C a p í t ul o VII - Fez-se primavera em seus corações

27 12 6
                                    

Incendiou, a chama se alastrou peito adentro e não houve saída de emergência, muito menos detector de amor, fora dado aviso prévio de que aquela composição na qual ele consistia era totalmente inflamável para alguém tão intenso como eu, mas ignorei as advertências, mesmo com o cansaço da viagem entre mil amores, um aventureiro jamais desiste de uma aventura, e uma eterna apaixonada jamais se nega a sentir paixão. O sentimento queimava com a força de mil sóis, se infiltrava em camadas onde nunca haviam sequer sido descobertas, não era algo casual ou parecido com qualquer uma das experiências já vividas, era diferente. A palavra ecoava em todos os cantos de meu interior, o coração gritava na tentativa de que meus lábios deixassem escapar qualquer som, mas não era o momento de dizer. E mesmo que nossos lábios jamais pronunciassem algo de tanta importância, era possível enxergar a verdade em nossos olhos. O amor estava subentendido na troca de olhares discretas, no toque extasiado de nossas peles, no compartilhamento de um café forte e um suco de laranja, nos abraços demorados, na ânsia de nos encontrarmos, nas conversas até mais tarde. Eu sabia que era correspondida. Mesmo não termos admitido um para o outro, eu sabia que você me amava tanto quanto eu te amava, mas a palavra amor se tornava tão minúscula perto da imensidão que transbordava em meu coração. Eu sabia que assim que a bomba explodisse tudo se tornaria mais real, pois a pronúncia em tom alto e claro, apenas iria decretar oficialmente o nosso destino. Mas eu não estava com medo, pela primeira vez não temi ao revelar o que se encontrava plantando em meu peito. Assim, logo que nossos olhos se encontraram, eu sabia que era o momento certo de entreabrir a boca e te revelar, e assim que pronunciei as três palavras mais belas que habitam em mim, escutei as três palavras mais belas saírem de seus doces lábios e inundarem minha alma; eu te amo. Tu colheste aquela flor e prometeu regá-la todos os dias, bateu na porta do meu coração e tirou os sapatos antes de entrar, e, apesar de toda bagunça que antigos moradores deixaram, tu não se importou de limpar, não se importou de consertar alguns móveis quebrados, simplesmente sentou no sofá e disse que esse cantinho pequeno, do lado esquerdo do meu peito, era seu novo lar. Seja bem-vindo, amor.

Na Órbita de Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora