Capítulo 3

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Deixei meu carro na garagem e subi para o nosso apartamento, assim que abri a porta, estava tudo escuro, achei que ia tomar um esporro a qualquer momento, mas a casa estava vazia, olhei meu telefone e tinha quinze chamadas perdidas do meu pai. Retornei a ligação e depois de chamar três vezes, ele atendeu.

- Finalmente, se lembrou que tem pai, não sei para quê que serve esse telefone que não atende minhas ligações. - revirei os olhos.

- Oi pai, cadê vocês?

- Estou no hospital com a sua mãe, ela... - ele ia continuar, mas parecia que uma onda de tristeza o segurava.

- O que pai, o que houve com a minha mãe? - falei desesperada.

- Ela passou mal, enquanto trabalhava e descobriram que...

- Fala pai, está me deixando nervosa.

- Sua mãe está com câncer, Carla. - senti meus olhos marejarem e uma lágrima escorrer pela minha bochecha. - Por favor, só venha aqui, ela quer te ver. - congelei por um momento, não sabia o que falar - filha, está tudo bem?

- Sim, estou indo pra aí. - desliguei a chamada e peguei minha bolsa de novo.

Entrei na recepção do hospital correndo e fui direto para a recepção.

- Por favor, sou filha da paciente Raquel Lambertini, qual é o quarto dela? - falava ofegante por causa da correria.

- Sala 301, aqui, cole isso, avisando que é visitante. - ela me deu um adesivo e fui direto pelas escadas para o terceiro andar.

Parecia que tudo a minha volta tinha parado, os médicos corriam de um lado para o outro muito devagar, abri a porta e minha mãe deitada na cama, com meu pai sentado na poltrona segurando sua mão, nunca sairia da minha mente.

- Filha! - ela falou, assim que me viu parada na porta chorando.

- Mãe. - corri para os seu braços. - o que aconteceu mãe? 

- Ligaram para mim, avisando que sua mãe tinha desmaiado e quando cheguei aqui me disseram que ela estava com câncer no estômago. - meu pai falou, enquanto eu acariciava o rosto dela. - o problema é que o tratamento é muito caro, não tenho o dinheiro suficiente.

- Eu vou te ajudar pai, vou arrumar um trabalho e te ajudar nas despesas. - mas como, onde eu iria arranjar um emprego no meio da crise econômica que estamos vivendo. - eu vou conseguir. Você vai ficar bem, mãe. - mesmo não tendo certeza, eu não a deixaria morrer, não agora que eu preciso dela, amanhã mesmo eu vou procurar algum emprego.

Meu pai falou para eu voltar para casa e descansar um pouco que ele ia dormir lá com a minha mãe. Tomei um banho quente em casa para melhorar a tensão e coloquei uma roupa confortável, deitei na cama me jogando e algumas coisas da minha bolsa se espalharam no colchão, o contrato me chamava atenção, eu não posso aceitar, mas ainda não sei como vou negar, TH sabe de cada passo meu e das pessoas que eu amo, se acontecer alguma coisa com eles a culpa vai ser minha e eu nunca vou me perdoar.  

Peguei os papéis que estavam na minha frente, era como se eu me obrigasse a lê cada linha, mesmo que eu nunca fosse assinar. Lia e relia várias vezes, sempre procurando alguma coisa que fizesse eu desistir daquilo tudo, mas estava tudo certinho, nada naqueles papéis falava que eu estava presa a eles, ou que teria que fazer trabalhos sujos, era apenas correr. Mas eu não vou me entregar tão fácil, amanhã mesmo vou tentar arrumar algum emprego.

Hoje eu acordei um pouco mais cedo, a aula ia começar mais tarde e ia aproveitar esse tempo para arranjar algum emprego. Ia em restaurantes, hotéis, lojas, tudo possível e todos falavam que não estavam contratando, não é possível. Entrei em um salão de beleza, na Taquara, era pequeno, mas todo o dinheiro que entrasse seria bom. 

Love of BloodWhere stories live. Discover now