Capítulo 07 - The Scientist

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#ESTRELANDO: HENRICUS THOMAS GALDINO (18 anos)

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— Que delícia — exclamo após dar à luz a uma grande quantidade de massa comprimida que é o resultado de parte do que ingeri no dia de ontem. Puxo a cordinha da descarga, uso a mangueirinha da felicidade para limpar-me e depois entro na cabine do chuveiro.

A água está um pouco fria, é sempre assim ao amanhecer por aqui nesta época do ano. Já estou a um mês aqui e já deu para entender algumas singularidades do local. Aciono o chuveiro elétrico e usufruo de uma água quente.

Termino o banho, enrolo-me numa toalha. Chego na parte da cozinha bem na hora que a cafeteira já expelia o café quentinho. Coloquei uma boa quantidade numa xícara, adocei apenas um pouco, mas nada que fizesse o amargo do líquido sumir. A torradeira já havia prontificado a torrada, só fiz pegar com a mão oposta da que segura a xícara e fui para a janela.

Lá do outro lado é o prédio da Emily, aquela é a janela dela. Durante as últimas semanas, a gente se esbarrou algumas vezes na rua, no mercadinho, na farmácia e até no ponto de ônibus. Por duas ou três vezes, nos encontramos no telhado e conversamos durante alguns minutos. Ainda não pude descobrir muito dela, é uma garota muito reservada. Mas sei que temos a mesma idade e estamos na mesma condição no que diz respeito a morarmos só e longe da nossas famílias.

Opa, olha ela lá!

— Olá! – Aceno para ela.

De imediato, ela devolve a saudação, mas com o dedo maior da mão esticado e balançando para mim.

Sempre tão amigavelmente rude. Que garota interessante!

Ela fecha as persianas, deve estar de saída. Termino o meu café, lavo a xícara, escovo os dentes e me visto. Devo ir logo ou me atrasarei para o trabalho. Decidido, fecho a porta atrás de mim e desço os lances de escadas.

Já no ônibus, observo pela janela a cidade acordando. Cachorros peludos passeando com seus donos extremamente agasalhados, comerciantes abrindo as portas, lojas de café em pleno funcionamento.

— Todos quietos, é um assalto — uma voz ecoa dentro do ônibus.

Rapidamente, minha atenção é arrancada do mundo lá fora e se foca no interior do veículo. É um homem caucasiano, deve ter uns quarenta anos de idade. Com ele, um rapaz mais jovem. São parentes, possuem as partes internas das orelhas semelhante, um forte sinal hereditário, além do mesmo tique nervoso ao piscarem os olhos.

Enquanto o mais velho aponta a arma para nós, passageiros, o mais jovem avança com uma bolsa recolhendo nossos pertences.

Ele está a duas cadeiras de mim. Eu realmente não quero dar meu celular e nem perder a minha carteira com meus documentos, dará muito trabalho tirar outros, além de que, quando eu for solicitar as segundas vias, podem descobrir que estes meus documentos se tratam de falsificações.

Muito bem, eles são pai e filho, ou, no mínimo, parentes próximos. Tenho uma caneta prateada no bolso do casaco, como está distante, não terá como o pai verificar que se trata de uma caneta. Então, só preciso pegar o filho, rendê-lo colocando o objeto ameaçadoramente em seu pescoço e obrigando o pai a se render.

O rapaz se aproxima de mim. É agora! Rápido e preciso, como meu pai e tio Felipe me ensinaram.

Quando prendo o ar para poder agir, uma voz ecoa do fundo do ônibus.

— O que pensam estarem fazendo?

Os dois assaltantes magicamente param suas ações. Por suas reações, ambos conhecem a pessoa que vos fala e, aparentemente, estão com medo.

GEMIDOS CALIENTESOnde histórias criam vida. Descubra agora