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QUANDO TUDO COMEÇOU

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QUANDO TUDO COMEÇOU.

Acordo me sentindo especialmente mais leve esta manhã. Lá fora os pássaros cantam sobre as copas das árvores frutíferas, que se balançam ao vento ao pé da janela do meu quarto. O sol brilha radiante e seus raios chegam a invadir o cômodo através das paredes de vidro livres das cortinas blecaute. Mexo-me na cama espaçosa e sinto o volume da caixa que ficou esquecida em cima do colchão e percebo que adormeci agarrado ao álbum que ganhei de presente da minha filha e agora ele está caído ao meu lado, largado de todo jeito. Com uma respiração profunda me sento no colchão macio, sentindo uma expectativa diferente cair sobre mim. Pela primeira vez em anos não sinto o rancor, a amargura e nem toda aquela raiva que comandava a minha vida fria e solitária. Estou particularmente feliz e isso me faz sorrir. É uma felicidade diferente. Tenho um novo motivo para sorrir e pensando assim, saio da cama exultante e tomo um banho demorado. No espaçoso closet, olho as minhas roupas arrumadas de uma forma dedicada nas prateleiras e alguns ternos estão estendidos nas ombreiras. Ternos, camisas, gravatas, tudo arrumado com muito esmero. Observo as cores sérias demais das roupas e solto um resmungo mental. Droga, preciso mudar esse repertório. Preciso de algo mais formal, menos evasivo, confortável. Meneio a cabeça e sorrio novamente. Tenho feito isso repetidas vezes nesses dois dias. Sorrir era algo mecânico para mim, genuíno mesmo só quando eu fechava algum negócio muito lucrativo, mas agora é uma opção. Eu simplesmente tenho vontade sorrir e de mostrar para o mundo que tenho motivos para fazer isso, apesar das últimas descobertas. Ponho apenas uma calça social, uma camisa com as mangas dobradas até a metade do meu braço e me olho no espelho. Esse definitivamente não parece o Edgar Fassini de ontem ou de anos atrás. Há um brilho diferente em meu rosto. Respiro fundo e satisfeito, saio do quarto. No corredor olho as horas e me surpreendo ao ver que já são quase oito horas da manhã e mais uma vez me pego rindo, por que isso nunca aconteceu comigo antes. Desço as escadas e encontro a alegria dos meus netos ecoando pela sala de visitas bem decorada e me pego triste por vê-los prontos para irem à escola. Caio é o mais sapeca, está sempre fazendo alguma gracinha. O Jonathan já é mais estilo rapazinho e a Cristal parece uma princesa. É realmente uma pena! Eu realmente queria ter acordado mais cedo e poder curti-los um pouco mais.

- Vovô! - Os gêmeos gritam eufóricos e correm para mim. Logo o Caio percebe a minha presença e faz o mesmo e feliz, recebo o abraço coletivo, beijando cada um deles. Penso em Rose. Ela teria amado essas crianças, essa espontaneidade, essa alegria infantil. Quando o abraço coletivo e animado termina, eles fazem algo que eu não estava preparado, não ainda.

- Sua benção, vovô! - Eles pedem me estendendo suas mãos pequenas. Muita coisa nova para somar. Penso emocionado. Seguro suas mãozinhas uma a uma e lhes abençoou como o meu avô fazia, quando eu era apenas um menino.

- Bom dia, Edgar! - Luís diz surgindo na sala, vestido como um executivo exemplar.

- Bom dia, Luís! - respondo ainda sem jeito. Ele beija a minha Ana na testa e se despede dela, no centro da sala, em seguida sai com as crianças e ficamos apenas eu e a minha filha.

3. FRAGMENTOS DO PASSADO -  APENAS DEGUSTAÇÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora