Capítulo 1

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- Solta a embreagem e acelera devagar. - o instrutor falava, enquanto eu fazia o que ele disse. - Isso. - O carro foi andando pela rua na maior lentidão por ser a primeira vez que eu tento dirigir. Estava chegando perto de um cruzamento e acabei freando muito forte o que me fez bater com a cara no volante. - Não precisava frear agora, ainda estava muito longe.

- Desculpe. - falei passando a mão aonde estava doendo, por conta da pancada.

- Vamos tentar de novo. - Concordei e eu repeti os primeiros passos.

2 anos depois...

- Filha, acorda você está atrasada para faculdade. - Minha mão dizia enquanto abria as cortinas, soltei um resmungo e minha pupila tentava se acostumar com a claridade.

- Que horas são?

- Nove e meia.

- Merda. - tentei levantar da cama, mas acabei caindo por causa da rapidez. Levantei novamente e fui correndo para me arrumar, minha primeira aula é as dez horas e não dá pra chegar em meia hora na faculdade.

Assim que terminei de me arrumar, peguei as chaves do carro e sai na maior velocidade. Quando terminei a Autoescola, meu pai me deu esse carro de presente, é velho, mas dava para o gasto. Corria entre os carros no objetivo de tentar chegar a tempo da primeira aula, alguns buzinavam por conta da minha velocidade, ou porque eu entrava na frente deles sem nem olhar direito. Olhava o relógio e só tinha dez minutos, vira a esquerda, reto, direita, agora só ir até o final. Estacionei o carro e sai correndo pelos corredores do prédio que era gigantesco, dois minutos, acelerei mais ainda meus passos, um minuto, sala trinta, trinta e dois, trinta e três, corri mais um pouco e cheguei na porta trinta e quatro.

- Por pouco você não entra, Carla. - a professora falava, enquanto eu ia para a minha cadeira.

- Ainda bem que foi por pouco. - me sentei sentindo um alivio nas minhas pernas.

A sala não estava tão cheia, mandei uma mensagem rápida para a minha mãe, avisando que eu tinha chegado e vi uma mensagem da Júlia, me chamando para almoçar com ela e Luiz, seu namorado. Que antes deles namorarem, nós eramos amigos, mas Júlia sempre foi muito ciumenta e Luiz teve que se afastar de mim, não criei problemas, mas aquilo me afetou bastante. Sempre fui muito de não demonstrar, tive problemas passados que foram tratados pela minha mãe como drama e pelo meu pai como falta de religião, mas aprendi a lidar com eles e prometi nunca mais chorar na minha vida, me sentia fraca, vulnerável. Meu pai é policial militar e está quase se tornando coronel, esse sempre foi o sonho dele e também sempre foi o meu, até porque iria diminuir a entrada do meu pai nos combates e me deixaria mais tranquila, pois toda vez que ele fala que tem que ir para uma invasão uma aflição me atinge. Minha mãe, por outro lado, é enfermeira, salva vidas, quando era pequena ela me levava no hospital e eu achava tão legal como ela cuidava das pessoas, mas sempre soube que aquilo não era para mim. Uma vez disse aos meus pais que queria ser policial militar, eles quase me mataram, fizeram de tudo para que eu desistisse da ideia.

Minha família inteira queria uma médica, mas não foi ser dessa vez, resolvi cursar administração e daqui a dois anos eu me formo.

Hoje eu tenho poucas aulas, então vou almoçar com a Júlia e ir direto para casa. O restaurante que tinha perto do prédio não era grandes coisas, mas a comida é muito boa, por isso ficava sempre lotado. Júlia e Luiz falavam sobre como está o relacionamento deles e como anda a faculdade, os assuntos de sempre. Comi meu almoço rápido e inventei uma desculpa para ir embora, Luiz tentou insistir para que eu ficasse mais, mas Júlia não reclamou por eu ter ficado pouco tempo e pediu para que ele concordasse.

- Como foi a faculdade? Chegou a tempo? - meu pai falou assim que me viu entrando no apartamento.

- Sim, por pouco perdi a primeira aula, mas consegui chegar a tempo. - falei e sentei ao seu lado.

- Daqui a dois meses vão me nomear coronel e eu quero você lá.

- Estarei bem perto para te ver. - o abracei e fui tomar um banho.

Minha mãe não estava em casa, já devia ter ido trabalhar. Mandei uma mensagem pra ela avisando que eu ia buscá-la mais tarde e a mesma concordou. Fiquei a tarde inteira estudando para a prova que teria daqui a dois dias, assim que deu sete horas, fui fazer o que eu mais gostava, correr.

Desci as escadas e meu pai já tinha saído, peguei as chaves do meu carro, mudei o número da placa com uma fita adesiva e dei partida. Eu sabia exatamente onde eram as melhores ruas para correr. Bem escondidas, mal iluminadas e pouca residência, para cada rua eu dava um número, era mais fácil de me localizar no mapa que eu tinha criado.

Ainda faltava duas horas para minha mãe sair, então eu tinha bastante tempo de diversão, estava na rua principal que eu chamo de rua um. Acelerei até chegar na velocidade máxima que aquele carro velho ia, virei o volante na rua dez e meu carro derrapou um pouco, mas fez um drift perfeito.

Dava voltas pelas ruas, mas duas land rovers pretas me chamavam atenção, continuei a dirigir, só que mais devagar. Um dos carros parou na minha frente impedindo a minha passagem e o outro ao meu lado, a land ao meu lado abaixou o vidro e um homem bem vestido, pedia para eu abaixar o meu também.

- Algum problema? - falei segurando forte o volante.

- Sabe que não pode andar por aqui, né? - o homem falava me encarando profundamente nos olhos.

- Não sabia não, então é melhor eu ir indo. - falei engatando a ré.

- Espera, você parece com alguém que eu conheço. - o homem me analisava tentando reconhecer o meu rosto. O problema é que eu sou a cara do meu pai e ele é conhecido por prender uns bandidos bem perigosos. E se esse homem está me reconhecendo provavelmente é um bandido. Dei ré e corria pelas ruas mal iluminadas, enquanto o carro deles vinham atrás de mim. Entrei em uma rua ainda de ré e como as land rovers ainda estavam em alta velocidade não conseguiram frear a tempo, voltei para a rua principal, mas agora não andava mais de ré, já os dois perderam muito tempo, para virar o carro. O meu automóvel era bem velho e acabava sendo mais lento, não demorou muito para eles me alcançarem. Faltava alguns metros para eu chegar na via movimentada. Pisei o pé no freio quando um Audi preto parou na minha frente bloqueando o caminho.

Um homem moreno saiu do carro armado e bateu com a mesma no meu vidro, mandando eu abaixar.

- O chefe vai gostar de conhecer você. - ele falou e minha cara fechada só piorava, eu não queria ir pra lugar nenhum, ainda mais com bandidos e eu ainda tinha que buscar minha mãe.

O homem me obrigou a sair do carro, amarrou minhas mãos e me jugou no banco traseiro do Audi. Fui decorando cada rua que passava, se eu precisasse fugir saberia o caminho e pelo o que conheço, aqui é a zona sul, onde tem uns prédios bem de luxo. Ele entrou no estacionamento do prédio e me puxou pra fora do carro, me levando para o elevador. Paramos no térreo, olhava tudo ao redor e o mais impressionante era a quantidade de seguranças na portaria, seria impossível fugir daqui.

- Liga para o chefe, fala que tenho um presente pra ele. - o homem que me trouxe aqui falou para um cara que estava sentado perto da bancada que ficava o telefone.

- Alô, senhor. - o cara começava a ligação. - o Azevedo está aqui embaixo com uma garota e está pedindo para subir. Não, não sei quem é ela. - depois de mais um tempo, ele desligou a chamada. - Pode subir.

Love of BloodWhere stories live. Discover now