Capítulo 3 - Nunca se apaixone pelo melhor amigo

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      Encontro Lucas na sala jogado no sofá brincando com seu celular e com aquela TV enorme ligada. Estava muito bem vestido, um tênis azul, uma camiseta azul de mangas longas e um jeans preto. Seu cabelo castanho claro estava perfeito como sempre. Quanto a mim? Bom, não sou tão alto quanto ele, meu cabelo preto e bagunçado não tem nem um charme como o dele, minha camiseta branca e um jeans simples nem se compara com as roupas caras dele. E não vamos comentar estes meus óculos.

- Nem acredito que seu pai tinha essa casa enorme e não a usava. – Eu falo assustando ele um pouco.

- Ele ficava aqui quando vinha a negócios, agora não precisa mais. – Lucas levanta e desliga a TV.

- Acho que nunca vou me acostumar com tudo isso. – Eu realmente fico constrangido com essa situação.

- Vai sim, te conheço bem, você é um garoto mimado. Vamos?

- Ei, quem é o filhinho rico aqui é você, não eu. – Ele tem o dom de me tirar do sério quando quer.

       Lucas tirou o carro da garagem e eu apenas o acompanhei, não fazia a mínima ideia de onde iriamos. No caminho conversávamos sobre filmes e coisas que poderíamos fazer agora que moramos sozinho. E o pervertido do Lucas queria encher a casa de mulheres e bebidas, nem por cima do meu cadáver, se o pai dele descobre uma coisa dessas ele estará morto e os meus me jogam numa escola de padre, melhor nem imaginar isso. Todo aquele lugar, a cidade, a casa, era tudo tão novo e incrível para mim, parece até um sonho.

      Ele me levou para conhecer vários lugares e pontos turísticos da cidade, fazia tempo que não nos divertíamos tanto juntos. Mas Lucas está tão estranho desde a noite de despedida da nossa cidade natal, sorrindo mais do que o normal e me tratando super bem. Será que ele está doente? Ou será que é algum tipo de aposta ou ameaça? Depois de conhecer tantos lugares, paramos em uma cafeteria para um lanche. Eu amo café, e este lugar é tão incrível e sofisticado, e tem uns preços caros também, meu bolso chorou ao ver o cardápio.

- Pode pedir o que quiser, eu pago. – Lucas falou me encarando com um olhar estranho.

- Tem certeza?

-Sim, apenas aproveite, não precisa ficar tão tenso eu sei que você ama café e o daqui é ótimo. Meu pai me trouxe aqui uma vez.

- Ok, definitivamente o que há com você? Pagando café, sendo gentil, cadê o Lucas que eu conheço e que me irrita por tudo? O que fez com ele?

- Suas Piadas ainda são ruins Sam. Não seja chato e cabeça dura, e eu sou gentil sempre.

- Com suas "namoradas" sim. – Eu respondo.

- Está dizendo que não sou um bom amigo ou que não te trato bem?

- Estou dizendo que está diferente, só isso. Nossa, o café é muito bom mesmo. – Enfim trouxeram meu café, não sabia mais como fugir desta conversa.

- Que bom que gostou. – Ele torna a mexer no seu celular, reparo que ele tem olhado sem parar para ele. 

     Eu estou ansioso para que as aulas comecem, conhecer novas pessoas, fazer novos amigos, quem sabe encontrar alguém especial. Sempre confiei todos os meus segredos ao Lucas, ele sabe absolutamente tudo de mim, inclusive que eu era apaixonado por ele no ensino médio. Sim, sou gay e cheguei a me declarar pra ele, mas ele acabou sumindo da escola por uns dias e não falava mais comigo, cheguei a pensar que ele me odiava, foi um tempo difícil. Algumas semanas depois ele retornou a escola como se nada tivesse acontecido ou eu não tivesse falado nada a ele e voltamos a nos falar. Eu nunca o compreendi direito, eu nunca obtive respostas dele sobre isso, mas também nunca insisti nesse assunto de novo. Algumas semanas depois que ele retornou, eu vi ele beijando uma garota, foi uma dor insuportável, não conto as noites que chorei lembrando aquela cena, fiquei indiferente com ele, brigamos, foi muito difícil para mim. Concelho de amigo, nunca se apaixone pelo seu melhor amigo, é uma furada.

      Ele nunca assumiu namoro com nenhuma garota, e sempre me contou tudo sobre seus relacionamentos, mesmo sabendo que sou gay nossa amizade continuou a mesma. Ele realmente me vê como um irmão mais novo, talvez seja essa a explicação para a mudança repentina de comportamento dele.

- Ansioso pelo primeiro dia de aula? – Eu pergunto tentando quebrar o silencio entre nós.

- Sim, e você?

- Bastante, vais ser legal conhecer pessoas novas.

- Nada de ir encher a cara no primeiro dia de aula com seus novos colegas, e não vou limpar seu vômito.

- Idiota, digo o mesmo para você.

- Eu realmente estou estranho? Estou te incomodando? – Lucas pergunta olhando para sua xicara e evitando contato visual comigo.

- Sim, um pouco, Mas até que gosto disso. – Respondo esperando a reação dele.

- Gosta?

- Sim, sinto que está fazendo porque quer que eu me sinta bem, e está conseguindo.

- Que bom, fico feliz. – Noto um leve sorriso no rosto dele

- Mas não entendi o porquê de você estar tão diferente.

- Prometi cuidar de você aos seus pais. – Ele responde ainda olhando para a xicara.

- Não precisa levar tão a sério se não quiser. Seja você mesmo. – Ele apenas sorriu e não disse mais nada.

      Lucas pagou a conta e retornamos ao carro, durante o caminho inteiro até em casa o silêncio reinou, eu não sabia o que falar, nunca me senti tão perdido com ele. Quando chegamos ele propôs que assistíssemos um filme, fizemos pipoca, pegamos um refrigerante e vimos vários filmes a noite toda até que eu cai no sono.

      Eu dormi no sofá, não lembro de ter vindo para a cama, mas quando acordei hoje de manhã eu estava no meu quarto em minha cama, esfrego os meus olhos e procuro meu celular e noto que tinha uma mensagem do Lucas:

"Sai para comprar algumas coisas, não quis te acordar. Você dorme como um bebê, espero que não fique bravo comigo, entrei no seu quarto sem permissão ontem a noite quando te levei para a cama, sei que você odeia isso, desculpa."

     Ele me trouxe para a cama? Nos braços? Sinto meu rosto esquentar. O que está acontecendo com o Lucas? De certa forma me sinto feliz por isso, mas sei que foi apenas um fato isolado, ele é apenas meu melhor amigo. Aaaah porque está me deixando tão confuso seu idiota?

Lucas

     Estou distraído com o filme quando noto que o Sam adormeceu no sofá. Dormindo de boca aberta, como sempre ele cai no sono fácil. Não posso deixar ele dormir aqui, ele vai acabar machucando o pescoço. Pego ele nos braços e o levo para o quarto como se fosse uma criança, ele nem se mexe. Após deitar ele em sua cama o cubro com o cobertor. Fico por um tempo o observando dormir, uma mecha de cabelo cai sobre seus olhos, a removo com cuidado. Me levanto e apago a luz de seu quarto e saio. No meu quarto tento dormir, mas não consigo, ele notou e acha estranho meu comportamento, minhas gentilezas com ele. Aquele tonto, só quero que se sinta bem aqui comigo. "Desculpa por ter fugido de você naquele dia Sam, desculpa por ter te magoado tanto, nunca vou me perdoar."

Nota: olá! muito obrigado por ter lido até aqui. em breve terá um novo capítulo. Espero que estejam gostando, deixe seu feedback, é muito importante para mim. Então,  será que o Sam vai se apaixonar de novo pelo Lucas? rsrs nos vemos no próximo capítulo.

O autor s2

Quando a Noite CaiOnde histórias criam vida. Descubra agora