[9] Hippie

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17 de Junho, 2017

Acho que era domingo, ou sábado. Não me lembro bem, estava frio como na maioria das vezes, eu sequer teria cogitado a ideia de sair de casa naquela manhã se não estivesse tão entediado, não tinha nada de interessante na TV, nada de “bom" para comer, nenhuma novidade nas redes sociais, simplesmente não havia nada ao meu redor com o que me ocupar. Aqueles momentos que você se sente obrigado a ser produtivo, mas universo quer que você continue quieto na sua. Tentei voltar a dormir, mas como disse antes sofro com meu sono desregulado. Não sentia sono, mesmo que não tenha dormido o suficiente na noite anterior.

Com isso, decidi ir até Taehyung. Tinha a certeza de que ele ainda estaria dormindo, mas pelo menos poderia me ocupar com algo na casa dele, como por exemplo: organizar a bagunça que aquele lugar é. Não que eu goste de sair por ai arrumando tudo, mas é bom estar em um lugar organizado, sabe?

Ao destrancar a porta e entrar na casa, a primeira coisa que me chamou atenção foi a cafeteira quase que vazia sobre o balcão e ao lado uma xicara amarela. Ele estava acordado, sabia disso porquê ele nunca bebe tanto café assim, somente quando decide virar a noite.

- Hyung?

Sua voz ecoou pela casa, vinda provavelmente de seu quarto. Eu disse que ele estava acordado, provavelmente entretido com algo.

- Sou eu – respondi, caminhando em direção ao corredor, a maioria das luzes ali estavam apagadas, seria um corredor bastante intimidador se não houvesse uma pilha de roupas ao lado da porta do banheiro e alguns quadros engraçados que Taehyung comprou em bazares da vida.

Acho que nunca contei, mas ele sempre me aparecia com quadros, enfeites e até mesmos livros que encontrou nessas feiras de novos e usados. Ele diz que gosta da “história” por trás do objeto.

Taehyung é um hippie feliz.

- Por que está acordado? São nove da manhã – questionei ao entrar no quarto, o encontrando deitado na cama com um livro erguido na altura do rosto.

- Escuta só isso – se sentou rapidamente, cruzando as pernas e folheando as páginas do tal livro.

Me sentei na beira da cama, esperando que ele começasse a leitura.

– Posso? - concordei com a cabeça, ele soltou um suspiro antes de voltar o olhar para a página, fazendo o cabelo loiro desgrenhado cair sobre seu rosto – “Não quero que fique porque é conveniente. Porque a cama está arrumada todos os dias e tem a luz do sol mais linda que você ja viu.
Não porque meu corpo é grande.
E o caminho entre meu peito e o púbis é o mais confortável por onde sua língua já passou. Não porque fico de quatro, cinco e seis pra que você entre em mim da maneira mais fácil e prazerosa possível. Não quero fique porque meu prazer foi a melhor coisa que você recebeu. Tanto que poderia facilmente confundir com afeto.
Eu quero que você fique porque, embora eu seja bom em todos esses movimentos, Eu sou ainda melhor em amar.”

Taehyung mordeu o lábio e ergueu o olhar para me encarar. Meu coração simplesmente disparou. Não era só um texto, não eram só palavras, não era “só” aquilo, era mais, muito mais e Taehyung sabia disso, ele sabia porque de todos os textos que tinham naquele livro foi aquele que ele escolheu ler pra mim. Todos temos frases, trechos de livros ou músicas que gostamos até demais, mesmo sem nenhum motivo eminente, apenas gostamos. Aquele se tornou meu texto favorito, eu o decorei, eu o li e reli diversas vezes e continua me trazendo aquele mesmo sentimento inexplicável e irritantemente confuso, que faz meu coração palpitar e me traz memórias dele, talvez seja esse o motivo de eu gostar tanto, porquê foi ele quem leu, porque me lembra ele ou talvez eu só goste porque é um texto bonito.

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