180

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30 dias pós o fim de 180, que eram infindáveis até findarem,
que eram 180 de 699 mil,
até serem 180 de 180.
30 dias após,
pingaram incontáveis lágrimas
que contei.
contei a lágrima das notas de criação sua e só sua, no piano sem pedal. do táxi partindo, na chuva, enquanto as mãos descolavam e peitos eram puxados pela linha vermelha.
contei a lágrima das filosofias vazias de certezas cheias e da rolha destruída, fruto do tanto que é jovem ser jovem, na nova garrafa barata e boa. Boa e barata.
A lágrima do museu inhotim, da cidade de ouro preto, dos beijos de anos novos que me parecem agora tão velhos. Tão velhos na sua dês-existência. Na sua desistência de existir. Contei.
contei a lágrima que rolou quando me li toda no porta malas apertado, o maior do mundo, e a que rolou de rir no banheiro verde, de cara preta com olhos de eternidade. contei a lágrima da calçada que me viu partir e dá que vi-te partir tantas lágrimas depois, pois agora entendi: medo, agora faz sentido. chorar.
contei a lágrima do te amo
depois do beijo, depois do sexo, durante o sexo:
-te amo.
mesmo 30 dias após,
mesmo 699 mil dias e lágrimas após...
após 180 dias sendo a mulher da sua vida.
amor não cabe em dias, mês, nem ano
e muito menos nesse verso tolo, de lágrimas tolas
Pingando um te amo.

Amor tem mais que quatro letrasOnde histórias criam vida. Descubra agora