Alma Livre Para Dançar

Capítulo 5

-O que vai fazer hoje à noite? -Pergunto.

-Acredito que nada de importante, por?

-Está afim de sair pra jantar? Não sei como te agradecer pelo o que está fazendo, então se quiser sair eu pago a conta. -Sem dúvidas ele não esperava por isso, sua cara de espanto estava bem visível em seu rosto.

-Claro, por quê não, pode ser as 20:00?

-Está marcado.

-Eu busco você em casa e então decidimos onde vamos comer, pode ser? -Quantas vezes ainda vou ficar envergonhada por causa dele?! -Tudo bem, eu mando o endereço por mensagem.

Nos despedimos e seguimos cada um seu caminho. Eu chego em casa e vejo meus pais na cozinha pegando ingredientes para o macarrão quando subo as escadas para meu quarto, indo em direção ao chuveiro tomar um banho e me arrumar. Ponho meu vestido preto com detalhes em branco, minhas sapatilhas pretas e minha bolsa de mão para combinar.

Desço as escadas me deparando com meus pais que ficam com olhares curiosos ao me verem vestida com algo que não seja um moletom.

-Onde vai vestida assim? -Minha mãe pergunta animada.

-Vou jantar fora com um amigo. -Respondo no mesmo tom.

-E quem é esse seu amigo? Espero que seja alguém de juízo. -Meu pai fala, advertindo-me.

-Não precisam se preocupar, ele é de confiança, e além do mais só vamos jantar porque ele está me ajudando com a dança, é em forma de agradecimento. Eu volto antes da meia noite, eu ligarei se acontecer qualquer coisa. -Eles são bem liberais com isso, pois sabem que podem confiar em mim, então os dois afirmam com a cabeça e me desejam uma boa noite.

Um carro estaciona em frente a minha casa e a campainha é tocada. Eu abro a porta e o vejo vestido com uma camisa social branca, calça jeans e sapatos pretos. Ele cumprimenta meus pais de longe e então saímos com sua Hyundai Tucson preta.

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-Eu pensei que estaria cansada depois do ensaio. -Ele começa uma conversa para não ficar com o típico silêncio embaraçoso.

-Não, tudo bem, eu precisava lhe agradecer de alguma forma.

-Por que isso é tão importante pra você? -Ele pergunta, me deixando confusa.

-Isso o que?

-Que eu te ensine. Você parece tão desesperada por isso.

-Eu não sei ao certo, só sei que quero descobrir novas coisas e superar meus limites. A dança em si é importante para mim, é o momento em que me sinto livre e que posso mostrar ao mundo o que eu sinto, mesmo que não seja com palavras.

O silêncio consome o lugar novamente enquanto ele digere minhas palavras.

-Mas não vamos falar disso essa noite. Nos tratamos tão informalmente mas mal nos conhecemos, por quê não começamos por ai? -Falo tentando puxar assunto.

-Tudo bem, o que quer saber?

-O que te troxe a Seul? Até onde sei você morava em Busan.

-Acho que eu não tive um motivo específico, eu só precisava de uma mudança de ares. Pensei em morar sozinho pra ver no que dava e minha mãe concordou, ela só não esperava que fosse em outra cidade. -Ele ri enquanto explicava. -Mas agora é minha vez de perguntar.

-Fique a vontade.

-Você e aquele tal de Chung-Hee são namorados ou algo assim?

-O que?! Não... não somos, por quê pensou uma coisa dessas? -Falo gaguejando de nervoso, ele me pegou desprevenida com essa pergunta.

-Ah não sei, vocês parecem próximos, só estava curioso. -Ele ri do meu nervosismo. -Mas afinal, o que vocês são então?

-Amigos, no caso melhores amigos. Nós fomos criados juntos desde a infância porque nossos pais eram bem próximos, então vivíamos indo na casa um do outro, e como temos a mesma idade estudamos na mesma turma.

-Entendi. Bom, chegamos, eu pesquisei um pouco e encontrei esse restaurante, me parece bom. O que acha? -Eu o analiso e parece ser bem aconchegante, não muito luxuoso mas bem organizado.

-Me parece ótimo.

Nós descemos do carro, entramos e nos sentamos em uma mesa vazia. Com o cardápio já em mãos nós fazemos o pedido. Comemos Kimbap e Chikin, acompanhados por soju. Após a refeição, saímos do restaurante e caminhamos pelas ruas para tomar um ar fresco da noite estrelada. A lua estava cheia e brilhando, iluminando o céu e a nós.

-A noite está linda. -Falei olhando para cima.

-Está mesmo. Sabe, eu estive pensand-

-Espera, ta ouvindo essa música?! -Falei animada e sem perceber que o cortei na fala. -É...

-I Found You (Kayden), eu conheço. -Comentou completando minha fala. -Eu dancei essa música na escola uma vez.

-Sério?! Parece que temos algo em comum. -Disse indo em direção ao poste de luz ao lado da calçada, pulando e me segurando nele enquanto dançava e cantava, relembrando a coreografia.

-Espera um pouco, essa é sua coreografia da escola?

-Sim, é de um video no YouTube de dança de casal, apresentei com um colega.

-Tá brincando neh? Só pode estar. -Ele vai até mim, e juntos fazemos a sequência de passos, como na dança de casais.

Começou a chover enquanto dançávamos, mas isso só nos incentivou mais. Estávamos rindo sem parar, correndo e pulando de um lado para o outro sem preocupações ou vergonha, apenas com sentimento.

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