AliceS in Wonderland

Capítulo Um

Alice Black

Acabo de chegar em Londres e ainda não acredito que meu pai me obrigou a vir para cá. Mas está claro que não há mais volta.

Meu pai divorciou-se de minha mãe quando eu tinha cinco anos, após descobrir que ela tinha um amante. Jurou que jamais me deixaria chegar perto dela, já que era má influência. Pouco tempo depois do divórcio, minha progenitora fugiu para o outro lado do mundo com o homem que realmente amava e, desde então, nunca mais a vi.

Até hoje.

Mas aqui estou! Saindo do avião e esperando minha mãe aparecer. Junto com meu padrasto.

Não demora muito até eu encontrar uma louca pulando com uma placa em mãos: "Welcome to London, daughter!"

Finjo ter deixado algo cair no chão e me abaixo, pensando se vou ou não até ela. Admito que ela é mais bonita do que imaginei. Não me lembrava de nada desde a última vez que a vi, com meros cinco anos. Eu imaginava ela como uma prostituta barata, suja e velha, cheia de penduricalhos. Mas, na verdade, é jovem e morena, com olhos verdes, e veste-se como professora. Sua postura atrai confiança e exala sabedoria, apesar da placa lilás com tinta neon e os pulinhos desnecessários em público. A mulher que vi há pouco é o completo oposto do que imaginei durante os últimos onze anos de minha curta vida.

Eu seria igual a ela, diz meu pai, se não fosse meu cabelo recém pintado de azul e minhas roupas totalmente diferentes das de uma mulher respeitosa como ela.

Após longos segundos, me aproximo.

- Olá, Alice. Que saudades! - Ela diz, me abraçando forte. Seu perfume cítrico invade minhas narinas e provoca em mim um certo desconforto - Bem-vinda à Londres, minha querida! Este é Paul, meu marido.

O homem grisalho ao seu lado acena com a cabeça e sorri para mim. Não sorrio de volta, mas também não faço careta. Pessoas mais próximas de mim entenderiam isso como quase um elogio. Não sou tão educada, então qualquer coisa que não se aproxime de um xingamento é como um elogio de minha parte.

Me sinto como um animal de circo ao ser observada por minha mãe e Paul. E é nesse exato momento que percebo que Londres não é mais o país das maravilhas que eu esperava.