Capítulo 14

24 2 0
                                    



Katrina

  Deixei Florian no novo quarto dele e segui para o quarto onde Luciano estava. Bati na porta e entrei, ele estava sentado na cama olhando para o nada.

  - E aí, bebê? Acho que sou sua nova colega de quarto. - Eu disse aproximando-me da cama.

  - Eba! - Ele disse batendo palminhas como sempre fazia, porém ele não estava normal.

  - Ei, o que foi? Está mal pelo Florian, não é?

  - Ele te contou, não é?

  - Sim. - Respondi sentando ao lado dele. - Enquanto eu falava com os animais, mas sim.

  Ele me olhou com cara de "Oi?". Eu olhei de volta. Rimos. Nossos momentos de risadas eram os mais ingênuos possíveis.

  - Eu só queria entendê-lo! - Ele disse levantando-se. - Só isso, sabe?

  Esse era o tipo de situação que me deixava travada. Mas algo surgiu em minha mente. Percebi que os dois estavam olhando para o chão, então aproveitei a oportunidade para levantar e ir até um rádio que tinha numa mesa perto da cama. Ao lado do aparelho de som havia um disco que eu tinha montado com músicas aleatórias de diversos artistas. Meu favorito. Coloquei-o para tocar e pulei algumas faixas e bingo! Logo a melodia calma e eletrizante começou.

  Chamego meu

  Olha pra cá

  Esse sorriso de orelha a orelha

  Tenta guardar

  É pra você

  Por bagunçar a minha paz, a armadura e minha calma

 Assim que a melodia começou, "andei" até ele e o puxei para mais uma de nossas danças desengonçadas ao som de músicas aleatórias. Como eu sempre guardava um disco com essas músicas, pois era a única coisa que me acalmava, essa foi nossa trilha sonora do dia.

  Dançamos, pulamos, rimos, fizemos caras sexys e muito mais. Pequenas coisas que apenas eu e ele sozinhos proporcionávamos um ao outro. Depois de muita loucura, deitamos no chão de barriga para cima com as cabeças lado a lado.

  - Senti falta das nossas danças. - Eu disse depois de um minuto de silêncio.

  - Eu também. - Ele respondeu. - O Florian está estranho, não é?

 - Não consegui reparar em tão pouco tempo, mas eu achei um pouco sim, principalmente pelo término de vocês.

  - Estava tudo muito bem!!! Eu não entendo!

 - Talvez seja apenas uma fase ruim, não sabemos o que se passava na casa dele, certo?

  - Sim, verdade.

  - Você chegou a conhecê-los?

  - Quem?

  - Os pais dele.

  - Não. - Ele parou um instante, pensou e respondeu: - Até porque, a mãe dele, assim que soube de mim, disse para ele não fazer nada, pois ia se arrepender depois.

  - É sério isso?

  - Infelizmente, é.

  - Às vezes eu gostaria de ter o universo nas minhas mãos para controlar tudo que fosse ruim ou que estivesse fazendo mal a alguém, como é o caso agora.

  - Você é uma sereia que pode HIPNOTIZAR as pessoas, quer mesmo mais coisa?

  - Hipnose não ajudaria o Florian agora, ajudaria?

  - Acredito que não.

  Ficamos em silêncio por um tempo. E ele, finalmente, quebrou o silêncio:

  - Eu gostaria de controlar o tempo.

  - Por quê?

  - Porque assim eu aproveitaria mais um tempo com ele...

  - Ei, chega disso! Não vamos mais falar sobre coisas tristes, já basta o que está acontecendo agora! Levanta, vamos dançar como se tivéssemos fumado maconha!

  Dançamos por mais tempo, só paramos quando percebemos que tínhamos que jantar. Eu tomei banho, deixei-o tomar o dele e fui ajudar Gabriel na cozinha.

Princesa DespedaçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora