Capítulo 37

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Beth

"Te vejo mais tarde." Murmuro para Clarke, que sorri para mim conforme nos afastamos. Eu ando junto com Bash em direção a aula de Inglês.

"Então, você está na gangue que todos comentam na cidade, não é?" Ele me pergunta quando entramos na sala, indo em direção ao fundo da sala.

Procuro qualquer sinal de julgamento ou desprezo em sua voz, mas relaxo quando não acho. Solto um sorriso torto e olho para Bash.

"Yep. A dezessete anos." Respondo, e ele arqueia as duas sombrancelhas ruivas para mim. Sentamos nas duas cadeiras da ponta, bem no fundo da sala. Deixo a minha mochila cair no chão e suspiro.

"Então você nasceu nela?" Ele pergunta, e eu mordo o lábio.

"Mais ou menos. É complicado." Respondo, vagamente. Falar sobre como eu era o jeito dos meus pais de pagar por drogas não era algo que eu gostaria de fazer no momento. "Mas e você? Qual é sua história, Sebastian Stan?"

"Nada tão interessante, na verdade. Nascido e criado em Cambridge. Vim com meus pais para cá a alguns meses e estou aqui. Sei que sou gay desde os quatorze anos e sempre tive pessoas mexendo comigo por causa disso... Sim, é isso." Ele diz, dando de ombros, e eu assenti.

"As pessoas podem ser umas vadias às vezes." Digo, dando de ombros, e ele concorda.

"Amém a isso." Eu solto uma risadinha no minuto em que o professor entra em sala e começa a aula.

Eu me perco no Bom Dia e nem tento prestar atenção. Primeira aula do ano, seria apenas a mesma introdução que já ouvi quinhentas vezes antes.

Então, apenas tento me distrair com qualquer coisa que eu puder. Minha atenção se foca na porta, porém, quando ela se abre. Eu não posso acreditar em meus olhos quando a pessoa aparece em vista.

Cabelos castanhos dourados, pele bronzeada, olhos castanhos quase pretos... Era o garoto que eu dancei no bar no México. Sério? Porra, carma é uma vadia.

Me afundo no meu assento, tentando me esconder, mas seus olhos logo encontram os meus. Vejo o segundo em que ele me reconhece, surpresa brilhando na expressão. James? Jack? Julian? Não... Juan! Sim, era Juan.

"Conhece ele, Beth?" Ouço o sussurro de Bash ao meu lado e volto meu olhar para o menino, bufando.

"Você pode dizer que sim, considerando que eu bebi e dancei com ele em uma boate no México uma semana atrás." Sussurro em resposta, e o menino tenta prender o riso. Rolo os olhos. "Isso foi antes de um dos membros da gangue mostrar que tinha uma arma e pedir que me soltasse."

Dessa vez ele não se contém e deixa sair uma gargalhada. Bufo e afundo mais ainda na cadeira, abaixando a cabeça. Merda, de todos os lugares por aqui ele aparece bem na minha escola.

E é aí que me atinge. Bem na minha escola... Isso era estranho, certo? Aparecer bem aqui, depois de nossa missão no México. Depois do nosso encontro com os Hermanos. Bem, eu teria que manter um olhar nele e falar com Loki mais tarde.

Assisto enquanto Juan conversa com o professor por alguns minutos, seu olhar ocasionalmente encontrando o meu e um sorrisinho aparecendo em seus lábios.

O professor indica o lugar vazio na minha frente, e eu, pela primeira vez, amaldiçoei a minha mania de afastar os outros. Se eu apenas tivesse sentado em um lugar cheio...

Juan assente com a cabeça e caminha lentamente até o lugar, e eu não perco a piscadinha que ele me envia ao sentar. Solto um suspiro e rolo os olhos, sem acreditar no que está acontecendo.

Pego o meu telefone na mochila e tento digitar discretamente uma mensagem para Loki.

B: Tem esse menino novo na minha sala, Juan, eu o vi quando estava no México. Achei suspeito.

Não tenho que esperar nem dois segundos pela resposta.

L: Já estou investigando... Enquanto isso, fique longe do menino, pirralha. Estou falando sério.

Guardo o telefone novamente na mochila e volto meu olhar para frente, apenas para ver que Juan estava virado para trás, me encarando com um sorriso. Yeah, Loki, eu acho que vai ser meio difícil.

"Posso te ajudar?" Pergunto, sarcástica, quando ele fica me olhando. Uma risadinha sai de seus lábios.

"Beth, não é? Pensei que era de Atlanta." Eu rolo os olhos e bufo, cruzando os braços.

"E eu pensei que você era do Texas." Respondo, arqueando uma sombrancelha. Juan dá de ombros.

"Eu era. Até alguns dias atrás. Me mudei para cá com meu tio." Explica, e eu guardo isso na cabeça para conferir mais tarde com Loki.

"Bem, desculpe se não vou compartilhando minha vida pessoal com todos os estranhos que conheço em bares." Digo, na defensiva, e mordo o lábio. Juan solta uma risadinha e pisca para mim.

"Acho que não somos mais desconhecidos, Beth. Aliás, nós estudamos na mesma escola." Ele sorri, levantando as sombrancelhas, e até eu tenho que admitir que o menino é bonito.

Bem, bem bonito. Não chega ao nível de Jace, mas dá para o gasto. Só não vou chegar perto dele até que Loki confirme toda a sua história.

"Porque estava no México, de qualquer maneira?" Pergunto, casualmente, e ele dá de ombros.

"Meu tio tinha uns negócios lá, e aproveitei para visitar a família." Responde, e eu não capto nenhum sinal de nervosismo ou mentira em sua expressão. "Está me investigando, Beth?"

Arqueio uma sombrancelha e cruzo os braços.

"Eu tenho motivos para fazê-lo?" Ele solta uma risadinha e rola os olhos.

"Eu gosto de você, Beth." Foi minha vez de rolar os olhos e soltar um sorriso torto.

"Você não me conhece, Juan." Ele dá de ombros e se vira para frente novamente, como se tivesse encerrando a conversa.

Bem quando eu esperava que já tivesse acabado, porém, ele fala.

"Ainda não... Mas vou conhecer. Conhecer muito bem, por sinal" Isso soou muito como uma promessa.

Não falo mais com Juan pelo resto do dia. Quando estou saindo da escola, porém, recebo uma mensagem de Loki.

L: O garoto está limpo, pequena. Veio com o tio para Wichita por negócios com uma empresa, mesmo motivo pelo qual foi para o México.

Gamma- Death of Angels 3Onde histórias criam vida. Descubra agora