[16] carta da alma

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7 de Agosto, 2018

Transar com Taehyung aquele dia foi a pior das minhas decisões. Na verdade esses nove meses foram formados por uma onda de decisões péssimas.

Se isso fosse um filme, eu seria o protagonista irritante, aquele que ninguém consegue engolir, o que faz tudo errado, mesmo sabendo que vai dar merda, que nunca escuta os conselhos alheios e prefere seguir o que o idiota do coração manda. Esse definitivamente sou eu.

- Hyung, vamos sair hoje? – Jimin pediu pela décima vez aquele dia. Me perguntava quando ele iria entender que eu sou o tipo de pessoa que fica em casa por cinco dias seguidos se tiver a chance, apenas dormindo e assistindo série.

O contrário dele, que quer sair todas as noites, está sempre atrás de uma festa para ir, ou de alguém que o faça companhia para uma noite de bebedeira. Jimin gosta da vida lá fora, das festas, das pessoas, dos drinks coloridos, gosta de sair e gastar dinheiro com coisas fúteis, gosta de tirar fotos. Jimin é o personagem divertido.

- Por que temos que sair se podemos ficar em casa e assistir este perfeito documentário sobre o reino animal? – perguntei me sentando no sofá ao lado dele.

- Hoseok, você precisa sair, conhecer pessoas, socializar, beber – explicou, enquanto eu colocava o episódio do documentário para reproduzir – Não ficar aqui assistindo sobre como os pinguins se reproduzem.

- Não é sobre como eles se reproduzem.

- Tanto faz – rolou os olhos – Eu conheço uma pessoa que está dando uma despedida de solteiro agora.

- Não sei, não, Jimin – resmunguei me encolhendo no sofá, assoprando o café antes de beber.

- Por favor... – pediu juntando as mãozinhas, o fazendo parecer ainda mais fofo que o normal.

- Tudo bem – concordei, revirando os olhos e sorrindo ao vê-lo comemorar animado.

Ele desligou a TV e me arrastou até o quarto, me fez estar arrumado em exatos vinte minutos e saímos as pressas. Sequer tive a chance de me arrepender.

No táxi, Jimin não parou de falar por um segundo, não que eu não goste das conversas dele, só acho incrível a facilidade que ele tem de manter uma conversa por tanto tempo. Queria eu saber como não deixar o assunto morrer.

Quando Taehyung e eu nos conhecemos foram longos momentos constrangedores. Ele era legal, eu gostava da risada e do sorriso dele, também gostava de conversar com ele, mas não sabia como fazer isso. Se dependesse de mim não teríamos chegado à lugar nenhum. Eu vivia com medo dele desistir de mim por eu ser o ser humano mais desinteressante do mundo, mas Taehyung é insistente, podemos ter demorado para chegarmos onde chegamos, mas valeu a pena. Taehyung lutou muito pelo espaço que conseguiu na minha vida.

Assim que chegamos a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: merda, onde foi que eu me meti.

Jimin me puxou para dentro, cumprimentando meia dúzia de pessoas a cada quinze segundos. O lugar era iluminado por uma luz vermelha, o som estava alto e as pessoas passavam de um lado para o outro, esbarrando umas nas outras, aos berros, com copos coloridos nas mãos.

Pegamos quatro doses para começar, duas para ele e duas para mim. Não demorou para Jimin se enturmar com algumas pessoas do bar, eles riam alto a cada dez segundos, enquanto eu somente concordava com a cabeça e sorria.

Em um certo ponto eles se juntaram para dançar, alguns saíam aos beijos outros pareciam bêbados demais para qualquer coisa. E eu precisaria de muito mais álcool no organismo para aguentar aquela noite.

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