[December, 27/ 9:00 AM]
- MUTANO! - Ravena grita meu nome furiosa, derrubando a porta do quarto.
- VOCÊ É LOUCA?! - Levanto da cama com o susto, vendo a garota parada no buraco vazio como se nada tivesse acontecido, me fazendo repensar no pedido que fiz a alguns dias atrás.
- Mandaram eu te acordar, é sinal que você está aí igual a um morto. Cyborg disse que quase chama o IML. - Ela entra, sentando na cama. - Estamos esperando você para irmos para Gothan City. Todos estão prontos, e você? Fez pelo menos as malas?
Eu abaixo as orelhas e dou um sorriso, vendo os olhos da menina escurecerem novamente.
Provavelmente eu morro aqui.
Ela tenta controlar a raiva, voltando ao normal depois de alguns segundos.
- D-Desculpa gatinha, eu vou arrumar agora, eu prometo que não vou demorar! - Começo a jogar qualquer roupa dentro da mala que já estava no chão, visivelmente com medo de sei lá, a Ravena quebrar minha coluna com um peteleco. - Me desculpa mesmo.
- Mutano - Ela me chama novamente, fazendo com que eu olhe para ela ainda receoso.
- O que eu fiz?! - Pergunto com a voz fina e os olhos quase fechados.
Ela vem para perto de mim e coloca a mão em meu rosto, me puxando para mais perto e me dando um beijo.
- Bom Dia. - Ela diz após terminar.
- Eu acho que isso era pra ser dito um pouquinho antes de você derrubar minha porta, não acha? - Pergunto abraçando sua cintura, vendo a menina tomar a cabeça para o lado e sorrir, rindo nasal.
- Eu amo você, sabe disso, não sabe? - Ela pergunta. Eu sentia que ela estava olhando nos meus olhos.
- Porque isso do nada, Ravena? - Arqueio uma sobrancelha, encarando a menina com desconfiança. - Você nunca diz isso pra mim. Além do mais, me pergunta se eu sei? É claro que eu sei que você me ama, eu te amo também.
- Não é por nada... só estou sendo gentil com você igual você é comigo. - Ela estava tão calma, tão emotiva. Não parecia a Ravena que eu conheço, eu sei que tem algo estranho nisso, mas no momento eu vou deixar pra lá.
- Se você diz, acredito em você. - Sorri beijando sua testa, fitando sua boca após isso.
Meu Deus, toda vez que eu olho pra ela eu lembro de quando a gente transou. Não sei se é algo normal - afinal ainda era a primeira vez que eu como alguém - , mas só de pensar nela eu lembro de absolutamente todos os traços dela. As posições, os gemidos, o sorriso dela... Meu Deus, eu acho que penso demais nisso.
Não é que eu pense nela só assim, na verdade é que uma coisa lembra a outra. Por exemplo: Se você pensa em um personagem de desenho animado logo você vai lembrar de qual desenho ele é.
Pra mim ela funciona assim. Se eu lembro dela e do quanto a amo, em questão de alguns minutos eu lembro dela sentando no meu pau.- Tudo bem, Gatinha. Deixa eu terminar de arrumar a mala. - me solto dela, balançando a cabeça e bufando. - Você me desconcentra.
- E desde quando você é concentrado? Parece uma criança hiperativa. - Ela cruza os braços e joga meu uniforme.
- Ei, eu não sou hiperativo! - Faço bico e guardo o uniforme. Ela ri nasal novamente e sai do quarto, dizendo que eu tenho quinze minutos para sair.
As vezes eu desejo ter os poderes de Ravena, apenas para saber o que ela pensa de mim.
Ela é tão intensa, tão complexa e incompreendida. Eu acho que as vezes ela não se entende, ao ponto de entrar em desespero por isso, mas né, acho que são apenas suposições.
Fecho a mala depois de muitas tentativas falhas, dando um suspiro em Vitória. Visto uma calça jeans e uma blusa preta, calçando o meu tênis e em seguida o casaco.
Alguns minutos depois, Robin entra no quarto. Ele levanta a porta caída no chão e a encosta, olhando pra mim.- Eai maninho, algum problema? - pergunto indiferente, levantando a mala e olhando para o mesmo.
- Você comeu a Ravena?
Me engasgo com a minha própria saliva, tossindo freneticamente e desviando o olhar.
- Eu?! - Pergunto, apontando para mim Mesmo. - O que te faz pensar que sim?
- O fato de eu ter achado um pacote de camisinha dentro do casaco que você está usando nesse exato momento. - Ele aponta para o meu casaco, cruzando os braços com uma expressão séria. É sério que ele vai me bater porque transei com a protegida dele?
- Eu posso explicar, tá bom? - me embolei um pouco ao falar a primeira palavra da frase, visivelmente nervoso. Esperava que todo mundo me perguntasse isso, menos o Robin. - A gente tem saído a um tempinho, na verdade a gente sempre teve alguma coisa. Só que acabou acontecendo mas eu juro que eu tomei cuidado, eu juro mesmo eu nunca Machucaria ela, até porque ela me daria um tapa...
E assim eu fui falando, falando, falando qualquer coisa que vinha na minha cabeça. Acho que era meu mecanismo de auto-defesa quando se tratava de Robin.
Ele riu da minha cara e veio até mim, tirando os óculos escuros.- Tome cuidado com ela. - Ele comanda, me fazendo assentir. - Ela é preciosa, porém muito complexa. E se você a ama mesmo, sabe disso.
Ele sai do quarto xingando a porta quebrada, me deixando alguns segundos pensando sobre o que ele havia dito. Foi no mínimo aleatório ele entrar no meu quarto só pra perguntar se eu comi a Ravena.
E falando no diabo.
Ela entra novamente no quarto, com a roupa trocada e segurando uma caixinha verde; com a mão que eu havia colocado o anel.- Eu... fiz uma coisa pra você. - Ela chega perto, e abre a caixa, tirando um cordão artesanal, com uma patinha feita de uma pedra azulada.
- Foi você que fez? - Pergunto, após alguns segundos olhando o colar com uma cara de pateta.
- É pra te proteger. - Ela sorri, porém fala com a voz trêmula. Acho que ela estava segurando o choro.
- Ravena, você tem certeza que não aconteceu nada? - Coloco o cordão no pescoço, olhando segurando seu rosto com as duas mãos.
- Não quero conversar sobre isso hoje, e não insista. - Ela sussurra, voltando novamente a sua expressão normal. - Quando eu estiver pronta.
Sorri para ela, assentindo que concordava com a decisão. Ela me beija e aparentemente se sente mais confortável por eu não insistir, mesmo eu querendo muito saber o que tem a deixado tão... sensível.
As vezes eu acho que a Ravena é sensível o tempo todo. Ela é tão complicada que tem dias que só de falar uma brincadeira numa roda de amigos, ela levanta por se ofender. Eu sei que talvez isso seja normal, mas nos olhos dela é possível ver o turbilhão de emoções que vivem nela.
Saímos do quarto em poucos minutos, indo em direção a todos na sala da torre. Robin já estava bem impaciente e Cyborg lançou um "até que enfim" clássico, sem contar Estelar, que estava bem mais nervosa que todos aqui.Acho que esse é o "efeito Batman".
Descemos para a garagem e entramos todos em uma Van, para todo mundo ir confortável até Gothan City. Ravena sentou ao meu lado no banco de trás, Cyborg no banco do meio sozinho, junto a alguns lanches que estávamos levando é Robin dirigia com Estelar ao seu lado. Eram quatro horas de viagem are chegarmos em Gothan City, e eu ainda estava bem cansado.
- Rae, posso deitar no seu colo? - Pergunto já bocejando de sono.
- Tudo bem, pode dormir. - Ela responde indiferente.
Ela sorri ao ver que me transformo em gato, me espreguiçando e caminhando para deitar no seu colo.
-Acho que o gatinho agora é você. - Ela diz baixo, beijando minha cabeça fazendo-me ronronar.
Depois de alguns segundos eu dormi. Realmente o colo da Ravena é o lugar mais confortável no mundo.
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bbrae-The Beast Boy.
RandomO quão frágil alguém pode te tornar, e o quão forte você pode ficar por alguém?