Capítulo 2 - Lembranças

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Acordei atordoado, esfrego meus olhos e olho para um lado e outro, tudo girando. Não consegui identificar onde eu estava e procuro meu celular tateando todo o espaço ao meu redor. Nossa, essa cama é tão macia, não sinto vontade levantar, parece até que estou nas nuvens. Será que posso dormir por mais uns cinco minutos? Talvez dez. Enfim acho meu celular.

- O QUEEE!!!! - Gritei.

Devo ter acordado o bairro inteiro. Era quase 11 da manhã, nunca acordei tão tarde em minha vida. Me levanto as pressas e me enrosco no cobertor e caio de cara no chão. Ainda bem que tinha um tapete macio e eu não estava com meus óculos.

Me levanto e saio ainda de pijama, um bem esquisito por sinal. Porque será que ainda tenho esse? Meu novo quarto ainda estava uma bagunça ou minha visão está pior do que o normal? Lembro que estou sem os meus óculos, retorno e pego eles no criado mudo ao lado da cama, de toda forma ainda tem coisas espalhadas pelo chão do meu quarto.

Saio andando pela casa nova, ainda não conhecia bem aquele lugar, será que o Lucas já acordou? Ouço um barulho vindo da cozinha, lentamente me aproximo e me deparo com meu melhor amigo cozinhando. Lembro que ele era ótimo nisso, enquanto eu sei apenas o básico.

- Bo-o-m dia! - Minha voz falha um pouco.

- Bom dia! - Ele responde virando para mim.

Droga, porque ele tem que me olhar com esse sorriso encantador e perfeito?

- Desculpa, acabei dormindo demais, posso ajudar em algo? - Pergunto um pouco envergonhado.

Ao me aproximar noto que ele está inteiramente arrumado, parecia um modelo, enquanto eu parecia um mendigo nesse pijama azul. Devo estar vermelho agora. Será que dá tempo de pular dentro do cesto de lixo antes que ele note? Ele nunca me viu assim.

- Não se preocupe, já está quase tudo pronto, eu também acordei tarde. Gostei do pijama. - Ai droga, ele vai zombar de mim pelo resto da vida.

- Não brinque comigo, ele é horroroso, mas foi o primeiro que encontrei ontem, não me julgue.

- hahaha não estou brincando. Tome! - Ele me entrega uma xicara de café quentinho. Nossa tem um cheiro ótimo e não é só o cheiro que é bom.

- Obrigado! - Apenas agradeço e me sento em um dos banquinhos da bancada. - A cozinha é no estilo das cozinhas americanas, tão bonita.

- Já ligou para os seus pais? - Ele me pergunta trazendo uma porção de panquecas. Serio? Estou em uma serie americana ou algo do tipo? Quando começa o som das gargalhadas que ninguém sabe de onde sai?

- Não, ainda não, realmente acabei de acordar, irei fazer isso agora.

- Espere, tome café da manhã comigo, quando terminar você faz isso. - Ele me olhou com uma expressão tão estranha.

- Está bem. Não colocou nenhum tipo de laxante na comida né? - Acredite, ele é um criação as vezes.

- Claro que não, não seja estupido, se algo acontecer a você seus pais me matariam e meu pai tiraria meu nome do testamento e me deserdaria.

- Então é hora de comer, estou morrendo de fome.

Lucas não estava comendo, apenas me olhava comer enquanto tomava seu café. Ele tem estado tão estranho ultimamente, o que será que aconteceu?

- Não vai comer? - Pergunto tentando quebrar o silêncio.

- Já comi, essas são só para você.

- Tem certeza?

- Sim! Pode comer tudo seu guloso. Aproposito, irei dar uma volta daqui a pouco, quer vir comigo? - Lucas pergunta.

- Sim, só irei tomar um banho rápido e volto para irmos. - Eu já ia me levantar para ir quando ele segurou meu pulso.

- Aonde pensa que vai? Precisa terminar de comer, prometi a sua mãe que não deixaria você ficar sem se alimentar. Não tem pressa, eu vou esperar você.

- Continua um chato como sempre. - Na verdade eu estava feliz por ele se preocupar comigo, ele é o único com quem me sinto à vontade, normalmente sou muito tímido e quase não falo direito com os outros.

Após tomar meu café da manhã estou de volta ao meu quarto, procuro uma roupa legal para sair com Lucas. Ai está tudo tão bagunçado, porque tive que cair no sono ontem à noite? Revirando uma de minhas malas encontro uma foto minha junto com o Lucas. Acho que ainda não expliquei direito o que está acontecendo, então vamos lá.

Lucas é meu melhor amigo desde os meus 10 anos, nos conhecemos por acaso na rua. Eu estava numa briga, uns valentões me batiam porque não passei cola para eles durante um exame de matemática. Lembro que o Lucas chegou em sua bicicleta e mesmo sem nunca ter me visto me ajudou. Depois daquele dia eu o procurei por um longo tempo e não o encontrei, e acredite, quando nos encontramos de novo era ele que estava metido em uma briga. Sem pensar duas vezes eu o ajudei, descobri naquele dia que eu sabia dar uns socos muito fortes. Mesmo estando todo machucado da briga, ele estava desesperado com sua bicicleta que estava destruída. Temia que seu pai o castigasse, eu apenas me ofereci para ajudá-lo. Fui com ele até sua casa (era enorme aquele lugar) e expliquei o que tinha acontecido e pedi que não o castigasse, Lucas e seu pai apenas me olhavam em silêncio.

Após esse dia, eu o encontrei novamente e ele veio me agradecer e me pediu para ser seu amigo. Desde aquele dia descobri que ele era de uma família muito rica e que não tinha amigos e seu pai nunca permitia que ele saísse de casa, mas ao saber que ele tinha me ajudado ele permitiu que eu fosse brincar com ele. Com o tempo descobri que o pai dele era o chefe do meu, e isso também contribui para que meu pai fizesse amizade com a família dele. Lucas saiu da escola particular e decidiu estudar comigo, achei isso uma loucura, mas era o que ele queria. Claro que sua família não gostou, mas com o tempo e vendo as notas do seu filho melhores do que nunca acabaram cedendo. Eles dizem que foi graças a mim que o Lucas deixou de se meter em problemas.

Ele sempre ia a minha casa, jogávamos videogame até tarde. Alguns anos se passaram e hoje estamos com 17 anos e entramos para a mesma faculdade, porém em cursos diferentes. Eu irei cursar ciências da computação e ele engenharia. Foi por causa da faculdade que viemos morar em outra cidade. Estamos só nós dois nesta casa que pertence a seu pai. É, ele é muito rico, e graças a ele e depois de muita insistência conseguimos convencer meus pais a me deixarem vir morar com ele. E aqui estamos nós, acabo de tomar meu banho e me vestir. Hora do passeio para conhecer a nova cidade.


Nota do autor: Olá, e está pronto mais um capítulo. se você leu até aqui, eu o agradeço do fundo coração. Por favor deixe seu feedback, é muito importante para mim. Espero que estejam gostando e tem muito mais por vir. Um forte abraço e até o próximo capítulo.

PS: O autor s2

Quando a Noite CaiOnde histórias criam vida. Descubra agora