Capítulo 4

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Assim que acabou as aulas, fui direto no banco pegar o dinheiro que Douglas tinha me emprestado. Fui no hospital com meu pai e deu para pagar um pouco do tratamento, não todo, mas conversamos com o doutor e ele concordou de pagarmos aos poucos. Minha mãe sempre tentava se mostrar feliz, mesmo sabendo que não estava, era difícil para ela ver o nosso sofrimento para pagar cada tratamento e ainda ver ela daquele jeito, doente. Mas eu tinha fé que aquilo uma hora ou outra ia acabar e minha mãe estaria curada.

1 mês depois...

- Filha, faz logo de uma vez. - minha mãe pediu, enquanto eu tomava coragem para passar a maquina no cabelo dela. Depois dos tratamentos que ela anda fazendo, seus cabelos acabaram caindo. - espero continuar bonita. - acabei caindo no choro, era tudo tão dolorido para mim, ver minha mãe naquele estado, sofrer com todas as quimioterapias.

- Você sempre será muito linda, mãe. - ela sorriu e comecei a passar a maquina pelo seu cabelo que já estava falho. Olhava cada parte da cabeça da minha mãe para ver se tinha que acertar alguma coisa. - Pronto, viu como continua linda.

- Te amo, minha filha. - ela falou passando a mão na cabeça. 

- Também mãe.

...

Eu e Douglas ficamos muito amigos nesse último mês e sempre que podemos saímos juntos, levei ele para conhecer minha mãe e ela ficou toda feliz de ver a pessoa que é meu amigo, minha mãe não é boba, sabe que Júlia nunca foi uma amizade muito real, ela sempre foi muito ciumenta e acho que minha mãe acredita que Douglas é realmente um bom amigo para mim.

Meu pai todo dia vai visitar minha mãe e de vez em quando trás flores para ela. Era tão fofo ver os dois juntos. Mas parece que nesse mês as coisas foram dificultando o dinheiro dos meus pais não está sendo suficiente para todos os tratamentos e pelo que o médico disse o tumor não é muito grande, mas também não é pequeno, vai dar bastante trabalho para remove-lo. 

Me joguei na cama do meu quarto depois de passar a tarde toda tendo aula. Resolvi tomar um banho para relaxar um pouco, mas antes de entrar no box, meu telefone toca. 

- Alô?

- Filha, é que a sua mãe deu uma piorada. - meu pai falou meio triste.

- O que houve pai?

- Parece que ela está com outro tumor, mas dessa vez é na mama. - me sentei para tentar processar aquilo tudo, como assim outro tumor, a última vez que eu fui lá, o médico disse que era apenas aquele. Só de pensar que minha mãe estava cada vez pior e eu não tinha mais dinheiro me fazia a chorar. Só veio uma única opção na minha cabeça, a que eu fugia de todos os jeitos, estou a um mês enrolando para não assinar esse contrato, mas esse novo tumor mudou tudo, eu vou ter que fazer isso por ela.

- Pai, vou resolver algumas coisas aqui e irei direto para o hospital, deixa que hoje eu durmo com ela, vem descansar um pouco em casa. - ele assentiu e desligou a chamada.

Tomei um banho rápido para tentar amenizar as lágrimas que não paravam de vir, coloquei uma roupa mais quentinha porque já estava anoitecendo e peguei meu carro indo em direção a faculdade. Minhas mãos suavam no volante, eu fiz de tudo para não entrar nessa vida e agora estou indo por vontade própria, perdão pai, eu nunca quis te decepcionar. Imagina o desgosto dele ao saber que eu me filiei ao tráfico, a única filha dele. Nem percebi que tinha chegado no estacionamento, o prédio ainda estava bem movimentado, as pessoas que estavam lá, era para a aula da noite. Fui até a câmera que TH tinha falado para eu chama-lo e parei em frente com o contrato nas minhas mãos, deu um tempo e nada, nenhuma ligação, ninguém apareceu. Melhor eu ir e amanhã eu tento de novo, minha cabeça estava a mil, meu pai passava na minha mente pedindo para eu desistir daquela ideia e uma imagem minha raspando o cabelo da minha mãe e descobrindo que ela está com outro tumor, me imploravam para eu aceitar. 

Love of BloodWhere stories live. Discover now