Capítulo Nove

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Alice Black

Não muito depois, e agradeço aos céus por isso, porque o silêncio no carro estava me perturbando, chegamos ao estacionamento do shopping.

Desço do carro, ajeitando meu cabelo pela centésima vez nos últimos vinte minutos, já que o carro de Alex é conversível e o vento insistia em jogar minhas madeixas azuis em meus olhos.

Nos aproximamos da entrada e, mesmo de longe, enxergo quatro panacas nos aguardando. Devem ser os amigos do Alex.

- E aí, cara? – Um dos garotos toma a dianteira em nos cumprimentar e, logo em seguida, os outros fazem o mesmo.

- E quem é essa? Sua nova namorada? – Um loiro, meio metido a besta, pergunta.

Alex começa a rir muito, como se fosse uma possibilidade inexistente. E realmente é, mas não vi tanta graça.

- Não, não! Longe disso. Esta anã é a Alice, a filha da minha madrasta.

Lanço a ele um olhar mortal. Digamos assim que seu "apelido" não me agradou tanto.

- Então está disponível? Eu sou Jake - o loiro se dirige a mim, piscando o olho na tentativa de parecer sensual. Pareceu um idoso com cisco no olho, na verdade, e tenho que me segurar para não rir na cara dele.

- Sai dessa! – Respondo.

Em seguida, todos se apresentam – James, Jacob e Caleb.

Após toda esta cerimônia, arrasto o bando para o cinema, mesmo não sabendo como chegar lá. Recebo vários olhares estranhos por causa da cor nada discreta do meu cabelo, e mando a maioria catar coquinho. Pelo menos em pensamento.

Alex teve que me segurar para não explodir com alguém. Eu já estava farta dos olhares repreensivos dos outros. Afinal, o cabelo é meu, não?

Compramos ingressos para um filme qualquer lá, que eu nem prestei atenção. Na verdade, sinto meu estômago voltar e acabo dirigindo minha preciosa atenção para minha barriga.

- Alex, você trouxe dinheiro? Estou com fome, e uma pipoca viria bem a calhar agora.

- Ah! Sério? - Ele reclama - Você comeu a tarde inteira! Para onde vai essa comida toda?

Ele aponta para o meu corpo, dirigindo a atenção de todos para mim, consequentemente. Simplesmente reviro os olhos.

- Vai comprar pipoca ou não?

- Tenho outra escolha? – Ele cede – Com uma delicadeza dessas, quem não compraria?

- Ótimo! Eu quero uma pipoca média, um refrigerante grande e uma barra de chocolate - digo normalmente.

Os garotos arregalam os olhos diante do meu pedido. Muita gente tem a mesma reação quando me vê comendo, e eu me sinto muito incomodada com isso.

- Que foi? Nunca viram ninguém com fome, não?

- Você realmente come muito mesmo, hein? – Jake comenta. Balanço os ombros.

Depois de um tempo, Alex aparece com meu pedido, quase deixando a pipoca cair, e eu quase grito com ele por causa disso. "Desperdiçar comida é pecado", já dizia meu pai.

Como se nossas mentes estivessem conectadas, escolhemos os lugares no fundo da sala automaticamente.

- Alice? - Alex me chama.

- Se for para pedir pipoca, esquece!

- Não é isso. É só para avisar que você vai sentar do meu lado, ok?

- E por quê?

- Só para garantir que você não vai fugir.

- Tudo bem – aceito. Não estou a fim de arrumar briga tão cedo.

O filme já devia estar quase na metade, minha pipoca já tinha acabado há tempo, e o filme estava puro tédio. Inerte ao que acontecia ao meu redor, me surpreendo quando Alex envolve meus ombros com seu braço.

- O que você pensa que está fazendo...?


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