Capítulo 26

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Katrina

  Chegamos ao refeitório, que estava começando a encher, fomos rapidamente nos servir e arrumar um lugar para sentar. Eu olhei em volta e vi que meus colegas já estavam em seus grupinhos. Estava cogitando sentar junto de Ruby, Florian, Luciano, Isadora e Aurora, porém uma mesa mais ao fundo me chamou atenção. Nela, Eduardo estava sentado sozinho.

  Ele foi um dos três que mal se juntaram ao grupo e já foram jogados no meio da confusão. Percebi que Nathaniel estava em uma mesa com Lily, Regina, Isabela e Amélie, que novidade, e então entendi o porquê de Eduardo estar sozinho. Nathaniel era sua única companhia, seu único amigo e agora estava com um monte de meninas na esperança de ficar mais próximo de Lily. Não me surpreenderia se ele tivesse sido arrastado até lá, mas esse não parecia ser o caso.

  Respirei fundo encarando a mesa de Eduardo cogitando juntar-me a ele. Não por pena, mas porque eu sei como é estar isolado em uma situação complicada. Ele era um dos poucos ali que nunca havia me feito nada, não merecia ficar isolado daquela maneira. Depois de pensar, falei para Gabriel sentar com alguns soldados que ele conhecia, pois eu ia para a mesa de Eduardo. Ele não discutiu, apenas aceitou e se dirigiu à mesa.

  Comecei a andar pelo salão em direção à mesa que eu sentaria pensando que seria bom aproximar-me de Eduardo e, além disso, também conversar com ele sobre o que eu queria conversar.

  - Oi! - Eu disse quando me aproximei. Ele me olhou com um olhar curioso. - Tem alguém sentado aqui?

  - Ninguém.

  - Posso sentar?

  - Claro. - Ele concedeu ainda com um olhar curioso.

  Sentei-me de frente para ele e começamos a conversar.

  - Eu quero pedir desculpa por tudo que aconteceu. - Eu comecei.

  - Como assim? - Ele indagou.

  - Ah, tiveram que trazer vocês para o meu refúgio e logo que chegaram já teve a bomba de acontecimentos. Perdão por isso.

  - Você não tem controle sobre isso, não se preocupe. - Sorri levemente para ele com essa afirmação.

  Conversamos sobre algumas coisas aleatórias e sobre como estava sendo toda essa situação para cada um de nós. Eu nunca tinha verdadeiramente conversado com Eduardo, com exceção de alguns trabalhos e projetos, porém nada mais. Descobri durante o nosso almoço que ele é um ótimo ouvinte e uma pessoa adorável também. As pessoas isolavam-no por causa da sua timidez e principalmente pela sua aparência. Isso era tremendamente ridículo, e eu só percebi naquele momento o quão incrível ele era.

  Em um determinado ponto da conversa, chegamos no assunto Lily e Nathaniel. Ele quis saber o que eu achava de tudo isso, pois ele sabia que, além de eu já ter gostado do Nathaniel, eu fui muito próxima e o ajudei muito.

  - Ah, no quesito de ainda gostar dele, não sinto nada, parei de gostar dele há muito tempo. - Eu comecei, e ele me olhou com um olhar desconfiado. - É sério. Se eu ainda gostasse dele, faria de tudo para ele não ficar do lado da Lily aqui, não acha?

  - Faz sentido, continue.

  - E no quesito de ser amiga dele, que eu acho que ainda sou...

  - Acha? - Ele me interrompe.

  - É que faz tanto tempo, e nós nem tivemos a oportunidade de conversar direito depois que ele foi pro castelo. Então, não sei, entende? - Ele balança a cabeça afirmativamente. - Como eu estava dizendo, no quesito de ser amiga dele, eu fico muito feliz por ele estar com ela. Eu fiquei tanto tempo ajudando-o que o ver feliz, para mim, é tudo, mas...

  - Mas?

  - Não sei, eu não sou ninguém para falar se alguém é a pessoa certa ou errada para a outra, mas eu não acho que Lily seja a pessoa certa para ele.

  - Como assim?

  - Ele sempre quis uma pessoa que fosse para vida toda. Ele sempre quis alguém que namorasse com ele, não só beijasse casualmente. Ele sempre quis alguém para amar, cuidar, ficar perto e fazer carinho, e Lily não é esse tipo de pessoa. Cada dia ela está com uma pessoa diferente. Ela acabou de "terminar" com um cara, eles não namoravam exatamente, mas você entendeu. Então, não sei, tenho medo dela quebrar o coração que eu dei meu sangue, meu suor e minhas lágrimas para juntar. Estava pensando em falar com ela, mas não sei.

  - É uma boa ideia.

  - Você acha?

  - Sim, explique para ela o histórico do Nathan, não exatamente tudo, mas o que ela precisa saber para não ferrar com ele.

  - Entendi, farei isso hoje ou amanhã, tenho que falar com ela quando estiver sozinha, porém isso é quase impossível.

  - Boa sorte, você vai precisar.

  - É, vou mesmo.

  O almoço acabou, e eu me dirigi até Rodriguez, que estava junto de Gabriel. Conversamos brevemente sobre os soros e como eu preferia ficar com eles em meu quarto. O coronel concordou plenamente e falou que o laboratório estaria a minha disposição. Agradeci por tudo, saí do refeitório, que se encontrava quase vazio agora, e fui em direção ao meu quarto.

  Quando cheguei onde os últimos soldados da área se encontravam, eles pareciam segurar o riso. Os dois olharam para mim e indicaram o caminho até meu quarto. Lá vem. Eu já sabia que era algo que eu riria e depois tiraria minha paz e minha paciência.

  Quando finalmente cheguei ao quarto, entendi o porquê dos soldados estarem querendo rir. A cena era patética. Regina, Lily, Nathaniel, Amélie e Isabela estavam em frente ao meu quarto em um círculo como jogadores de futebol montando estratégia. Regina estava se segurando para não gritar para todos ficarem quietos e a escutarem, pois, aparentemente, o plano era tão secreto que os dois soldados não podiam ouvir o berro dela, porém, ao mesmo tempo, era tão ruim e mal planejado que eu estava de frente para a porta, mas atrás deles, observando e ouvindo tudo.

  - Cacete, dá para vocês me ouvirem? - Regina começa. - É só perguntar para ela, nós temos o direito de saber o que ela queria fazer.

  - Na verdade, eu tenho, porque foi só comigo.

  - Cala a boca, Lily! Nós também temos o total direito de saber, somos seus amigos.

  - Sim, mas vocês não acham que é um pouco demais nós praticamente invadirmos o quarto dela mandando ela falar algo. Não deveria ser algo mais sutil? - Isabela contestou.

  - Ela tem razão. - Amélie prosseguiu. - Não deveríamos fazer isso de maneira mais discreta e delicada...?

  A discussão em sussurros audíveis estava fervorosa. Só Nathaniel não falava, ele parecia uma batata plantada que só estava ali porque foi arrastado e não sabe dizer não. Como eles estavam muito ocupados e distraídos era a hora perfeita para a minha entrada triunfal. Deixei meus pés paralelos e na linha do meu quadril, elevei a postura e cruzei os braços. Fiz minha melhor cara de deboche junto com superioridade e raiva e interrompi a cena ridícula.

  - Estão procurando alguma coisa?

Princesa DespedaçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora