i feel.

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[December, 12]

Novamente uma madrugada acordada, enquanto todos dormiam na torre. Estou acostumada até demais a passar noites e noites acordada sozinha por aqui.
Levanto da cama, indo em direção a geladeira na cozinha tendo o mínimo rastro de esperança que tenha algo bom pra comer, mas não gosto muito da cena que eu vejo lá.
Mutano está parado, olhando pela janela o mar bater nas pedras logo abaixo. Era impressionante o rosto dele e suas expressões. Era algo melancólico, triste e assustador. Até para mim, que já estou acostumada com tais coisas.

-Gar?-Pergunto.-

-O-Oh, Rae!- Ele automaticamente estampa um sorriso no rosto.-O que faz aqui essa hora da noite? Está na hora de pequenos demônios dormirem!

-Muito pelo contrário, essa é a hora que geralmente eles atacam presas indefesas como você.

Mutano fecha a cara, ao perceber que me escoro na parede de vidro.
Seu rosto parecia tudo menos com o rosto do menino verde de praticamente todo dia. Isso me deixava um tanto curiosa, como que algo ou alguém pode deixar ele triste? Achei que era uma missão impossível.
Eu queria poder falar algo para consola-lo, mas, sou tão problemática com sentimentos quanto ele.
Vejo ele abaixar a cabeça, encostar o braço na parede e fechar os olhos, como alguém que está tendo um conflito interno imenso.
Estendo a mão, para encostar em seu ombro e demonstrar apoio.

- Por favor não me toque.-ele diz, sério e firme.

- Eu quero entender, Mutano.-Chego mais perto, e ele finalmente cede, mas visivelmente segurando suas lágrimas.-

A saudade.
Ele fica revivendo momentos com seus pais, revivendo momentos felizes que teve, lembrando o tempo todo de quando sorria e de quando podia dizer que era feliz. Ele fica se prendendo a qualquer memória, mesmo que mínima de sua felicidade. Ele sente falta de quando era feliz por fora, e por dentro.
Eu pude ver o amor, o amor que no meio sempre me encontrava. Ele me amava, mas da forma dele. Imaginando uma noite comigo, me levando para passear e me fazendo rir, algo que era raro e que ele sempre gostava de ver. Ele imaginava uma vida ao meu lado, ele imaginava momentos românticos como passeios, viagens, filhos... coisas de casal fofo e clichê, que ele normalmente estava acostumado a ver.
Eu vi o conflito, eu vi o que ele sentia e o quão melancólico ele estava nesse dia. O quando ele estava se auto depressiando mentalmente, e o quanto ele se esforçava pra ser feliz, fazendo os outros felizes.
Ele se achava um monstro.

-Gar, me desculpe, eu não sabia...- Ele me interrompe, olhando pra mim aos prantos.-

-Rae, tudo dói.-ele disse, segurando a minha mão.-Eu queria não sentir isso, mas eu sinto. Não é como se eu controlasse isso.

Sinto os desejos, os medos, a vontade que ele tem. Nunca imaginaria que mutano sofreria desse jeito. Ele se afogaria em um mar de tristeza extrema se ele não fizesse piadas e estivesse sempre brincando.
Eu amo o jeito dele, por mais que eu negue para sempre e para todo mundo. Ele me anima, e mesmo que não demonstre, me transmite um pouco de alegria.

- Eu nunca iria imaginar, que você se sentia assim.-digo, colocando um pouco do cabelo atrás da orelha.

- as vezes, eu lembro da minha mãe.-ele diz, novamente olhando para a água.-Ela adorava a praia, é meio tosco lembrar da sensação que eu sentia quando estava com ela, e não dela em si. As vezes eu sinto falta do carinho dela, do amor que só ela conseguia sentir por mim.

-Como assim, Garfield?-Franzi a testa.

-Quem amaria alguém como eu, Ravena?- Ele me olha, zombando de si mesmo.-Eu não sou inteligente ou super forte, eu nem mesmo tenho a cor de um ser humano!- Ele abaixa as orelhas, um tanto que entristecido.-eu sou um monstro.

Talvez, eu e mutano não sejamos tão diferentes assim.

- Eu entendo como se sente.-olho para ele, segurando a mão do mesmo, sentindo toda a sua energia.-Eu também tenho partes minhas que não consigo controlar, sou tão complexa quanto você. Mas eu preciso que me deixe te ajudar, eu estou aqui. E agradeço muito, por ter confiado em mim e se aberto comigo.

- eu só consigo com você...

Ele toca meu ombro, fazendo novamente eu visar seus desejos e pensamentos.

-...Eu deixo.

Ele me olha, um tanto incrédulo, sem saber o que eu estava querendo dizer.

- o que você quer fazer agora?

-...Você não vai me bater não, né?

-Só vai descobrir se tentar.

Então, assim ele fez.
Ele, um pouco receoso, chegou perto de mim e foi se aproximando aos poucos, como alguém que não sabia por onde começar.

- Eu posso?-ele diz, próximo ao meu rosto.

-Deve.

Segurando minha nuca ele da início ao beijo. Era como se ele nunca tivesse sentido essa sensação antes, era até fofo de ver.
Passo a mão pelo seu braço, sentindo que seus pelos estavam arrepiados. Minhas mãos se entrelaçam pelo pescoço dele, a medida que o beijo se intensificava.
Sua mão desde para minha cintura, colando meu corpo no seu com uma brutalidade que logo se desfez em ternura novamente, mas não por muito tempo.
Ele morde meu lábio, arrancando um sorriso do meu rosto. Em seguida, me pega em seu colo, parando o beijo brevemente.
Ele dá um risinho malicioso, me jogando no sofá e subindo encima de mim bem devagar, olhando meu corpo.

-Você não estava triste?-perguntei, após ele me beijar novamente.

- Não mais, gatinha, não mais.

Ele agarra minha perna com firmeza, se encaixando entre elas e me beijando novamente, mas dessa vez sem ternura, um total fogo que eu conhecia muito bem, ou ao menos, imaginava conhecer.
Beast boy estava cada vez mais sedento a medida que os minutos passavam, afinal, eu estava bem colada a ele.

-Gar, acho melhor não fazer aqui.-Ele para, enclinando um pouco a cabeça.

-Pera, você quer fazer mais alguma coisa?- ele pergunta, realmente demonstrando uma expressão de dúvida.

-a não ser que você não queria, porque se você não quiser paramos agora.-me sento no sofá, ajeitando minha blusa é vendo ele olhar pra baixo.

- Eu sou virgem, Ravena.

-É óbvio que você é virgem.-automaticamente ele franze as sobrancelhas.

-O-Olha só, eu sei fazer muita coisa que muita gente não sabe fazer! Eu jogava GTA e eu já chupei uma laranja uma vez e...

-Mutano, por favor, me poupe dos detalhes.-arregalo os olhos, vendo que o menino faz um bico, olhando pra baixo novamente.-Eu também sou virgem.

- Você? Virgem? Contra outra né gatinha!- ele sorri ladino, apoiando os dois braços no sofá e esticando as pernas.-

-O que te faz pensar o contrário?!-cruzo os braços, arqueando uma sobrancelha.

-Ah, sei lá né, meio que você usa um uniforme cavado, e tem um jeito todo sexy e misterioso-ele gesticula com as mãos-claramente deve gostar de uma paradas meio esquisitas, tipo chicotes e cordas.

-P-Por Azarath mutano!-digo, furiosa.-Agora quem perdeu a vontade sou eu, e por completo!

Me levanto, indo em direção ao meu quarto batendo o pé. Não acredito que ele teve a cara de pau de dizer isso, ele realmente não pensa antes de falar?
Prefiro dormir agora depois de tudo.
Eu sei que em parte, ele só estava nervoso, mas não muda o fato dele ser desbocado! Não acredito que quase dei pra alguém assim.
Acabou que pensando e rolando na cama, adormeci. Estava realmente furiosa com mutano, mais em parte, envergonhada. Tudo que vi na cabeça dele, foi realmente um tanto chocante pra mim. Eu sabia que ele tinha sentimentos por mim, é nítido quando alguém te persegue e faz tudo por você, mas eu não sabia que tinha toda a intensidade que tem. Não poderia imaginar a imensidão que é.
Ele é só um garoto idiota, que eu creio, que me amoleceu. E isso é perigoso, perigoso até demais.

bbrae-The Beast Boy.Onde histórias criam vida. Descubra agora