Capítulo 7

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Lana Collins

MEU CORPO TODO tremia. A respiração estava se tornando cada vez mais difícil devido ao medo. Meu peito queimava e tudo parecia estar lento e rápido ao mesmo tempo, se é que isso era possível. Vão matá-lo. Estão chutando-o, está tudo tão sujo de vermelho e tenho certeza que vão matá-lo. Ele não reage. Por que não reage? Ele é sempre tão feroz, sempre tão bravo. Seus olhos estão fechados, e Deus! Como queria ver aqueles olhos negros me fitando com raiva agora. Queria tanto ouvir suas palavras hostis, e ficar irritada com sua implicância. Queria qualquer coisa, menos ver seu corpo caído, parecendo sem vida e coberto por sangue e ferimentos, enquanto três brutamontes o espancam. O que você fez Ryan Jenkins?, pensei enquanto as lágrimas do meu profundo desespero se espalhavam por minhas bochechas. Estava sozinha dentro do carro vendo-o morrer. Tenho que fazer algo, sei que tenho! Provavelmente morrerei também, mas pelo menos tentarei ajudá-lo.

Buzinei freneticamente uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Com o farol extremamente alto duvido que viram quem estava no carro, caso contrário não teriam largado os bastões no chão e corrido. A imagem de Ryan quando o conheci, me encarando com o olhar e o sorriso mais sombrios que já vi, aos poucos ia se desmanchando da minha mente, dando lugar a essa cena horrível. Ele parecia tão fraco e vulnerável.

Quando os caras finalmente viraram a rua, esperei mais dois minutos a fim de ver se voltariam ou não. Não voltaram. Talvez não precisassem, talvez já tivessem terminado o serviço. E se ele realmente estiver morto? Não podia estar... tínhamos tanto pra discutir ainda! Tinha que divulgar sua imagem de batom pra que ele ficasse nervoso. Tinha que irritá-lo. Tinha que ajudá-lo a passar naquelas malditas provas! Só por favor, Ryan, esteja vivo...

Desci correndo do carro e me ajoelhei no chão frio, machucando meus joelhos. Todo o seu rosto estava coberto de ferimentos e sangue. Sua boca estava entreaberta e inchada por causa dos cortes. E ele não mexia. Respirei fundo pra controlar meus nervos, sentindo o odor de ferrugem que vinha daquele líquido vermelho vivo.

- Ryan! - chamei, balançando-o com cuidado. Minha voz estava embargada e minhas mãos trêmulas. - Ryan, acorde! - o sacudi. Coloquei as duas mãos ao lado do seu corpo e abaixei a cabeça até seu peito, sentindo sua respiração fraca soprar em meu ouvido. Um pouco de alívio tomou conta de mim e agradeci aos céus. Corri de volta para o carro, estacionando o mais próximo possível dele, depois peguei uma garrafa de água e me ajoelhei de novo, esguichando um pouco da água em sua face. - Ryan, você tem que acordar, por favor! - implorei. Senti um calafrio e novamente fiquei com medo. E se eles estivessem escondidos e quando virem que sou só uma garota voltarem e matar nós dois? - Ryan! Ryan, por favor! - minha voz estava mais nítida agora, com a adrenalina se instalando em cada uma das minhas células. Joguei mais água. Meu coração batia forte, em extrema agonia. - Ryan! - rápido! Eles vão voltar! - Ryan! Me escute! Precisa acordar! - exigi, e então ele tossiu e abriu lentamente os olhos, não por completo pois estavam inchados.

- Lana... - disse meu nome, me reconhecendo. O esforço o fez tossir de novo. - Acho que morri e estou no... inferno. - tentou sorrir e sua expressão se contorceu, provavelmente de dor. Um pouco do peso que estava pressionando meu peito se desfez, mas ainda precisávamos sair depressa daqui.

- Se consegue fazer piada, consegue se levantar. - falei, feliz por ter acordado. - Estou com medo que aqueles caras voltem, por isso tem que chegar até meu carro, tudo bem? - Ryan fez que sim com a cabeça. - Ótimo! Vamos! - juntei todas as minhas forças para levantá-lo. Ele mal conseguiu ficar de pé e teve que se apoiar em mim. Finquei meus pés no chão para que não caíssemos. Ryan soltou um grande gemido quando joguei seu braço em meu ombro e comecei a andar. - Está indo muito bem, Jenkins. Mais um passo, ok? - o incentivei e caminhamos mais uma vez. Ele arfou com o esforço e a dor, dando um grito abafado. - Sabe quando disse que era péssimo jogando? Eu menti. Você é muito bom, tenho que confessar... quase tão bom quanto o Matt. - falei a ele, que quase sorriu, dando mais um passo. Quando melhorasse jogaria essas palavras em minha cara, mas por enquanto isso não importava. - E é muito forte. Vi como jogou mais cedo. Você é um grande jogador, Ryan. Agora só precisa dar mais um...passo! - insisti e chegamos em meu carro. O coloquei no banco com dificuldade e joguei suas pernas para dentro. Me debrucei sobre ele, travando o cinto, depois bati a porta, dei a volta e sentei do meu lado. Nunca me senti tão esgotada. Respirei fundo e liguei o motor, saindo daquela ruela escura rapidamente. - Aguenta firme, vou te levar pro hospital! - avisei.

NUNCA SE APAIXONE POR ESSE CARA (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora