Capítulo 17

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Ryan Jenkins

NA ÚLTIMA VEZ que Lana e eu brigamos, fiquei sem vir nas aulas pra não ter que encontrá-la. Dessa vez não faria isso, primeiro que precisava pedir desculpas, segundo que não podia mais tirar notas baixas. Estava a um passo de outra suspensão e caso isso acontecesse, não poderia jogar, o que acabaria com o resto da minha vida. 

Peguei o livro de biologia e caminhei em direção a sala. A mesa do fundo em que sentávamos era a única vazia e talvez ela nem viesse hoje, o que meu lado covarde achava que não seria ruim. Joguei a mochila no chão e puxei meu caderno. O professor chegou e fechou a porta, que foi aberta no mesmo momento pela única aluna que faltava... Lana. Usava uma calça justa, blusa de alças finas e sapatilha. Ela estava tão linda...

Caminhou em silêncio na minha direção e encontrou meus olhos, não demonstrando nenhuma emoção assim como ontem. Odiava isso. Um gosto amargo surgiu em minha boca me lembrando de toda a sua frieza e de nossa pequena discussão na biblioteca. Lana não me cumprimentou e sentou tão distante quanto a cadeira permitia, como se eu tivesse alguma doença altamente contagiosa. Talvez eu tenha., pensei com raiva.

- Oi. - sussurrei, olhando-a rapidamente. O professor começou a passar alguns tópicos no quadro, mas não me importei tanto quanto deveria.

- Oi. - sussurrou de volta fitando o conteúdo, como se precisasse mesmo prestar atenção. Seus cabelos faziam uma cortina, não me permitindo ver seu rosto direito. Cruzei os braços para me impedir de colocá-los atrás da orelha, como já a vi fazendo centenas de vezes. 

- Tudo bem? - perguntei, ainda encarando-a. Lana não retribuiu meu olhar e isso me causava um grande incômodo. Era tão chato me sentir assim.

- Ótima, e você? - perguntou parecendo desinteressada. Ainda não estava acreditando que havia estragado tudo, e ainda não fazia ideia do por quê me importava tanto. 

- Sim. - respondi. Os alunos da mesa ao lado nos olharam, mas fingi não vê-los. Estávamos sussurrando, não atrapalhava ninguém, e se alguém dissesse algo iria se ver comigo depois. - Sinto muito. - disse a ela. Seus lábios se transformaram em um traço fino.

- Já passou, Ryan. - suspirou. Estaria zangada?

- Sim, eu sei. Mas não acho aquelas coisas de verdade. Só falei aquilo pra me deixarem em paz. - expliquei. Ela ainda não me olhava... Como saberá que estou sendo sincero se ao menos olha pra porra da minha cara?!

- Tanto faz. - deu de ombros. Droga! Isso é muito irritante, que se dane. Me ajeitei na cadeira, completamente frustrado. Não a entendia, nada mesmo. Se ela não quer aceitar minhas desculpas então que seja, faça o que quiser. Mas não era justo, pelo menos dessa vez não foi culpa minha, só não queria que me incomodassem. Não estava mesmo sendo sincero.

- Tanto faz?! - falei mais alto sem conseguir me conter e ela me olhou pela primeira vez, acho que com medo do professor que sequer se virou pra nós.

- Sim. Tanto faz. - Lana respirou fundo. - Achava que era só um garoto mal compreendido, mas agora vejo que é só mau e ponto. - terminou. Senti um tremor passar por mim. E daí que ela pensa isso? Deixa pra lá!, meu subconsciente pediu. Mas eu simplesmente não conseguia, porque no fundo me importava com o que essa garota chata e irritante pensava, e me incomodava mesmo.

- Já te disse que não foi verdade. - insisti, me sentindo um idiota.

- E quanto tempo até isso se repetir, Ryan? Quanto tempo até termos essa mesma conversa? - agora me encarava, esperando por uma resposta que eu não conseguia dar. Seus olhos estavam brilhando e queria prometer-lhe que nunca mais seria um babaca. Infelizmente, não poderia cumprir com uma promessa assim. - E o pior de tudo é que me avisou que isso aconteceria, eu que fui teimosa demais. - Lana balançou a cabeça e senti uma pontada no peito.

NUNCA SE APAIXONE POR ESSE CARA (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora