Capítulo 2

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Azevedo me puxou de volta para o elevador, mas dessa vez ele apertou no "C", provavelmente a cobertura do prédio, depois de passar por todos os andares, o elevador para dentro de uma sala de estar, pelo que meu pai falou, aqui na zona sul, é comum você pegar o elevador e sair dentro da casa da pessoa. O que não era comum são os dois seguranças na saída da porta do elevador, parecia que aquilo era muito mais perigoso do que eu imaginava. O tal do Azevedo me puxou pelos corredores e eu conseguia ver cada parte da casa, tudo era bem luxuoso. Entramos em um escritório e Azevedo me amarrou na cadeira, enquanto a outra cadeira na minha frente estava virada contra mim, assim que ele prendeu bem as cordas, a cadeira que ficava atrás da escrivaninha se virou e um homem, com algumas cicatrizes no rosto me olhava analisando cada parte de mim, mas não senti nenhuma malícia em seu olhar.

- Quem é ela, Azevedo?

- Nossa próxima corredora oficial de racha. Achei ela andando pelas ruas que costumamos correr e vi um talento gigante nela. - Azevedo pegou seu telefone e parecia procurar alguma coisa. - Veja com seus próprios olhos. - ele colocou o vídeo em que eu fugia das duas lands, enquanto isso eu tentava soltar as cordas da minha mão, mas foi uma tentativa falha.

- Mesmo com aquele carro merda, ela fugiu das nossas lands, tenho que admitir você tem muito talento. Azevedo, me deixe com ela a sós. - fiquei muito nervosa na hora, com Azevedo eu tinha um pouco de certeza que não iria fazer nada contra mim, mas esse cara não, nem sabia quem ele era.

- Sem problemas, chefe. - Azevedo saiu e minha mão ficou um pouco trêmula.

- Não precisava ficar nervosa, senhorita Carla. Não irei fazer nada contra você, é só me escutar, hoje não estou afim de matar ninguém, então aproveite, é o seu dia de sorte. - ele falava enquanto mexia no computador.

- Como você sabe meu nome?

- É visível a sua semelhança com o policial Lambertini, você não acha? - quando eu ia voltar a falar, ele me interrompe. - eu sei tudo da vida dele, ainda mais sobre você, que é o ponto fraco do futuro coronel.

- Então por que não me matou ainda? - meus pulsos já estavam vermelhos de tanto que eu tentava me desvencilhar das cordas.

- Isso só causaria problemas, seu pai começaria a me caçar e para ser mais sincero, gostei de você. - ele agora me olhava fixamente tentando descobrir alguma coisa. - AZEVEDO. - logo Azevedo aparece na porta. - traz o telefone dela.

- Quem é você? - aquilo saiu tão rápido pela minha boca, quanto entrou na minha mente.

- TH, mais conhecido como chefe da máfia, sabe os morros que são comandados por chefes do tráfico, então esses chefes são comandados por mim. Eu sou o centro de tudo, mas ainda faltam alguns morros para eu tomar, só que estou investindo mais no tráfico internacional, que está dando mais dinheiro do que aqui.

- Aqui, chefe. - Azevedo entrou entregando o meu telefone para TH.

- Por que você está falando tudo isso pra mim, se sabe quem é meu pai?

- Ué, porque eu sei que você não vai contar.

- Como você tem tanta certeza disso?

- Porque você ama seus pais e não quer vê-los mortos. - um frio atravessou o meu corpo, mas tentei continuar firme, não podia demonstrar fraqueza, era tudo muito estranho, ele falava tudo como se fosse uma conversa normal e nós eramos amigos que acabaram de se conhecer. - mas vamos ao que interessa, vou te fazer uma proposta e você não vai me dar a resposta agora, vou te dar um tempo para pensar. - só pude concordar, não tinha outra opção. - A proposta é a seguinte, iremos te treinar para correr em rachas e quando chegar no dia da corrida, você estará pronta e tem que ganhar, chega de perder dinheiro com corredores merdas, já perdi milhões com eles. Você será meu maior investimento, preciso conquistar as ruas daqui e você é a minha única chance, meu filho irá te treinar e em troca te darei uma boa grana.

- Como posso confiar na sua palavra?

- Não pode, mas se lembre que nós teremos um contrato e eu não descumpro as regras dele. - mentira, não sou tão otária em acreditar nessa história, ele é o chefe da máfia, faz as regras e se quiser as quebra. 

- Como eu falo com você quando tomar minha decisão? - ele abriu um sorriso como se não esperasse essa pergunta de mim e virou a tela do seu computador pra mim.

- Está vendo seu pai no trabalho, aqui. - ele falou mostrando uma câmera em que meu pai estava em um escritório lendo alguns documentos. 

- Pra que isso? - vi ele ficar furioso por eu ter interrompido sua fala, percebi suas respiradas fundas para se acalmar.

- Sua mãe está cuidando de uma garota na ala da emergência. - na imagem aparecia minha mãe, colocando a agulha no braço da menina, que parecia bem doente. TH abriu outras duas imagens. - Aqui sua amiga Júlia está em casa e o tal de Luiz está no motel com alguma garota. - a câmera mostrava ele passando no corredor com uma colega antiga nossa do colégio, a Valentina. Então esse ciume doentio da Júlia encima de mim, não adiantou nada, porque ele a traia com outra.

- Como conseguiu isso tudo?

- Do mesmo jeito que eu consegui isso aqui. - TH abriu vários vídeos meus correndo pelas ruas que eu costumava treinar. - respondendo a sua pergunta, se quiser me encontrar dê um tchauzinho para essa câmera da sua faculdade que eu mandarei alguém para te encontrar e nem pense em vir com gracinha pra cima de mim. - ele me mostrou a câmera que eu devia acenar, ela mostrava a porta da minha sala de aula.

Ele virou o computador de novo para sua direção e abriu uma das prateleiras da sua mesa, pegou uma posta escrito "racha" e abriu, alguns projetos de carros estavam ali, vi desenhos e cálculos para toda parte, até chegar em algumas folhas soltas, ele as pegou, grampeou e colocou na minha frente. TH colocou a pasta de volta na gaveta e desamarrou as cordas que prendiam minhas mãos. Ele me entregou o contrato que era gigante e no final tinha a assinatura dele e do lado era o lugar da minha, que ainda estava em branco.

- Enquanto estiver aqui terá que mudar seu nome, não é muito seguro usar seu nome real, no meio de vários mafiosos. - concordei tentando pensar em algumas coisa. - que tal Bella?

- Mas não tem nada haver com o meu nome. 

- Esse é o objetivo, Carla, não descobrirem seu verdadeiro nome, daqui por diante, enquanto estiver com a gente, será chamada de Bella e vai ser assim que vai ter que se apresentar. 

- Posso ir agora, tenho que buscar minha mãe, ou explicar porque não a busquei?

- Fique tranquila, mandei uma mensagem pra ela avisando que não poderia busca-la, porque pegou um trânsito horrível. AZEVEDO. - o mesmo apareceu na porta. - leve ela até o carro dela.

Azevedo me guiou até o estacionamento e vi que trouxeram meu carro para cá. Coloquei o contrato dentro da minha bolsa e mil pensamentos passavam pela minha cabeça, eu não podia aceitar, meu pai morreria de desgosto de mim, além de colocar minha vida em risco nesses rachas, mas também tinha medo do que eles poderiam fazer comigo e com a minha família, vou tentar segurar isso o máximo que eu puder, mas uma hora ou outra vou ter que tomar minha decisão. 

Love of BloodWhere stories live. Discover now