Medicina Traiçoeira

3. Libertar-me da distância

Ela é tão linda, tão lindamente minha e incondicionalmente perfeita que não tenho nem palavras para descrever o quanto a amo. Este é mais um destes dias em que deixamos de entrar na escola para assistir a mais uma aula e decidimos apenas desfrutar da companhia um do outro. E eu amo quando fazemos isso, quando tiramos um tempo somente para nós dois. Estou encostado em uma árvore, debaixo de uma sombra para o dia bastante ensolarado de hoje, enquanto Nathalia está encostada em meu — magrelo — peitoral. Somos tão novos, ainda assim me apaixonei por essa menina/mulher que demonstra saber exatamente o que quer assim como eu. Nosso relacionamento ainda está meio recente, apenas seis meses que estamos juntos, eu a conheci na entrada da escola quando umas meninas que se achavam as mais lindas estavam caçoando dela, por ser a novata. Isso infelizmente é uma tradição pelos corredores de Oliver's School, eles sempre fazem algumas piadas e pregam peças nos mais novos em tempo de estudo ali. Fecho meus olhos afastando o jeito completamente estranho que nos conhecemos. Ela não ligava para as piadinhas e zoações que as meninas faziam com ela, mas quando a vi passar por aquilo, meu sangue — inexplicavelmente — ferveu e senti vontade de ir a proteger daquelas ridículas. O dia está tão bom, principalmente porque estou na melhor companhia. Não imagino minha vida sem ela, agora que a conheci não vivo sem seu abraço, sem seu toque sobre minha pele, sem o sorriso que me faz ter força todas as manhãs que a espero em frente a sua casa para irmos juntos à escola. Seu pai não gosta de mim e a ameaça constantemente, por isso nos últimos dias decidi não arriscar a segurança de minha menina. Sei que ele é seu pai, mas existem tantas pessoas ruins neste mundo que até tenho medo que algo de ruim lhe aconteça.

— Um lanche no Grills por seus pensamentos.

Nathalia sempre teve esse jeitinho de me despertar de meus devaneios que ela sabe muito bem que tem sempre a ver com a mesma. Sorrio e beijos seus cabelos que se movimentar com a leve brisa que ocasionalmente passa por nós. Algumas pessoas nos olham com admiração. Sempre que lia os livros eu imagino ter um amor como estes livros fantásticos descrevem, os relacionamentos pareciam perfeitos. Agora eu o tenho, tenho uma pessoa para dizer que é minha. Sei também que nisso relacionamento não é perfeito como um livro descreve, é melhor que isso, muito melhor. Um relacionamento não é ter alguém apenas para beijar, vai além de tudo isso, é saber amar, cuidar, proteger, ter um sentido, alguém por quem lutar insistentemente contra tudo o que se opõe e se permitir também sentir tudo isso. Ela é meu mundo. Nathalia tem toda a minha vida em suas mãos e nem ao menos se deu conta disso, ela é tão doce que me surpreende diariamente.

— Estou pensando no quanto eu te amo e no quanto tive sorte em te encontrar.

Ela se virou para mim e pude encarar aqueles olhinhos verdes e cheios de amor. Ela era a menina mais linda de todo este mundo, eu não me via sem ela em hipótese nenhuma. Era um egoísta por isso? Talvez sim, mas sem ela meu mundo não teria sentido algum, eu também teria um motivo para prosseguir.

— Nunca chame de sorte aquilo que é obra de deus.— Disse de repente, depositando um selinho em meus lábios.— Eu te amo.

— Eu também te amo, meu docinho.— Dou um beijo em uma bochecha.— Minha vida.— Na outra.— Meu amor.— Na testa.— Minha Nathalia. Só minha.

Beijo sua boca com o mesmo desejo da primeira vez que seus lábios tocaram os meus, porque para mim, Todas as vezes que fazemos isso é como se fosse a primeira. As sensações avassaladoras ainda estão aqui, dentro de mim. Lutarei por este amor com todas as minhas forças, pois não me imagino em outros braços senão os seus, não me imagino compartilhando minha vida com mais ninguém senao com ela. Eu a amo mais que a mim mesmo e faria minha vida pela vida de Nathalia se isso fosse preciso. Só peço a Deus que nunca a tire de perto de mim, dependo desta mulher para ser feliz, assim como dependo do ar para sobreviver.