A Força Da Numero Dois

Capítulo 8

Já tinha passado uma semana desde que chegáramos a Vancouver. Damion, Maggie e eu estávamos à procura de casas, havia imensas escolhas mas acabamos por optar por um T2 num prédio com mais de dez andares nos arredores da cidade. Mesmo ao lado do nosso prédio havia um parque, o ideal para irmos correr de manha e ainda tínhamos as praias não muito longe com enormes passadiços por onde dava para correr mais ao final da tarde.

Hilde sempre me disse para não termos uma rotina fixa, seria mais fácil para os mogs nos apanharem se a tivesses, no entanto era tão mais fácil ter tudo programado, não ter que pensar duas vezes, não ter que olhar por cima do ombro para ver se estávamos ou nao a ser seguidos. Damion estava se a tornar melhor que eu nesse aspecto. Mais cuidadoso.

Depois da nossa habitual corrida de manhã fomos para o apartamento tomar banho e trocar de roupa, felizmente o mesmo tinha duas casas de banho, algo incomum para um apartamento pequeno com apenas dois quartos mas foi algo que estava na nossa lista de prioridades, sendo três uma casa de banho só não iria resultar.

Combinamos muitas coisas durante estas ultimas semana, ate que a nova historia ficou pronta: Daqui em diante eu, Maggie e Damion éramos irmãos e portanto sendo Damion o irmão mais velho, era ele o responsável por nós, visto que dali, ele era o único maior de idade e o único que parecia realmente maior de idade...

-Toma!- Diz Damion enquanto dá à Maggie uma nova identidade para as mãos.

Felizmente Damion tinha alguns conhecimentos de informática e conseguiu criar novos documentos para nós, a partir de uns base que Hilde tinha deixado. Sinceramente, eu nunca me interessei por tecnologia e portanto sempre que Hilde me tentava ensinar alguma coisa nesse ramo, como por exemplo, saber apagar imagens da Internet, falsificar documentos, pesquisar por informações relativas a outros Guard's, eu nunca prestava muita atenção. Lembro de algumas aulas que a minha Cêpan me deu, consigo vê-la a explicar-me algumas coisas, no entanto, não a ouço. Parece que estou a ver vídeos sem som. Não é muito útil mas consigo matar algumas saudades dela. Recordar os velhos tempos. Sorri-o.

Olho bem para o documento, tanto para o que Maggie tinha agora nas mãos como para o que estava em cima da secretaria que pertencia ao Damion. Estavam incríveis. Damion só fez alguns documentos para ela e para ele, visto que eu não precisava pois tinha dezenas que a Hilde me deixou antes de morrer.

-Bom trabalho, irmãozinho.-Elogia Maggie.

Damion sorri orgulhoso e sorrio novamente. Tínhamos um belo caminho pela frente.

No dia seguinte tratamos de treinar para melhorar nossas habilidades, de novo. E fizemos o mesmo no dia a seguir e no outro. Maggie depois de quatro dias de treinos seguidos, pediu para ficar em casa a descansar. Primeiro não gostei muito da ideia mas depois lembrei-me que ela não estava tão habituada a lutar e ao esforço físico como eu, não a podia culpar. O seu Cêpan tinha insistido noutras áreas, ao contrário de Hilde a minha Cêpan. Estava visto que nem todos os Cêpans trabalham e nos ensinam de maneira igual, gostava de saber como serão os outros. Parecidos com Hilde ou com Conrad.

Damion e eu saímos de casa e como Maggie não estava connosco decidimos ir treinar para um parque mais distante de casa, ideia de Damion, para não nos tornarmos rotineiros. O parque ficava quase a uma hora de carro de casa, quando chegamos ao mesmo, começamos a correr e depois fizemos alguns exercícios para fortalecer os músculos. Depois distanciamos-nos para uma parte mais isolada do parque para podermos lutar. Eu ganhava sempre a Damion, algo normal pois utilizava os meus poderes lorianos, ou super velocidade em alguns golpes ou telecinese nele, para o deitar ao chão.

-Então? - Pergunta Damion indignado. Tinha voltado a usar os meus poderes.

Ultimamente usava os meus poderes mesmo quando estava quase a perder o combate e isso significava que Damion estava cada vez melhor. Embora seja para mim difícil admitir porque gosto sempre de ser a melhor, e tenho consciência que se fosse humana, Damion era muito melhor que eu, sem duvidas nenhumas. Mas sou loriana e tenho a minha força, velocidade, agilidade e despreza intensificadas. Nem sempre consigo controlar a minha força sobrehumana, especialmente em combates e momentos de tensão.

-Desculpa...-Peço enquanto saio de cima dele e ele se levanta do chão.

-Batoteira.- Diz ele a sorrir.

-Bem, são quase horas de almoço, voltamos para casa?- Pergunto-lhe.

-Sim é melhor.

-Uma corrida até ao carro?. Volto a perguntar-lhe.

-Sempre.- Responde-me e começa no segundo a seguir logo a correr.

-Hey? Espera!- Digo desta vez eu indignada e começo a correr eu atrás dele.

Rapidamente o alcanço, e sem usar os meus poderes lóricos percorremos o caminho sempre lado a lado, até nos aproximarmos do carro e aí corro mais rápido para chegar primeiro. Quando chego encosto-me ao capô e sorrio de orelha a orelha.

-Mais uma vez, batoteira!- Diz-me ele novamente.

Encolho os ombros sorridente. Ele encosta-se a mim e beija-me suavemente. Um beijo longo e demorado, um como não tínhamos à muito tempo desde que nos mudamos para aqui. A verdade é que não nos sentíamos ainda pouco à vontade com Maggie. Mais Damion que eu. Afinal ela é do meu povo.

O caminho de volta a casa foi mais demorado, o normal pois era hora de almoço. Quando chegamos Maggie estava sentada no sofá a ler um livro.

-Então como foi?- Pergunta Maggie.

-Muito relaxante, devias ter ido.-Respondo-lhe.

-Essa palavra não me parece que se adeque a treinos.-Responde-me ela de volta e aponta para o seu maxilar.

Primeiro não vejo nada mas só depois é que me apercebo que ela está a referir-se ao meu maxilar. Vou até ao espelho da entrada e olho para o meu maxilar. Uma nódoa negra. Ainda estava vermelha mas rapidamente se ia tornar roxa e depois preta. Sorrio e volto para junto deles para a sala.

-Como eu disse, relaxante.- Acrescento.

E rimos nos os três.