[December 30, 7:30 AM]
Eu já estava acordada, mas meu corpo se negava a levantar. Meus olhos custavam a abrir e meu corpo pesava como se uma enorme pedra estivesse por cima dele.
Não conseguia parar de pensar em tudo que estava acontecendo esses dias, era muita informação para um curto período de tempo e eu realmente não sabia como reagir.
Consigo me levantar da cama, ainda com preguiça e sonolenta. Olho para o lado da cama e Mutano não estava lá, fazendo eu cair por si que ele nem se quer na cama havia deitado. Parece que as notícias não mexeram apenas comigo como era de se esperar.
Vou até a pequena varanda do nosso quarto, vendo o garoto olhando a paisagem enquanto tocava o seu ukulele.- Você não dormiu hoje, não é? - Pergunto, mesmo que já saiba a resposta.
- E como que faz pra dormir? - ele retruca, parando de tocar e colocando o ukulele encima da mesinha.
Vou em direção a ele, me ajoelhado na sua frente tentando achar palavras que pudessem conforta-lo. Pra ser sincera, nunca precisei tomar esse tipo de atitude com muita gente, não com a proporção que ele está passando.
-Garfield, você precisa dormir. - tentei parecer o menos fria possível. - se você não dormir, não saberá a verdade, não saberá o que fazer e principalmente não conseguirá fazer nada.
Ele levanta emburrado, guardando seu ukulele na mochila e deitando na cama.
Mutano sempre foi resmungão, mas hoje em si ele estava terrivelmente irritado. Fechei a porta da varanda e me posicionei ao lado dele, cruzando os braços.- Mutano. - chamei o garoto, que estava deitado abraçando os joelhos na cama.
- Eu não quero olhar pra você. - sua voz estava trêmula e baixa.
Coloquei minha mão em suas costas, me inclinando para perto de seu ouvido.
- Pode chorar. - e com essas duas palavras, tudo começou.
Mutano se sentou na cama me abraçando forte, em prantos. Eu não sabia exatamente o que fazer, apenas fiz carinho nos cabelos dele tentando acalmar com a única coisa que estava ao meu alcance.
Mutano sempre foi um bebê chorão. Desde quando nós nos conhecemos, isso ficava cada vez mais nítido. Porém, essa situação não é o tipo que a gente deve repreender, ou brigar. Devo cuidar dele, ou ao menos, tentar.- Você quer conversar? - pergunto, após depois de um longo tempo naquela posição.
Ele enxuga as lágrimas e me olha por alguns segundos, tentando organizar os pensamentos.
- Na verdade, eu acho que você sabe como eu me sinto. - ele fala, abaixando as orelhas e o tom de voz.
- Mutano, meu amor, isso tá destruindo meu coração. - seguro seu rosto com as duas mãos. - não aguento ver você sofrendo assim...
- Só que é inevitável, Ravenna. - ele tira as minhas mãos do rosto, encostando o corpo na cama. - Eu.. acho que quero ficar sozinho.
Levanto da cama, saindo sem dizer uma palavra.
Não é como se eu estivesse brava com ele, não, é bem longe disso. Ele precisa de um tempo só e eu tenho o dever de respeitar. Mas ao mesmo que eu quero, que eu preciso, me dói ele não querer a minha ajuda.
Talvez eu esteja ficando completamente dependente dele, e isso mais pra frente pode trazer sérios problemas. É impressionante como eu estou parando de ligar pra coisas que antes eu me preocupava ao extremo.
Bem, vou só ver no que vai dar.
Desci as escadas até o salão principal, dando de cara com uma garota de cabelos rosa sentada no sofá, olhando pro nada completamente distraída.- Estelar? - a garota me olha quase que de imediato.
- Olá Ravenna! O que você está fazendo acordada essa hora? - ela se afasta, para que eu sentasse ao seu lado.
- Digamos que meu companheiro de quarto me expulsou. - ri nasal.
- É, estamos no mesmo barco então.
- Robin expulsou você do quarto? Logo ele? Não imagino que ele teria esse tipo de coragem, logo com você. - Estelar ri, negando as afirmações.
- Ele não me expulsou, eu que preferi sair ao discutir com ele. Robin está sobrecarregado demais, muita confusão pra um primeiro dia de trabalho. - tristemente, Estelar abaixa o olhar. - maaas, vamos falar de você.
- De mim? como assim? - franzi as sobrancelhas, chegando mais perto dela.
- Sim, de você! - ela ri novamente. - o que você sente pelo Mutano?
Essa pergunta me atingiu feito um tiro.
- Como assim o que eu sinto por ele? - indaguei.
- A uns três dias atrás Robin chegou bufando no meu quarto, dizendo que o Mutano simplesmente havia passado dos limites, digo, que vocês dois haviam passado dos limites. - Estelar cruza as pernas e olha pra mim. - O que ele quis dizer com isso.
- Nada, ué... - olhei para o outro lado.
- Admita logo que você perdeu sua virgindade.
- Tá, eu perdi a virgindade.
Estelar coloca a mão na boca e da um gritinho animado.
- Enfim, isso vai ser tópico para outra conversa. - ela se chega mais para perto de mim e deita a cabeça no sofá. - Você gosta mesmo dele, né?
- Acho que sim, Estelar. - Dou um sorriso de canto. - ele me encanta, todas as suas atitudes por sinal. Mas ele é muito difícil de lidar quando está com raiva, tipo de verdade! Eu não sei como agir com alguém assim, tão confuso e irritante.
- Mas acho que você gosta disso, não gosta?
- Como assim?
-Lidar com alguém parecido com você.
Eu arqueio uma sobrancelha e dou uma risada. Como que eu sou parecida com o Mutano?!
Nós duas permanecemos conversando por mais alguns minutos, visto que eu ignorei o assunto completamente e apenas decidi me divertir com Estelar.
Mais tarde ela foi embora pro quarto, quando Robin possivelmente já estivesse saído dele. E eu, permaneci na sala......
Escuto um barulho vindo do corredor dos quartos, descendo as escadas e parando ao meu lado. Acho que havia cochilado por meia hora? O dia era ensolarado em Gothan City, fazendo eu ter um pouco de ânsia devido a todo aquele calor e sol.
Abro os olhos e vejo um garoto verde em pé, um pouco distante de mim.
Viro meu corpo pro lado, sentindo o menino se sentar no sofá.- Eu vim te pedir desculpas. - ele diz em um tom baixo. - Eu não devia ter feito isso. Você é tudo que eu tenho no mundo, Ravenna, e eu não consigo suportar essa carga sozinho.
Viro o rosto novamente pra sua direção, segurando as mãos do garoto em minha frente.
- Você não tem que aguentar isso comigo, mas como eu to sofrendo eu preciso da sua ajuda. - ele levanta o rosto, me puxando e me dando um selinho. - seria muito importante pra mim.
sorrio, puxando o garoto pra mais um beijo, sentindo a mão dele segurando meu rosto.
- Obrigada por confiar em mim.
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bbrae-The Beast Boy.
RandomO quão frágil alguém pode te tornar, e o quão forte você pode ficar por alguém?