Capítulo 1

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Ouço o barulho da porta abrindo, com seu rangido continuo e lento. A luz vinda de fora de fora invade meu quarto e clareia vagarosamente a roupa suja no carpete macio, a luz fazia com que o corpo de quem se aproximava de minha cama ficasse escuro, o vento do ar condicionado fez com que o cabelo da pessoa levantasse como naquelas  cenas de filmes e por causa disso eu já sabia quem estava lá, era minha irmã mais velha, Maia. Ela liga a luz e faz com que eu esconda a minha cabeça pra baixo do meu edredom de galáxia, pude sentir ela sentando do meu lado e puxando o edredom pra fora da cama.
— É hora de acordar - disse ela enquanto acariciava minhas bochechas - Já são 8:15 você vai se atrasar, Payt.... - Murmurei um pouco e me estiquei jogando-a pra fora da cama.
— O que tem pro café da manhã?-  disse, coçando meu olho.
— O seu favorito... - arregalei os olhos, respirei fundo e disse com o maior entusiasmo:
— PANQUECAS? - ela fez que sim com a cabeça.
Maia saiu de meu quarto tentando desviar seus pés da roupa jogada e depois fechou a porta, juntei a roupa do dia anterior em um canto esquecido de meu pequeno quarto com as paredes vermelhas, abri a porta e com minha cara amaçada somente com um pijama de pinguim e uma cueca de âncoras que andei em direção ao banheiro acenando e dando bom dia aos meus pais que faziam o famoso clichê dos cafés da manhã dos americanos:
PANQUECAS
O banho foi rápido e revigorante, com as luzes opacas e a fumaça vinda da água quente em meu corpo eu consegui fazer uma combinação perfeita para alguém que precisa de uma manhã tranquila. Pus minha roupa e fui para a mesa da sala pensando na deliciosa panqueca na qual eu iria degustar por no máximo 10 minutos... os 10 minutos mais preciosos do dia. Ainda com o cabelo molhado e bagunçado fui de encontro com meus pais para dar um bom dia com mais gentileza do que o primeiro.
— Bom dia Payt! - Disse ela enquanto estampava um lindo sorriso de ponta a ponta de seu rosto
— Bom dia mãe! - eu a abracei e logo me afastei com ela me examinando.
— Nossa filho... essa olheira está horrível, estudou muito ontem com seu amigo? - disse ela espantada e com as sobrancelhas um pouco enrugadas.
— Ray e eu ficamos uma boa parte da madrugada estudando.
— Eu te disse que psicologia não é fácil... Palavra de quem já sofreu o mesmo.
Eu a encarei e fui em direção ao sofá pra degustar minha deliciosa panqueca cheia de calda, mal tinha dado a primeira garfada e Maia tinha começado a surtar.
— EU NÃO ACREDITOOOO!! - ela começou a dar pulinhos pela casa igual uma criança de 6 anos quando descobre que os cangurus pulam. Ela pula na minha direção me mostrando o celular - A NOSSA BANDA FAVORITA VAI ESTAR EM VANCOUVER NA SEMANA QUE VEM AQUI - Eu arregalei meus olhos e apenas deixei minhas panquecas de lado e comecei a dar pulinhos junto com ela
— O que meus dois cangurus estão fazendo? - disse minha mãe com olhar de desconfiada
FALL OUT BOY  VAI ESTAR AQUI NA SEMANA QUE VEM - disse Maia. Minha mãe vira o olhar a meu pai que estava em uma ligação importante de sua empresa, ele pediu licença na chamada e disse sussurrando:
— Olha, sera que podemos falar disso mais tarde?
Olhei no meu relógio e vi que era hora do ônibus passar, peguei minha mochila e corri para o ponto de ônibus minha mãe já estava acostumada com a situação de pressa e estar atrasado.
  Entrei no ônibus e sentei ao lado de Barbara, uma amiga antiga minha, que de costume estava com os olhos castanhos totalmente fixados em sua obra favorita: Harry Potter. Fizemos o nosso "toca aqui" especial e então logo notei que tinha alguém faltando, olhei para os lados e pude perceber que Ray, meu melhor amigo, não estava lá, minha pressão subiu e a respiração ficou ofegante, imaginei que ele na volta pra casa tinha sofrido um acidente ou algo similar. Preocupado com Ray pois ele nunca faltava nem mesmo com a fratura mais grave ele faltaria uma aula, pus minha mão no ombro de Barb e perguntei tentando passar firmeza e calma mesmo não estando tão pleno assim.
— Sabe onde está o Ray? - seu olhar me faz sentir que estou por fora de alguns assuntos. Meio indignada e abismada, ela para sua leitura e fala:
— Então você não viu? - ainda mais preocupado e curioso, com um tom de voz um pouco mais alto eu digo:
— Não vi o que? - ela aponta para o ultimo banco e vejo Ray esparramando e babando no banco desconfortável do pequeno ônibus
— Ele esta exausto, depois de ter estudado com você ontem ele ainda teve que suportar os pais brigando.
Eu me virei e tentei tirar um cochilo enquanto seguimos o caminho monótonoque era até a escola. Os quebra-molas fizeram com que Ray caísse dos bancos mas eu acho que o chão era mais confortável do que os bancos do próprio ônibus, eles também não me deixavam adormecer porém, adormecer já não fazia sentido pois já estávamos na esquina de minha escola.
Pego as minhas coisas e as coisas espalhadas pelo ônibus vindas da mochila de Ray, coloquei  a cara de acabado e com olheiras consideravelmente piores que as minhas  em meus ombros e o carreguei com ajuda de Barb.
1 hora de aula... 2 horas de aula... 3 horas de aula e nada do professor descansar sua voz, meus dedos estavam vermelhos de tanto escrever, a minha mão já estava tendo tiques nervosos. Barb me olha e sussurra tentando ser discreta:
— Relaxa um pouco, eu comecei a gravar a aula - ela aponta para o celular gravando em cima da mesa do professor pois o mesmo tinha confiscado, mal sabia o tagarela que o tiro tinha saído pela culatra. Ray continuava a cochilar e próximo das 4 horas de aula sem dar um pingo de descalço para nossas mãos e as cordas vocais, o professor finalmente da uma pausa de 30 minutos e a unica coisa de eu pude a não ser Barb reclamando do professor, foi a turma dando um suspiro de felicidade. Eu e Barb aproveitamos para tirar um cochilo e fazer companhia do sono para Ray, os outros alunos foram lanchar porém comida para o nosso trio não era problema pois o tráfico de batatinhas corria solto pela aula cansativa de Snart, meu professor. Porém algo estava estranho eu já tinha dormido demais, unicórnios saltitantes com a cara de minha irmã em um mundo de doces. Esse sonho definitivamente tinha ido longe de mais. Sinto a baba escorrendo pels minha blusa me deixando molhado e com frio o mesmo frio que me fez despertar depois de um tempo. Ray e Barb despertam comigo e o professor estava no final do capítulo da aula, nos olhamos e respirando fundo o desespero tinha chegado a tona afinal

Como tínhamos conseguido dormir na aula inteira?Salivando um pouco digo ainda meio sonolento:
— Nunca mais - parei e bocejei - Nunca mais vamos estudar até tarde, Ray...
— Nunca mais mesmo maninho - demos um Hi-5.
Tentamos dar o máximo de atenção para o resto de aula que havia sobrado porém a única coisa que sobrou foi uma aula gravada pela metade no celular sem memória de Barb e não pude perceber nos olhares de meus amigos uma expressão de "Vai ter que servir". O sinal barulhento tinha tocado e a aula tinha acabado, mais um dia se passou. Caminhando para fora da sala não pude deixar de observar que metade da turma simplesmente tinha dormido junto conosco, apenas 12 pessoas no máximo não estavam drogadas de sono e de sonhos estranhos
— Essa faculdade tem sérios problemas em itinerários. Por o dia inteiro de uma matéria é querer promover um genocídio contra os alunos - disse Barb enquanto o professor dava um aviso.
Apenas nos despedimos e seguimos nossos caminhos, Barb pra casa dos avós, Ray pra casa dos pais problematizados e eu pra minha clichê e doce casa com a minha clichê e doce família. A casa podia ser clichê mas ela era muito aconchegante, principalmente quando você esta morrendo de vontade de dormir.
Eram 21:45 quando cheguei em casa, eu era o último a ser entregue pelo ônibus da faculdade, abro a porta de casa e me deparo com uma mesa de jantar farta, apenas jogo minha cabeça para trás.
"Ainda tem essa etapa do dia a ser concluída" - pensei.
Me sentei na mesa ao lado de minha irmã e comecei a tentar prever o que cada um falaria de seu dia:
Maia Sean/ vulgo minha maninha : A julgar pela roupa amassada, cabelo bagunçado e olhos recaídos de cansaço e ombros totalmente soltos, ela teve um dia cansativo no laboratório mas mesmo com tanto cansaço deve ter dado uns amassos no Jonathan o cara de quem ela tanto fala pro nosso pai.
Ariadna Sean/ vulgo mãezona: Reparando no jaleco desabotoado, com o rosto todo suado e com alguns arranhões no braço, pode se dizer que o ar condicionado do escritório parou de novo e que ela atendeu o Jack, um menino com síndrome do pânico que quando se sente ameaçado sai arranhando todos pela frente.
Joe Sean/ vulgo pai sem tempo pra família: O meu pai é sempre difícil de prever pois ele sempre esta com a mesma aparência, com a mesma expressão e sempre com o celular no ouvido resolvendo algum problema da empresa ou negociando alguma coisa.
Jantei e logo segui para meu quarto, minha barriga cheia só me deu mais sonolência. Tirei meu sapato, short e blusa ficando apenas com minha cueca escrita "Esse é o meu garoto" e me joguei na cama e do jeito que eu cai eu fiquei, imovel sem vontade de mexer um músculo. O vento do ar condicionado deixava meu quarto com condições ainda melhores para dormir por 10 horas. Me encolhi um pouco na coberta e finalmente tinha pegado no sono, minha respiração fluia melhor, a sensação era boa e eu sentia que meu corpo estava precisando disso mas podre Payton não sabia que tal sensação iria durar tão pouco. Eram 23:57 e meu celular vibrou e começou a tocar com o nome de Sunday, dei um sorriso de meia boca e senti minhas bochechas um pouco mais vermelhas, atendi o celular mal escutei a voz do Sunday e já me sentia mais feliz do que estar dormindo.
— Payt? - disse ele com um tom calmo, que me deixava a flor da pele.
— Eu mesmo - disse, com tom meio bobinho.
— Pode vir aqui fora? Eu tenho uma surpresa pra você.... Payt? Ainda está na linha?
Eu corri e peguei meu roupão preto um pouco sujo mas dava pro gasto. Na pressa que eu estava para atender a porta fiz um pouco de barulho com meus passos fortes no chão mas nada que fosse acordar a casa pois todos estavam cansados. Abri a porta e vi a rua escura com apenas uma luz acessa do poste, eu fui e dei dois passos a frente chamando ele pelo seu apelido
— Sunday........ Você esta ai?
Um carro q estava na frente da casa de minha vizinha abriu a porta. Fiquei menos tenso e meu sorriso voltou.
— Sunday, eu estava morrendo de saudade.
Um carro chegou e estacionou bem na minha frente, abriu a porta e saiu. Eu me assustei e dei alguns passos para trás ele me encarou com um olhar hipnotizante e veio na minha direção, percebi que não era o Sunday e tentei correr de volta pra dentro da casa mas já não havia volta, o rapaz não identificado pulou em cima de mim e me imobilizou, eu pude ouvir outras portas de um carro abrirem mas eu não consegui ver pois o rapaz colocou uma venda em mim. Eu tentei pensar na melhor alternativa possível pra situação mas eu não via outra opção a não ser gritar e me esperniar. Eles me amarraram e o cara do outro carro tentou me ajudar, era o Eric ex namorado da minha irmã que com um boque de rosas bateu nos 3 caras os espinhos apenas os arranharam mas nada adiantou. Eu fiquei no chão ali amarrado enquanto os outros homens batiam no Eric. Eu não pude fazer nada além de ouvir seus gritos de dor que nessa altura tinha acordado os meus pais e vizinhos, eles sairam de suas casas e quando a identidade dos outros 3 rapazes foram quade reveladas eles me pegaram e me colocaram no porta malas. Eu não sabia oq fazer, só me restava desespero e suposições, eu suava muito e sentia meu corpo tremer de tanta adrenalina eu tinha em minhas veias.

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