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Sabe, chega uma certa época da nossa vida quando se tem 30 anos de idade, que tudo que você faz é sentar e se perguntar: O que diabos está acontecendo com a minha vida?

Oras, não me julguem, eu particularmente fui um jovem que curtiu bem a juventude e todas as coisas impostas nela, festa, bebidas, mulheres, homens... ainda era bonito e sedutor, sabia que aparentava ser bem mais jovem do que realmente sou, não estou insatisfeito com a minha vida por ser eu ou por causa da idade, na verdade é só mais... uma sensação de tédio, sabe? Todo dia a mesma rotina, acordo, vou para o trabalho, cuido de um jovem adulto de 21 anos meio irresponsável...

Jovem adulto de 21 anos? Mas você tem 30 anos Blanca! É jovem demais para ser pai de um garoto dessa idade.

Bom meus caros, a verdade é que Ash não é meu filho, eu não tenho nenhum filho — não que eu saiba até o presente momento — Ele é apenas irmão de um grande amigo que meu, que por azar do destino acabou morrendo deixando o pequeno Ash sozinho no mundo, sem nenhum responsável, já que era órfão de pais também. Como pessoa mais próxima de Griffin, o maior acabou me deixando responsável pela guarda do seu irmãozinho, então eu sou o tutor de Aslan desde seus 15 anos.

Bom, eu era muito jovem, tinha apenas 24 anos quando isso ocorreu, era praticamente uma semi-criança crescida cuidando de outra criança, não sei se fui o melhor exemplo de adulto responsável que Aslan poderia ter, mas juro que fiz o meu melhor para honrar a memória de Griffin.

Só sei que aquela coisa rotineira estava acabando comigo! Não aguentava mais acordar cedo, não aguentava mais telefonemas forçando simpatia para agradar os clientes, não aguentava mais funcionários chatos, não aguentava mais o computador travando e o pessoal do T.I enrolando para arrumar, não aguentava mais nem o estagiário que errava na medida de açúcar no meu cafe!

Eu sempre deixava claro: Apenas uma colher rasa.

Mas quando ia beber aquela droga, parecia que eu tinha ingerido uma alta dose de diabetes armazenada em um copinho do starbucks.

Definitivamente eu precisava de férias! Ou iria acabar cometendo um crime de ódio pela frustração que domava minhas veias, precisava de algo diferente que me desse a energia de estar vivo novamente.

Para ter noção, já havia pensando em várias coisas que poderia fazer, porém essa rotina assassina de energia e diversão sempre faz com que eu repense na questão: "Se eu fizer alguma besteira, no dia seguinte terei que trabalhar" ou "Não posso me dar ao luxo, enquanto ainda tenho um irresponsável debaixo do meu teto".

A maioria deve pensar que eu não suporto Ash, na verdade, eu adoro esse menino. Ele nunca foi muito de reclamar, nem algo parecido, todavia quando ele resolve aprontar uma é do tipo de dar gosto ou erguer as mãos para o seu e pedir para Deus dar força e controle supremo para não cometer um homicídio. Como da vez em que ele levou um casal para Meu apartamento – sim, é meu e ponto final –, voltando, levou para o meu apartamento e fez a festa do ménage. Cara, encontrei porra até no tapete do corredor.

Troquei de sofá e alguns móveis dias depois. Deus me livre encostar naquilo ali, vai que tem doença? To jovem demais para enfrentar esse tipo de problema. Enfim depois desse lindo episódio, prefiro não deixar mais Ash sozinho em casa, se pelo menos ele tivesse feito isso no quarto dele.

Mas não... O filho da puta resolveu fazer pelo apartamento todo?!

Ah, que raiva!

Então tenho motivos grandiosos para não fazer algo que me alegre, porque há uma pessoa na minha casa que pode transformá-la em um prostíbulo.

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