Capítulo 12

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Katrina

  Quando acordei, já estávamos quase chegando. O submarino emergiu e virou um barco novamente para ancorar no litoral. Lá, havia uma ponte igual àquela que atravessamos para chegar até o barco, ela também conectava o mar com a areia.

 Ancoramos o barco e atravessamos a ponte, todos em silêncio. Gabriel tinha me devolvido as pistolas e a maleta para que eu as levasse. Chegamos em terra firme e procuramos a van do refúgio, afinal, não havia sentido construir o Refúgio no qual só a metade do caminho é acessível.

  Achamos a van camuflada e entramos na mesma formação da fuga. Eu na frente, Gabriel como motorista, todos atrás e, como sempre, um silêncio mortal pesando sobre nós.

  O refúgio ficava na antiga divisa entre os antigos estados brasileiros de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, então, havia um pouco de diversidade na flora, havia muitas árvores típicas da Mata Atlântica, mas também havia as gramíneas típicas dos Pampas, era um lugar bem aconchegante no geral.

  Não demorou muito e chegamos ao Refúgio. Diferente de como muitos devem ter pensado, o Refúgio não é uma base militar subterrânea cheia de soldados, armas e com acesso restrito.

  O Refúgio, na verdade é uma casa branca de três andares que fica no meio de uma floresta pouco densa. A casa tinha varandas, redes, vários quartos e um celeiro ao lado. Era uma típica fazenda na qual muitos sonham em morar, mas, infelizmente, o motivo que nos trouxe a ela não é o sonho de ninguém. Havia onze pessoas e nove quartos. Luciano e Florian dormiriam juntos e... Nathaniel e Lily também. Puta que pariu, hein, destino? Você não pode deixar os dois separados nem nos quartos, não? No fim, infelizmente, a divisão ficou essa mesma, todos com um quarto próprio com exceção dos dois casais.

  Depois de acomodados, fomos procurar roupas nos armários e as distribuir. Havia várias roupas simples e casuais que foram distribuídas igualmente e, felizmente, serviram para todos. Gabriel foi conferir se havia mantimentos suficientes, e eu fui alimentar os animais do celeiro.

  - Olá, meus amores. - Eu disse aos animais enquanto colocava comida. - Como estão? Estou feliz em ver vocês de novo! Estamos sendo perseguidos, sabiam? Pois é, e eu achava que mais nada de ruim podia acontecer na minha vida. Que bom que vocês não precisam passar por isso, só comem, dormem e correm o dia todo.

  - Você sempre costuma falar com os animais ou foi algo que ser sereia te trouxe?

  - QUE SUSTO, FLORIAN! - Gritei depois de um pulo. - E não, não é um dos meus poderes. Eu sempre falei com meus cavalos, eles não julgam. A propósito, o que você está fazendo aqui?

  - Eu vim pedir para você... Como posso falar... Mudar meu quarto...

  - Por quê? É pequeno para você e Luciano?

  - Não, não, não. Os quartos são enormes, mas... Não estamos mais juntos.

  - COMO É? - Gritos eram parte de quanto eu desacreditava em algo. - Como? Por quê? O que aconteceu? Quem terminou?

  - Katrina, calma! Vou explicar. Eu terminei. Só eu estava correndo atrás, conversávamos muito pouco, não podíamos sair e agora eu voltei a ser quem eu era. Esse ano, quando você não esteve com a gente, muitas coisas aconteceram, muitas pessoas MUDARAM, muitas pessoas...

  - Eu não acredito... - Eu já sentia as lágrimas brotarem. NÃO OUSEM. - Para mim vocês eram perfeitos... Eram o meu casal...

  - Desculpa, não estava fazendo bem para mim.

  - Não, você está certo. – Disse secando as lágrimas. - Você tem que ser feliz, não se prender a um relacionamento que não te faz bem. Eu durmo com Luciano e você vai para o meu quarto, tudo bem?

  - Sem problemas. - Ele fez uma pausa longa antes de prosseguir. - Você está parecendo uma camponesinha muito fofa.

 - Sério? - Olhei para mim naquele momento e, realmente, eu estava igual uma camponesa. Vestido rosa com bolinhas rodado com um aventalzinho branco amarrado na cintura e botinhas marrons. Estava longe de ser a guerreira que chegou aqui. - Nossa, verdade! - Comecei a rir. Ele riu junto. Como eu senti falta do meu "segurança".

  - Mas e aí, como funciona o negócio de sereia lá? Você encanta marinheiros e os faz afogarem?

  - Palhaço! - Falei dando risada. - Não, na verdade, só quando necessário, e não são apenas marinheiros. Pode ser qualquer pessoa.

  - Você deve se divertir horrores com esses poderes...

  - Até que não. Eu não usava fora dos testes, mas, devido aos atuais acontecimentos, estou tendo que os usar.

  - Ah, não acredito! Nunca bateu aquela vontadezinha de fazer alguém se afogar ou esganar essa pessoa?

  - Já bateu umas vontades, porém não sou louca. Vamos voltar para a casa, daqui a pouco começará a escurecer e nem comemos direito.

  - Tem razão. Vamos, more. - Ele disse abraçando-me. Como eu senti falta daquele abraço e daquele apelido. Como eu senti saudade de Florian.

  E, daquele jeito, fechamos o celeiro e voltamos para a casa.

Princesa DespedaçadaOnde histórias criam vida. Descubra agora