[6] Flores e Chocolate

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7 de Setembro, 2016


Eu tinha uma flor de girassol em mãos e estava a caminho da distribuidora onde Taehyung trabalhava. Aquele lugar quase sempre estava vazio, então eu gostava de ir até lá lhe fazer companhia.

Quando eu não aparecia ele me mandava mensagem, reclamando por estar sozinho.

Era sempre algo do tipo “Por que você não veio hoje?” ou “Ah, eu estou sozinho. Por que não apareceu aqui?”

Me pergunto se ele quis me mandar essas mesmas mensagens durante os nove meses que passamos separados. Porque eu precisei lutar contra a vontade de sair de casa e ir até lá.

Quando cheguei, não havia mais ninguém além dele e uma moça baixinha na seção de cosméticos.

Taehyung folheava uma revista qualquer e usava um boné vermelho com a aba virada para trás. Tão lindo.

Me aproximei do caixa, pondo a flor em seu campo de visão. Taehyung ergueu o olhar encontrando o meu e no mesmo instante um sorriso apareceu em seus lábios.

- Se não fossemos namorados diria que está tentando me levar pra cama, Jung – ele deixou a revista de lado e pegou o girassol, ainda sorrindo.

- Abriu uma floricultura aqui perto – me inclinei sobre o balcão.

- Isso significa que vou ganhar mais flores a partir de hoje, uh? – apoiou o queixo na palma da mão.

- Sim, você vai.

Ele ganhou tantas flores que eu mal posso me lembrar.

Ele ama girassóis. Dizia que eles ss virariam na minha direção sempre que eu chegava em sua casa. Porque eu era o sol.

- Obrigado – sorriu, me dando um selinho demorado.

- Com licença – uma voz feminina chegou até nós, só então me lembrei da moça baixinha. Me virei para encará-la, notando seu sorriso sem graça diante aquela cena.

- Desculpa – me afastei, deixando que ela pudesse pagar seja lá o que estiver comprando.

Taehyung não demorou muito para passar as compras, e logo a garota já havia ido embora.

- Eu não posso te comprar nada agora, então... – ele tirou uma barra de chocolate da vitrine de doces, me entregando.

- Você não pode pegar as coisas da loja desse jeito, Tae.

- Posso sim.

- Não, você não pode.

Ele riu.

Acho que ele jamais vai aprender que não pode pegar as coisas da loja sem pagar.

- Hyung, aceita logo ou eu não vou te deixar em paz.

- Ok – cedi abrindo a embalagem do chocolate.

Parti o doce no meio, dando metade à ele antes de começar a comer.

Taehyung sempre me trazia essa mesma barra de chocolate quando vinha me ver depois do trabalho. Eu nunca cheguei a perguntar, mas tenho certeza que ele nunca pagou por nenhuma delas. Céus, como esse garoto ainda trabalha naquela distribuidora?

Dei a volta no balcão do caixa, entrando onde Taehyung estava. Ele me fez sentar em seu colo, passando o braço envolta da minha cintura.

Esses pequenos momentos com ele eram o que faziam meu dia valer a pena.

- Eu amo você – sorriu, deixando um beijo em meu pescoço.

- Também amo você, Tae.

Taehyung me abraçou com força, deixando múltiplos beijos em meu pescoço. Eu adorava quando ele fazia isso, me fazia sentir amado.

Virei o rosto na direção do seu, juntando nossos lábios em um beijo inocente, que logo se transformou em um beijo desesperado. Era sempre assim quando estávamos juntos, as coisas mudavam da água pro vinho.

Me lembro de sua mão escorregando pela minha coxa, de ter entrado na minha calça. E principalmente, me lembro de ter transado com ele na salinha atrás do caixa.

Sempre acabávamos transando lá, tanto que uma vez um cliente quase chegou a nos pegar no flagra. Quase.

Mas isso não foi o suficientemente para nos fazer parar com esse hábito.

Eu estava abotoando minha camisa, tentando controlar minha vontade imensa de sorrir pro nada, enquanto Taehyung atendia alguém no caixa.

E só quando eu sai de lá, notei que ele não estava atendendo um cliente qualquer, e sim Jimin.

Foi possível sentir o clima pesado entre os dois, e só piorou quando Jimin me viu.

Não sei como estava minha situação naquele momento, mas sua reação não foi uma das melhores. Seus olhos pareciam atravessar o meu corpo.

Taehyung se virou para ver o que Jimin tanto olhava e um sorriso apareceu em seu rosto assim que ele me olhou, varrendo meu corpo com os olhos antes de continuar passando as compras.

- Sua camisa está abotoada errada, amor – sua voz chegou até mim me fazendo corar. Taehyung nunca teve vergonha na cara. 

Ignorei minha camisa com os botões nas casas erradas e fui atrás do meu celular, e também do restante das minhas roupas. Fiz isso enquanto sentia o olhar de Jimin acompanhar cada movimento meu.

- Já vai? – Taehyung questionou ao me ver vestir a jaqueta.

- Sim.

- Me liga quando chegar em casa – tirou outra barra de chocolate da vitrine de doces, a jogando na minha direção.

- Taehyung...

- Eu juro que vou pagar essa, ok? – disse sorrindo, já esperando pelas minhas reclamações.

Revirei os olhos, guardando o doce no bolso da jaqueta antes de me aproximar dele.

Quem ele acha que engana? Eu sei que ele não pagou.

- Quer sair para jantar à noite? – perguntei pegando seu boné, e o colocando em minha cabeça.

- Está querendo me levar pra cama, Jung? – provocou.

- Sempre funciona, não é, Kim? – usei o mesmo tom que ele ouvindo sua risada divertida.

- Cafajeste.

Segurei seu rosto com uma das mãos, e por costume ele passou o braço envolta da minha cintura.

- Te amo – sussurrei, lhe dando um selinho rápido.

- Te amo – sussurrou de volta, e tudo isso enquanto Jimin colocava a senha do seu cartão na maquina.

Me afastei dele e com pressa dei a volta no balcão em direção a saída, mas parei assim que ouvi sua voz me chamando outra vez.

- Hoseok-ah, me traga flores!

Contive um sorriso me virando para encará-lo. O idiota, sorria largo enquanto entregava a sacola de compras para Jimin.

Aquele lindo sorriso quadrado.

- Se quiser flores terá que me trazer chocolate, Taehyung-ssi – disse sorrindo antes de deixar a distribuidora.

Naquela noite ele levou o chocolate e eu as flores.

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