Capítulo 7

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O trajeto até a casa de Isis foi feito em silêncio, exceto pelas vezes em que ela indicava por qual caminho Heitor deveria seguir.

— Vire à direita na próxima rua — disse, observando-o reduzir a marcha do carro ao se aproximar da esquina.

Olhou a rua através do vidro de sua janela, e pelo reflexo viu quando ele desviou a atenção para ela por um segundo, mas não disse nada. Isis limpou a garganta e se remexeu em seu assento, atraindo a atenção de Heitor novamente.

— O que foi? — perguntou ele.

— Você está calado demais, como quando nos conhecemos.

— Eu sou assim — disse seriamente.

— Não é, não. — Ele a encarou por um momento, voltando sua atenção ao caminho logo em seguida. — Bem, você era assim, mas tem sido diferente nesses últimos dias. Principalmente com Lucca. — O canto da boca dele se repuxou em um sorriso sutil.

— Seu filho é uma criança especial, Isis. Cativante. Pelo visto, herdou isso de você. — Ela sorriu e olhou para o banco de trás, onde Lucca dormia tranquilamente. — Gosto da companhia de vocês. Vocês são leves, divertidos, se amam de verdade... Consigo até mesmo esquecer da minha realidade quando estão por perto, mas à noite, quando vocês vão para casa, o encanto se desfaz. Minha realidade não é bonita como um dia eu sonhei. Eu não sou feliz, Isis, exceto quando estou com você... Vocês — se corrigiu às pressas quando notou a surpresa no rosto dela. — Depois de Aurora, contratar você foi a melhor coisa que Carolina fez.

O silêncio voltou a cair sobre eles, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Isis se perguntava o porquê de Heitor afirmar que não era feliz. Por que sua vida seria tão ruim? Tinha uma filha linda e saudável, uma esposa jovem e bonita, uma casa que ela definitivamente não gostava, mas que provavelmente o agradava, caso contrário se mudaria ou melhoraria o ambiente. Talvez fossem os negócios. Ele lhe pareceu tenso quando ela o procurou no escritório no dia em que ele estava em uma chamada de vídeo com Gabriel, e estava da mesma forma naquela noite após sair para tratar de negócios.

— Vire à esquerda na próxima — disse, e mais uma vez o observou mudar a marcha do carro.

Quando estacionou em frente ao prédio velho, Heitor franziu as sobrancelhas e a encarou.

— É aqui que você mora? — Isis sorriu de sua cara de espanto.

— Um luxo, não é? — zombou, fazendo-o sorrir. O prédio não era o melhor da cidade, muito pelo contrário, se houvesse uma disputa entre os piores lugares para se morar, aquele imóvel certamente estaria no top cinco da lista.

Isis desceu do carro, seguida por Heitor, e foi até a porta traseira para pegar o filho, mas o homem se adiantou e tomou o menino nos braços.

— Vá na frente — disse depois de fechar a porta.

Subiram pelo velho elevador, ouvindo o rangido da máquina. Isis riu da cara de espanto que Heitor estava fazendo, certamente com medo do elevador cair.

— Essa coisa não é segura — disse ele, quando as portas finalmente se abriram no terceiro andar. Isis caminhou até seu apartamento e destrancou a porta, dando passagem para ele entrar com Lucca.

Mostrou onde era o quarto do menino e Heitor o colocou sobre a cama, afastando-se logo em seguida para que ela pudesse retirar as roupas do filho. Como Heitor e ele haviam brincado um pouco na piscina naquela tarde, Dora o fez tomar uma banho morno para, segundo ela, quebrar um pouco o gelo da água da piscina, depois o vestiu com roupas limpas, que Heitor insistiu para ela levar enquanto ele a estivesse acompanhando, pois poderiam entrar na água a qualquer momento.

Uma vida por um beijo - [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora