua vida inteira. Em questão de segundos a metade dos soldados estava no chão. Cyhan os eliminava com destreza e rapidez, e o mais interessante é que ele parecia gostar daquilo, pois um sorriso brotava no seu rosto cada vez que um soldado caia desmaiado.
— Vamos, corra antes que cheguem mais soldados. - Ordenou ofegante e On começou a correr junto com ele. Em um momento ela sentiu que suas pernas tinham mais potência e podia correr com uma velocidade insana.

— Você já está na minha cabeça? - Perguntou em pensamento.
— Sim, querida, e posso dizer que estou gostando muito de saber que me deseja tanto quanto eu a desejo. - A garota quase erra um passo. A essa altura era praticamente impossível esconder qualquer coisa dele, mas isso não queria dizer que ela não sentiria vergonha.
Cyhan riu quando viu sua expressão e em um ato aloucado, se aproximou e a pegou pela cintura sussurrando no seu ouvido.
— Quando estivermos longe daqui, quero provar todas as coisas que estão passando nessa sua cabeça, e saiba que nossos corpos são totalmente... Compatíveis.

Se Cyhan não a tivesse segurado, Onara provavelmente teria se espatifado no chão.
A risada rouca do companheiro, acendeu ainda mais o fogo que se alastrava pelo seu corpo.
Sem dizer nenhuma palavra e morrendo de vergonha, On apenas se concentrou em acompanhar o ser por onde ele indicava.

Depois de correr por mais alguns minutos, finalmente Cyhan parou diante do que parecia ser uma nave espacial. Era completamente branca. Não era muito grande, porém tampouco tão pequena.
— Entre. - Ele apertou um botão e uma porta se abriu revelando uma escada irregular para que subissem.
Quando ambos entraram, On não conseguiu esconder a surpresa. A nave era idêntica a aquelas que havia visto nos filmes com o pai. Cheia de botões com letras estranhas, várias telas com comandos e algo parecido a radares e duas poltronas brancas mais parecidas com um ovo bem na frente de um vidro completamente transparente. Ela podia ver dali a quantidade de soldados se aproximando, o que fez com que o medo se apoderasse dela novamente.
— Fique calma, não deixarei que nada lhe aconteça. - Cyhan prometeu já se colocando em uma das poltronas e dando partida no seu mais novo meio de transporte.

— Cyhan, está seguro de que nos trairá por uma terráquea insignificante? - A mesma voz de antes soou nos alto falantes da nave.
— Capitão Azur, posso lhe garantir que não estou cometendo nenhum ato de traição, levarei a terráquea para o planeta Ésfer para que viva o resto da sua vida em exilamento.

Oh não! Ela havia sido enganada? Tudo aquilo não passou de uma armação de Cyhan? Como ela pôde confiar nele, quando ele mesmo disse que não deveria fazê-lo!

Onara me escute, não te deixarei em exílio, apenas estou distraindo o capitão. - A voz na sua cabeça tentava convencê-la.
Você vai me deixar, eu posso sentir. - Choramingou em pensamento.
Eu jamais a deixarei On, é uma promessa! - Rosnou impaciente. Eles precisavam sair dali o mais rápido possível.

— Cyhan, por que eu não acredito em nada do que diz? - disse o capitão os arrancando da sua bolha. — Você tem dez segundos para descer da nave e nos entregar a terráquea. 

Quando disse aquilo, imediatamente os soldados apontaram suas armas para a nave, arrancando um suspiro engasgado da garota. Era isso, ela iria morrer ali mesmo.

— Você não vai morrer Onara, se segura! - gritou Cyhan e o que aconteceu depois foi uma completa confusão.

Os disparos dos soldados atingiam a nave fazendo com se desestabilizasse, mas Cyhan conseguira manter o controle e acelerar o máximo, avançando em uma velocidade insana e atropelando vários no caminho.

— Vamos ter que ultrapassar a parede da nave mãe, se segure firme querida.

Onara apenas teve tempo de assimilar o que ele disse, quando atravessaram a parede da enorme nave que os albergava. Seus olhos se arregalaram ao ver a imensidão do espaço bem ali na sua frente. Era lindo...
Em um movimento impensado, segurou a mão de Cyhan e uma lágrima escapou pelos seus olhos ao constatar que tudo o que o pai dissera, era verdade.

— Não chore Onara, vai ficar tudo bem. - Sentiu seus dedos no seu rosto, limpando sua lágrima solitária. Ele parecia preocupado.
— Tudo bem, só estou... Impactada. É perfeito.
— Eu sei...você é perfeita. - Beijou sua boca delicadamente.

— Você vai se arrepender disso Cyhan. - A voz interrompeu o momento íntimo arrancando um rosnado de ambos.
— Pois não me sinto assim, capitão. - Respondeu Cyhan apertando um botão silenciando aquela voz maldita e acelerando em uma velocidade incrível, dando início à sua viagem pelo vasto universo, em busca de um lugar seguro.

— Você vai ficar segura Onara, vou te proteger, mesmo se minha vida depender disso. - Para selar a promessa, recebeu outro beijo cheio de significados, deixando claro que o universo queria que se encontrassem.

ABDUCTI [ON]Onde histórias criam vida. Descubra agora