Capítulo 2; Na base da raiva

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Você é tão maleável e isso é tão trágico
Eu não sei o que diabos você fará
Quando sua aparência começar a se esgotar
E todos os seus amigos começarem a te deixar.

— Two Feet, I fell like I'm drowning

— ✦ —

     — Eu preciso ir embora, me deixa passar. — tento empurrar o mesmo.

     — Eu já falei que não. Além de enxerida é surda também. — o seu rostinho bonito, não se passava de uma máscara.

     — Diferente de você, eu tenho mais o que fazer. Não fico me satisfazendo batendo em outras pessoas. — empurro de uma vez. — Tchau.

     Saio daquela escola, minha mãe estava no carro esperando.

     — Por que demorou tanto? — abro a porta e jogo minha mochila e me sento.

     — Tava conversando com a coordenadora.

     — Você fez algo de errado?

     — Não, apenas falando o quanto eu gostei de escola. — conseguia ver seu sorriso pelo retrovisor.

     — De verdade filha?

     — Não tenho muita certeza, mas estou sentindo que será diferente.

(...)

     Após abrir a porta e ver que a casa aos poucos estava virando realmente um lar, me obrigava a aceitar que não teria mais volta.

     — Gilbert já foi embora, fizemos bastante coisas hoje.

     — Por que ele não ficou?

     — Ele ainda tinha que terminar de empacotar algumas coisas. — eu estava prestes a subir as escadas para ir ao meu quarto. — Filha, amanhã eu vou pintar seu quarto, já tem alguma cor em mente?

     — Azul está bom. — subo as escadas.

     Eu tomo um banho, troco de roupa e vou dormir. Por algum motivo me sentia exausta.

(...)

     "Que horas são?" — me perguntava ao acordar de repente.
     Pego o celular que estava no improvisado criado mudo, e eram 4:08AM, minha barriga estremecia, indicando que estava com fome.
     Desço as escadas e percebo que havia um brilho, era a televisão ligada e minha mãe no sofá dormindo, ela segurava algo em sua mão, era uma foto do meu pai.
     Ele era a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci, mas infelizmente a morte não liga muito para o carácter da pessoa.

     Vou até a cozinha, e tinha macarrão que minha mãe certamente devia ter feito para a janta, mas por algum motivo ela não quis me acordar. Ligo o microondas e agora é só esperar até que ele apite.

     Me sento na cadeira, coloco meu prato de macarrão encima da mesa e o devoro. Aquilo estava ótimo.

     — Que bom que você gostou filha. — dou um pulo da cadeira do susto que eu tomei.

O demônio Onde histórias criam vida. Descubra agora