Capítulo 5

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Sinto um pequeno formigueiro na pinha perna, que logo se torna numa dor intensa. Reconheci, infelizmente, de imediato a dor horrorosa que me atingiu. Mal consegui abrir os olhos de tanta dor que tinha olhei para a outra rapariga, a número Um. Não era a única que estava a sofrer. Ela também. Cruzamos os olhares e reparei que também ela agarrava firmemente a sua perna. Uma luz quente e azulada iluminou o carro inteiro, a minha pele queimava tanto que mal percebi que se estava a formar um símbolo na minha perna, um símbolo lórico. Mas desta vez não era um símbolo desconhecido. Era o meu símbolo lórico. O que me protegia de ser morta. O mesmo que estava ao meu pescoço.

Ouço alguém a chamar Maya repetidamente. O rapaz que estava ao volante, chamava o que eu achava que era a outra Guard. O carro andava cada vez mais depressa e o rapaz ao volante. A dor na minha perna estava a diminuir até que felizmente só restou um ardor. Quando consegui realmente pensar apenas uma pergunta me aparecia na mente, Como é que isto é possível?

Outra vez.Como é que era possível outro de nós ter morrido? Afinal, só podíamos ser mortos por ordem e a numero Um estava bem à minha frente. 

Mal o condutor encostou o carro a rapariga saiu disparada. Segui-a. Só queria respirar ar puro e frio. O contraste do calor que estava dentro do carro com o frio de Inglaterra deu-me nos ossos.

-Mas o que é que aconteceu?- Perguntei.

-Eu não faço ideia!- Diz a rapariga loiro um pouco mais velha que eu mas sem dúvida com mais "sabedoria".

-É o meu símbolo! Não faz sentido, eu não estou morta e no entanto tenho gravado o meu símbolo agora nas duas pernas...Como?

-A única razão pelo qual as cicatrizes se formam é para nos avisar que somos os próximos... a não ser...- Ela faz uma pausa no seu discurso.

-A não ser..?- Insiste o rapaz que agora se encontrava ao lado dela.

-A não ser que o feitiço se tenha quebrado!- Completo em pânico. Se isso realmente fosse verdade estávamos todos feitos. 

O encantamento lançado pelos Anciões de Lorien garantia que só podíamos ser mortos pela ordem dos nossos números, e isso sempre me protegeu. Por alguma razão agradecia aos anciãos por não ser a número Um e estar protegida mas agora é o mesmo. Ate hoje pelos vistos. Agora estava exposta à morte. Isso nao é nada bom

-O encantamento apenas funciona enquanto nos mantivermos separados!-Diz rapidamente a Número Um.

-Então se nós nos juntarmos isso enfraquece o feitiço e expõe o próximo Guard?- Pergunto um pouco duvidosa.

-É bem possível, mas eu não tenho a certeza, Hilde, a minha Cêpan nunca me falou disto.- Respondeu-me a rapariga.

-Mas então se o nosso aproximamento fez com que o feitiço avança-se para o número três expondo-o, como é que a tua cicatriz nos apareceu? Estiveste com mais algum Guard?

-Não...no momento que ganhei a cicatriz eu estava sozinha com o Damion.

O rapaz acena com a cabeça confirmando o que ela me dizia. Fico pensativa. Porque criar um encantamento que só nos protege se estivermos separados e quebra de nos juntarmos. Sempre tive essa pergunta. Se é suposto um dia lutarmos todos juntos o encantamento não é o mais adequado. Comecei a mexer nos meus caracóis à procura de uma resposta mas nada.

-A não ser que algum dos outros se tenha juntado e o feitiço enfraquece também pela ordem dos nossos números! Logo quando algum deles se encontrou o feitiço avançou para ti, deixando-te também exposta à morte.- Diz ela quase respondendo a todas as minhas dúvidas.

-Faz sentido!- Digo. -Apesar de o feitiço enfraquecer ainda permanece nos últimos Guard's e isso de certa forma protege-nos até que estejamos todos juntos.

-Meninas, por mais que eu queira continuar esta conversa, que é super interessante, acho que devíamos voltar à estrada. Ainda estamos muito próximos de Londres.- Fala finalmente Damion depois de ouvir atento tudo o que eu e a sua amiga  discutíamos.

-Tens razão, devíamos voltar para o carro e afastarmos-nos o mais rapidamente daqui- Diz a Número Um enquanto abria a porta do carro e se sentava. Tanto Damion como eu fazemos o mesmo e logo voltamos à estrada.

-Então para onde vamos?- Pergunta Damion.

-Devíamos sair do Reino Unido. Mudar de continente até.- Respondo. Era sempre o que Conrad fazia sempre que desconfiava de alguma coisa.

-Concordo plenamente. Temos que ir para um aeroporto e rápido, mas fora da Inglaterra -Diz-me ela- A Escócia é mesmo aqui ao lado e se nos apresarmos ainda conseguimos apanhar um avião antes dos mogadorianos chegarem mais perto.

-Vamos para a Escócia então!- Exclama Damion.

-Ah desculpa, eu acho que ainda não nos apresentamos formalmente, eu sou a Maya.- Diz a Número Um, aliás Maya virando-se para o banco de trás, estendendo a sua mão.

-Maggie, muito prazer.- Apresento-me enquanto estendo a mão ao encontro da dela. Finalmente encontrei outro Guard penso, acho que um aperto de mão é demasiado formal e impessoal para o que estou a sentir agora. De alguma forma acho que agora talvez tenhamos uma hipótese de recuperar Lorien como os Anciões previam, todos juntos. Maya, era mais que um número, era o suficiente para mim.

Passámos algumas horas a conversar, eu contei-lhe a minha história e o porquê de ela não ter visto o meu Cêpan, como nos separamos antes de chegarmos a Londres, e eu chegei primeiro à casa combinada e Conrad nunca apareceu. Apesar de ainda só passaram alguns dias desde que eu não o vejo, suponho o pior. Somos treinadas para isso. Para não nos agarrarmos a uma pessoa ou lugar. No entanto espero sinceramente que ele esteja bem porque sinceramente, nós precisamos de toda a ajuda possível e a ajuda de um Cêpan vinha mesmo a calhar, visto que, ela já não tinha a sua. Hilde e Conrad, provavelmente ambos mortos faziam de nós duas Guard's desprotegidas.  A viagem de carro até Edimburgo foi calma, não vimos nenhum mogadoriano e fiquei a saber muito mais sobre a Maya e como é que ela tem treinado.Apesar de eu ainda não ter desenvolvido nenhum legado nem mesmo a telecinese a Maya sim. Estava ansiosa por treinar com ela, por ver como realmente os Legados funcionam.

-Estamos quase a chegar, tenho que encontrar estacionamento, comecem já a pegar nas vossas coisas e vão indo comprar os bilhetes para nos despacharmos, encontramos-nos la dentro.- Diz Damion.

Maya começa a pegar nas suas mochilas e eu faço o mesmo. Não tinha tido para fazer as malas por isso ajudei a pegar nas deles. Entramos dentro do aeroporto e fomos logo buscar três bilhetes, o voo mais cedo que havia para sair dali era um com destino a Itália, partia dentro de 20 min.

-Temos 20 min para ir buscar comida e entrar no avião, temos que ser rápidos.- Diz Maya enquanto pegava nos bilhetes e os guardava juntamente com o dinheiro e os seus outros pertences.

Não demoramos muito até encontrarmos alguma coisa para comer e como a viagem de avião ia ser longa decidimos comer mais no avião. Mal aterramos em Roma compramos outra passagem de avião para Toronto, para o dia seguinte, alugamos um quarto, comemos,tomamos banho e só tivemos tempo para dormimos algumas horas antes de voltarmos para o aeroporto.

Demoramos mais de meio dia para chegar ao Canadá e mais nove horas para chegar ao nosso destino final, a uma pequena cidade a norte de Vancouver. Mal chegamos, alugamos uns quartos numa pensão e acho que nunca estive tão cansada mas excitada ao mesmo tempo. Alguns dias atrás morria de medo só de pensar que Conrad provavelmente estava morto e que iria ficar sozinha. Mas eu não estava sozinha. Agora tinha outra Guard, a numero Um, Maya. Agora estou de novo protegida.

A Força Da Numero DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora