Capítulo 3 - Primeiro dia

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Acordo no importante dia seguinte. É o meu primeiro dia de aula na nova escola. Levanto da cama sem ter ideia alguma do que me espera.

Chego na cozinha para tomar o café da manhã preparado por minha mãe. Ela me avisa que estou atrasado e que devo ser rápido, pois minha aula começa às 07. Eu termino o mais rápido possível e nós vamos direto ao carro.

Ela me dá um abraço apertado, ambos nos desejamos boa sorte para nossos respectivos primeiros dias na escola e no trabalho. Eu desço do carro.

Tenho um sentimento estranho e agridoce que geralmente sinto em momentos como esse. Momentos de incerteza e preocupação. Eu não faço a mínima ideia do que vai acontecer quando eu abrir aquela maldita porta.

Eu abro...
E percebo que estou atrasado pois o corredor está completamente vazio.

Me sinto ao mesmo tempo aliviado por essa ainda não ter sido "a porta" e amedrontado pelo sentimento estranho ainda não ter passado.

Eu vou até a sala que me foi designada, e bato a porta como uma forma de pedir permissão pra entrar. O professor manda um joinha indicando que posso. Eu entro pedindo licença com a voz mais baixa possível. É quase como se ao mesmo tempo que quisesse que me ouvissem, eu involuntariamente quero impedir que prestem muita atenção em mim.

O professor me dá um meio sorriso e o retribuo. Sento na cadeira do meio da primeira fileira. Faço isso pra evitar ficar no fundão, mas pra ao mesmo tempo não arriscar que o professor me olhe mais facilmente durante a explicação e me faça alguma pergunta. Talvez seja apenas besteira de pessoas tímidas.

A aula é de química, e o nome do professor é Maurício. Ele é bem legal. Não é nem daqueles muito ranzinzas que parecem ter sido obrigados a reassistir Esquadrão Suicida todos os dias, e nem daqueles muito piadistas que amam mais fazer palhaçadas do que dar aula. Não que eu não goste dos piadistas, mas acho que eles só são necessários em matérias chatas. Pra mim não é o caso de química.

Depois da aula de Maurício, vêm mais outras três não tão interessantes e o sonhado intervalo.

Nesse momento vejo o garoto da loja. Obviamente não está sozinho,penso, pois não é um mero antissocial como eu. Mas também não é daqueles com grandes e "populares" grupos de amigos. Ele tem poucos e os escolhe muito bem. Pelo menos é o que a minha não tão embasada análise sobre ele, baseada em literalmente uma palavra dita, e um olhar de longe, me diz.

Ele finalmente me vê naquela distância, e me chama para perto do seu pequeno grupo.

Ao seu lado direito, há uma linda menina com olhos castanhos, cabelo crespo e pele negra. Ao lado esquerdo, um garoto que tinha claramente um visual e um jeito James Dean de ser. Style da Taylor Swift poderia ser sobre ele.

- Oi. - Dizem o "anjo" do dia anterior e sua amiga. O outro garoto não dá um pio e age como se não tivesse nada novo acontecendo.
- Oi, tudo bem. - Respondo tímido, mas um pouco menos do que na ocasião anterior.
- Prazer, eu sou a Ariel. O idiota mal--educado que te ignorou é o meu irmão Diego, e o Alex você parece já conhecer.

Alex. Esse me parece um bom nome para um anjo.

- Na verdade, ele não sabia o meu nome, eu acho.
- Eu acho que você é o único funcionário de qualquer loja que não usa um crachá. - Eu não sei como eu encontrei forças pra dizer aquela frase inteira pra ele.
- Não, é que eu só tava substituindo o pai na loja ontem.
- O pai?
- A loja de discos é do pai do Alex. Diz Ariel.
- Ah, sim.

Continuamos falando por alguns minutos, e o irmão dela não dá uma palavra durante a conversa inteira.

- Diego, para de ser chato. - Ela disse.
O sinal toca.
- Tchau! Feliz com a minha fala agora?
Diego exclama ironicamente.

Ariel se despede de mim e de Alex e vai até sua sala enquanto mostra o dedo do meio ao irmão.

Azul de quase noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora