Contra-ataque do America. Esperançoso de receber um passe oportuno, Betá adiantou-se procurando acompanhar a jogada dos companheiros de time. E aconteceu: Betá recebeu um bom passe e avançou com a redonda. Percebeu Romário à esquerda e lhe passou a bola, enquanto se adiantava para uma provável devolução, que ocorreu em poucos segundos. Enviou outro belo passe para Romário, que driblou um zagueiro e chutou. Júlio César defendeu e um zagueiro do São Cristóvão mandou a bola para longe. Outro atleta do São Cristóvão evitou que a bola fosse à lateral.
O jogador avistou Carlos Reimman livre de marcação e lhe mandou bola alta. Reimman, mantendo o olho no esférico, corria para trás planejando cabecear e avançar com a bola. Trombou com alguém e foi ao chão. Tanto os torcedores do America, como os do São Cristóvão, riam ao ver jogador e juiz sentados.
— Expulsa ele por isso, juiz! — dizia Vítor enquanto ria.
Vítor parou de sorrir. Fixou o olhar no campo e meneou a cabeça. Continuou a mirar os jogadores. Os uniformes dos jogadores haviam mudado: tanto os do São Cristóvão, quanto os do America, estavam com camisetas variadas. O rapaz via uniformes do Fluminense, Botafogo, uniformes que lembravam seu clube de regatas e camisas brancas com uma faixa em diagonal negra. Os dois goleiros também estavam com as camisas alteradas. Com os olhos ainda mais arregalados, Vítor reparou nas torcidas. Pelas arquibancadas, tanto no lado do São Cristóvão, como no lado do America, havia um mosaico de bandeiras e camisas. O rapaz enxergava bandeiras e camisas do Botafogo e Fluminense, juntamente com peças que pareciam pertencer a dois clubes de regatas. Via também pessoas desaparecendo, enquanto surgiam outras como que se materializassem.
— Vítor, tudo ok contigo? — perguntou um colega de torcida com expressão de preocupação. Vítor o via com uma camiseta que lembrava o seu clube de regatas.
— Parece que está vendo um montão de fantasmas — comentou outro colega de torcida que agora Vítor enxergava usando uma camiseta negra com a cruz da Ordem de Cristo vermelha.
— Nada, nada. Eu penso que tudo voltará ao normal — respondeu Vítor com um olhar vago. — Acho que foi aquela pancada que recebi sem querer de uma bola dividida, na pelada de anteontem. Ainda estou com um galo na cabeça.
"Embora essas visões já venham ocorrendo há tempos... Deve ser mesmo o excesso de anabolizantes que continuo tomando", refletiu, com uma ponta de preocupação. "Preciso maneirar. E olhe que já prometi parar desde 2002..."
Passou a ver tudo como antes. Jogadores e torcidas voltaram às cores de antes.
— Pronto, já melhorei — disse sorrindo, embora com um olhar ainda vago.
Logo, Vítor e colegas esqueceram o ocorrido devido a um ataque do São Cristóvão.
"Essa coisa esquisita novamente", pensou Vítor, vendo um jogador do São Cristóvão chutar para tiro de meta.
***
- Vítor
Com as camisetas regatas, listradas em preto e vermelho, molhadas de suor, os remadores, à medida que empurravam a água da Rodrigo de Freitas, observavam um objeto cinzento na forma de um barco. A coisa, que fora programada para deslizar na água na mesma velocidade dos atuais recordistas nacionais da modalidade, media dois metros de comprimento e era revestida de balsa. Aos poucos, o objeto era alcançado.
— Estamos conseguindo, moçada! Mantenham o ritmo! Se possível, forcem um pouco mais! — incentivava o puxador.
Os dois corpos cruzaram a linha de chegada; o engenho ganhou a corrida por três segundos de vantagem. Vítor largou os remos e deu um soco numa parte do barco. Houve expressões de lamentações. O puxador apontou um objeto para e engenhoca, clicou num comando; o objeto aquático parou aos poucos.
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HISTÓRIAS ALTERNATIVAS
Science FictionDois cientistas de garagem, na tentativa de desenvolverem um motor quântico, acidentalmente criam uma máquina de translocamento temporal. Um deles é enviado ao passado e acaba alterando um pouco a história, inclusive a história do futebol carioca. U...