Capítulo 16

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Katrina

  Chute com a perna direita. Perna esquerda. Desvie. Ataque com soco. Recupere a espada. Golpeie. Respire.

  Essa série de palavras ocupavam minha mente na manhã seguinte. Eu estava treinando com espada enquanto ninguém acordava. Deviam ser dez da manhã, eu acordei às nove. Ninguém acordava esse horário, então, eu comi e fui treinar.

  Eu era melhor no combate corpo a corpo, mas as atuais circunstâncias fizeram-me optar hoje pelas espadas. Eu treinava movimentos que alguns instrutores haviam me ensinado do lado de fora da casa. Gostava de treinar ao ar livre, pois sentia uma sensação única de liberdade e de paz, afinal, ninguém ia acordar cedo para me irritar.

  Passou-se mais um tempo, e eu comecei a ouvir barulhos na casa, os meus queridos hóspedes estavam acordando. Depois de mais uma série de exercícios, eu entrei na casa e vi que todos estavam tomando café da manhã, era quase hora do almoço.

  Quando entrei, todos ficaram me encarando por dois motivos: eu estava toda suada e com uma espada na mão.

  - Nossa, não sabia que espadas ainda existiam! - Exclamou Aurora.

 - Eu gosto de uma luta à moda antiga. - Respondi. - Sabe? Ver a cara da pessoa morrendo de dor de tanto atacar e se esquivar. E - virei a espada na mão - essa belezinha aqui é antiga, pesada – repousei a espada sobre a mesa com um tom ameaçador – e afiada. - Terminei com um sorriso sádico.

  Todos ficaram olhando para mim. Ninguém me reconhecia, não mais. Eu mudei muito depois do palácio, e isso foi ótimo. Aprendi a ser fria, calculista, durona, forte – nos dois sentidos –, talvez sádica e muito esperta. Agora ninguém mais vai me fazer de besta, de idiota ou de fantoche. Esses dias acabaram. E sei com quem vou começar o meu "acerto de contas".

  Lily.

  - A gente vai ter que lutar com espadas? - Lily e seus comentários úteis. Como sempre. Por que eu fui pensar nela agora?

  - Não – respondi com um tom de irritabilidade -, vocês cairiam assim que pegassem as espadas.

  - Não é possível, isso não deve ser pesado assim. Você está exagerando porque é fraca. Veja como está suando só de ter ficado um tempinho com essa lataria. - Regina fez o favor de abrir a boca e assim que acabou de falar soltou uma risada sarcástica.

  - Tem razão – respondi -, por que não me mostra como faz? - Ofereci a espada para ela com a lâmina virada para baixo.

  - Isso não é necessário. - Ela disse com uma risada nervosa.

  - Por favor..., eu INSISTO. - Enfatizei MUITO a última palavra. Talvez ela capte como uma ameaça.

  Regina levantou-se da cadeira com um sorriso falso para disfarçar o medo dela. Encarei-a enquanto oferecia-lhe a espada e vi aquela menina baixinha, com as pernas mais finas que o meu braço magricela, andar até mim porque havia me desafiado. Aquilo era uma piada pronta. Quando ela parou na minha frente perguntou:

  - Quer que eu lute com ela? - Disse em tom de deboche.

  - Não, apenas segure. - Respondi totalmente calma e plena.

  Ela deu mais um passo para pegar a espada das minhas mãos.

  - Isso vai ser muito fácil. - Disse ela.

  - Vá em frente. - Continuei respondendo calmamente aproveitando aquele momento de piada.

  Ela finalmente pegou o cabo da espada, com uma das mãozinhas pequenas e magras, e a puxou de mim. Eu soltei a espada, e ela caiu no chão. Regina quase foi junto.

  - Viu? Não é difícil. - Ela disse com o corpo quase no chão pelo peso da espada. - É só questão de dar o primeiro "empurrão". No rosto dela, estava o sorriso de desespero que eu estava adorando ver. Ela puxava a espada e não conseguia nem tirar do chão. Parecia os Vingadores tentando tirar o martelo do Thor do chão. Era hilário.

  - Vamos, Regina. Sei que consegue. - Agachei-me para ficar mais próxima dela para que ela pudesse ouvir meu falso apoio. - Afinal, não é tão difícil assim, não é?

  Ela estava começando a suar pelo esforço dos pequenos bracinhos e parecia exausta. Não havia se passado nem um minuto. Retirei a espada da mão dela, e Regina "voltou" a respirar aliviada.

  - O que achou? Fácil, não é? Mas acho melhor você tomar um banho depois de comer, você está suando muito, não acha? - Eu falei com um sorriso amarelo e uma espada na mão. Regina sentou-se e não falou mais nada.

 Regina sentou-se e não falou mais nada

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