Capítulo 1

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Europa. O continente em que nos encontramos agora. Apesar de estarmos sempre em movimento, poucas vezes saímos da Europa e por isso mesmo já estivemos em todos os seus países. A verdade é que nunca interagimos muito com os humanos, Conrad encontrava sempre pequenas casas, discretas e sem muitos luxos, totalmente isoladas das restantes. Não é que gostássemos de não conviver com pessoas novas, mas era essencial para a nossa segurança mantermos este padrão. Em toda a minha vida na Terra, só vi um mogadoriano, tinha 7 anos e estávamos num país perto da fronteira com a Ásia. Conrad levou apenas segundos para pegar em mim e me por dentro do carro onde estava a minha arca lórica e todos os nossos pertences. Passámos o que nem chegou a ser um mês naquele país e num abrir e de fechar olhos já estávamos noutro, a milhares de kilometros de distância onde tínhamos visto aquele mogadoriano.

-Maggie, concentra-te!- Diz Conrad, meu Cêpan, com um tom de impaciência.

Não é fácil lutar com um homem com o triplo da tua idade, e provavelmente com o triplo do peso, mas como o meu Cêpan diz, é importante estarmos preparados para todo o tipo de oponente. Os mogadorianos de certeza que me vão facilitar a vida.

-Luta com todo o teu corpo, ainda és pequena e ágil, usa isso a teu favor.-Diz ele mais uma vez.

-Estou cansada.- Digo ofegante.

Nesse mesmo momento Conrad deixa de exercer força sobre mim e afasta-se, pegando logo depois nas garrafas de água que se encontravam praticamente vazias depois de 5 horas de treino e estende-me uma delas para a mão.

-Maggie, ainda não desenvolveste nenhum legado nem a telecinese, tens que usar tudo o que tens. E neste momento a única coisa que tens na tua posse, são as técnicas de combate. Tens que ser perfeita.

-Eu sei, mas não é fácil.-Insisto.

Desde que a número Um morreu Conrad exige mais de mim, 10 vezes mais. Esta cicatriz na minha perna tornou a minha sobrevivência neste novo planeta muito mais difícil. Até aqui, Conrad nunca me pressionou muito e deixou-me ser apenas a Maggie e não a Número Dois, uma das crianças destinadas a ressuscitar o nosso planeta. Sempre me senti sortuda nesse aspeto, de certo que muitos dos outros Guard's não tinham a mesma sorte com os seus Cêpan's. Mas agora não, Conrad intensificou os nossos treinos tantos físicos como psicológicos, ao menos ainda tenho algum tempo para ler. Ajuda-me a distrair-me do meu destino, focar-me nas histórias que os humanos escrevem, fictícias ou não, eu gosto de as ler e conhecer todas as culturas ao redor da Terra. Conrad nunca aceitou este meu interesse pelo planeta que habitávamos agora mas respeitava-o e sempre que podia arranjava-me novos livros e manuais para eu estudar. 

-Amanhã vamos ter uma aula com armas, por favor não fiques até tarde hoje a ler, precisas de descansar se não nunca vais atingir o teu potencial!- Informa Conrad enquanto se senta na secretaria e inicia os seus programas no computador para procurar tudo o que nos possa expor, ou a nós ou aos outros lorianos que se encontram na Terra.

Entro e deito-me no colchão do meu quarto,um pequeno cubículo onde cabia apenas uma cama e um pequeno armário. Peguei no livro que se encontrava mais próximo de mim e abri-o, no entanto fiquei a olhar só para as palavras do mesmo, não tinha grande vontade para ler agora, estava tão cansada, tão sobrecarregada, este ultimo treino esgotou-me e fecho os olhos . Quando volto a abri-los ainda tenho o livro nas minhas mãos mas o sol já brilha. Saio do quarto. Conrad está na cozinha, sentado à mesa, olhando para o jornal com a chávena de café da mão, e sei que ele está à procura de noticias sobre nós, como faz sempre, tentando encontrar histórias ou informações que nos possam dizer onde estão os outros.  

-Bom dia.-Diz ele.- Preparada para o treino de hoje?

-A verdade? Não. -Respondi-lhe. O meu Cêpan olhou para mim de lado mas voltou a beber o café e a ler o jornal.

-Mais dez minutos e depois começamos.-Diz ele ao levantar-se da mesa.

-Mas ainda nem oito da manhã são. -Digo um pouco indignada.

-Presisamente! É de manhã que se começa o dia. Os mogadorianos não vão esperar que sejam oito da manhã para te matar.

-Eu sei, eu sei.- Respondo revirando os olhos.

Tomei o pequeno-almoço um pouco à pressa e dirigi-me para o exterior da casa onde Conrad estava à minha espera. Ele tinha montado uma pequena mesa na parte de trás da casa, onde pôs várias armas, umas lóricas outras humanas, em cima da mesma, espalhadas e prontas para ser utilizadas.

-Escolhe uma.- Diz-me Conrad enquanto aponta para a mesa.

Chego perto dela e pego numa pistola simples mas que parecia potente, no entanto o meu Cêpan pegou numa simples faca lórica. Vai ser fácil pensei. 

Conrad afasta-se um pouco de mim depois de ter pego na sua arma, talvez ele também tenha percebido que a sua escolha não foi a melhor. Pego melhor na arma e dou o primeiro tiro, Conrad desvia-se da bala facilmente e começa a correr na minha direção, começo a dar uns passos para trás enquanto disparo alguns tiros mas Conrad desvia-se de todos. Talvez a arma não tenha sido a melhor escolha. Continuo a disparar mas de repente fico sem balas, mesmo assim não largo a arma e espero que ele chegue até mim. Ele dá me o primeiro golpe a que consigo escapar e atingo-o com a arma de fogo que perdera totalmente o seu propósito de disparar. O meu Cêpan também se desvia do meu ataque e faz-me uma rasteira a qual eu acabo de cair no chão e largo a arma, nesse momento Conrad encosta a faca lórica no meu pescoço e percebi que falhei em todos os momentos daquele treino.

-Às vezes a coisa mais simples é mais eficaz Dois. Não te esqueças disso nunca.- Dito aquilo, Conrad afasta a faca do meu pescoço e volta para junto da mesa onde poisa tanto a faca lórica como a arma de fogo que eu usará, carregando-a primeiro.

-Outra vez!- Diz ele voltando a apontar para a mesa.

Levanto-e do chão e percebo que, não só desiludi Conrad como também Lorien. Isto não ia ser fácil. 












A Força Da Numero DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora