Capítulo Quinze

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Alice Black

Loucura! Completa loucura!

Eu sei que devia agir de acordo com minha idade, e principalmente de acordo com a decisão de minha mãe no momento, mas não consigo deixar de achar que ir para um colégio interno em menos de 48h desde que cheguei aqui seja loucura.

Tanto eu como Alex já estamos dentro do carro, esperando que Paul e minha mãe apareçam para nos levar ao maldito colégio. Espero que eles não demorem muito, porque do jeito que estou maluca com isso, não vai demorar para que eu tome uma decisão irracional, como sair correndo.

- Olha, Alice, eu sei que você não vai me escutar mas... - Alex começa a falar, mas se ele pensa que o deixarei continuar, está mais do que completamente errado.

- Você deveria me agradecer por ainda não ter voado no seu pescoço, Alex. É bom ficar quieto.

Me concentro na rua além da janela do carro, e tento relaxar a respiração e minha pulsação. Alex, sentado na outra janela, fica inquieto com minha resposta, mas a princípio não reage. Para o bem dele...

- Estão prontas, crianças? - minha mãe entra no carro, seguida por Paul de motorista.

Nem eu nem Alex respondemos nada.

- Vamos, gente, animem-se! - ela continua nos encarando, com seu "sorriso Colgate".

- Se você acha que responderemos o que você está pensando no momento, está enganada - Alex diz, praticamente tirando as palavras da minha boca.

Um sorriso me escapa nos lábios, e Alex solta riso sarcástico.

- Bom, vamos logo. Quanto antes sairmos, antes chegaremos no colégio - Paul diz, e tenho a pequena impressão de que ele está tentando se livrar de nós. Mas fico quieta.

A viagem não foi muito longa. Apenas uma hora de duração. Mas consegui cochilar fácil com meus fones de ouvido na orelha.

Delicado como sempre, Alex me acorda aos chacoalhões, e a vontade de lhe estapear o rosto aparece para dar "oi". Mas me seguro.

Ao sair do carro, me deparo com uma grande construção, que no final das contas era apenas a portaria do Colégio St. Anne. Por dentro, era ainda maior. Composto por três grandes prédios, interligados entre si, o colégio se resume em pura ostentação. Aqui deve ser o ninho das patricinhas mimadas...

- Vamos, crianças! Venham conhecer - minha mãe pula feito uma pulga alguns passos à nossa frente, e eu reviro os olhos em desaprovação. Eu achava que ela fosse a adulta.

- Bom dia! Vocês devem ser a família da Alice Black e do Alex Tyler, estou certa? - uma velhota baixinha e gorda aparece do nada, com um sorriso quase imperceptível por causa de suas enormes bochechas.

- Isso mesmo! Eu sou Elizabeth, e esse é o meu marido Paul.

- Ótimo! Eu sou a diretora Lucy Hawkins, mas podem me chamar apenas por Lucy. Agora vocês, crianças - ela aponta para nós, e vejo que não é apenas minha mãe que possui o costume de chamar jovens de crianças - Venham comigo! Apresentarei a vocês a escola.

Alex vira pra mim, em dúvida, e eu dou de ombros. Mas nós dois seguimos a velha.

Ela nos mostra primeiro o prédio de apartamentos. Me mostra que o meu é no segundo andar, apto. 20. Vou dividi-lo com mais uma garota, e isso não me animou muito, sinceramente.

O apartamento de Alex fica no andar de cima, o três. A diretora também nos mostrou nossos armários que, graças a Deus, não são perto um do outro.

No final da apresentação, que levou uns trinta minutos, voltamos para o carro para buscar nossas bagagens.

- Que saco! Se eu soubesse que viria pra um colégio interno, não teria me mudado para Londres - reclamo com uma carranca no rosto.

- É bom você não reclamar. Pode apostar que agir assim só piora nossa situação - Alex surge ao meu lado, também pegando suas malas, e decide virar o chefão. Me controlo muito para não bater nele.

- Adeus, crianças! - minha mãe põe seu rosto para fora da janela do carro - Voltaremos para visitá-los no Dia da Família. Se comportem!

Vejo Paul ligar o carro e engatar a marcha, se preparando para partir. E eu quase, quase, comemoro com sua ida.

- Tchau, Elizabeth - digo sem graça.

E Alex, pior que eu, não diz nada. Apenas ergue a mão e acena.

- Estamos no inferno - tomo coragem para falar, ao ver que o carro deles já estava longe.

- Por incrível que pareça, concordo com você.

*************************

- Quem é você? - grito ao entrar no meu apartamento e encontrar uma loira estranha deitada no sofá da sala.

- Ahn, esse é meu apartamento. E você é? - ela revida. Odeio quando pessoas não são específicas ao passar informação e ainda por cima revidam na mesma moeda.

- Esse também é meu apartamento - falo com uma carranca.

- Ah, você deve ser minha parceira de apartamento - ela do nada abre um sorriso amigável - Prazer, meu nome é Alice, e o seu?

Eu estaco no lugar, e minha cabeça vira um ninho de minhocas.

- Isso é alguma zoação comigo? Porque se for, pode ir parando com isso. Não gosto que me zoem.

- Desculpe, não estou entendendo - ela responde, e vejo em seus olhos que é verdade.

- Maldição - pelo jeito, isso vai dar muita confusão - Eu também me chamo Alice.

A loira fica com a mesma reação que eu, paralisada no lugar.

- Ah, não... Isso só pode ser sacanagem comigo... - ela diz.

"Querida, estou tão pirada quanto você", penso, mas não digo em voz alta.

Um estrondo alto balança a porta atrás de mim, e tanto eu quanto a loirinha à minha frente nos assustamos.

- Alice, quem é esse cara? - Alex e outro garoto gritam assim que eu abro a porta, e quando vêem que há mais de uma Alice, ficam com a mesma cara que eu e a garota ao meu lado.

- Isso só pode ser um pesadelo - ela diz, pálida.

- Sim, o pior pesadelo...

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⏰ Última atualização: May 15, 2016 ⏰

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