Capítulo Oito

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Alice Rigby

Fico estática, encarando aquele par de olhos castanhos dentro do elevador. Vitor também me encara, tão surpreso quanto eu.

- Jamais imaginei te encontrar aqui, Alice - ele diz.

- Digo o mesmo sobre você, Vitor - respondo-lhe, seca.

Nós nos conhecemos desde os 5 anos. Éramos vizinhos na minha antiga cidade, e sempre brincávamos juntos. Uma vez, ele bateu em um garoto por roubar meu sorvete e, desde então, nos tornamos grandes amigos.

Mas sempre há aquele risco, quando seu melhor amigo também é seu primeiro amor. Ele se declarou para mim no meu aniversário de treze anos, dizendo que me amava e que queria namorar comigo. Obviamente, era algo muito precipitado. Éramos crianças, apenas. Mas eu gostava muito dele, e aceitei.

Ele marcou nosso primeiro encontro em uma sorveteria perto do nosso bairro, mas Vitor simplesmente não apareceu, e eu fiquei plantada feito uma idiota no local. Nunca mais o vi depois daquilo.

Entro no elevador, ficando do lado oposto que ele estava, e aperto o botão do meu andar. Um silêncio constrangedor e eterno se instala no ambiente, e eu me sinto extremamente incomodada com a situação.

- Olha, Alice... acho que te devo desculpas por... - Ele inicia, mas o elevador range, chegando ao meu andar e o impedindo de continuar. Agradeço mentalmente ao elevador.

- Adeus, Vitor – encerro a "conversa" de modo ríspido e saio da caixa metálica.

Procuro pelo apartamento, atônita com o ocorrido. Assim que enxergo o número 20, brilhando em dourado em uma das portas brancas do enorme corredor, me apresso a entrar. A Academia Sta. Tereza para Jovens é um colégio muito prestigiado na grande Londres, e já ouvi muitas coisas boas a respeito de sua estrutura. Mas o estilo e a mobília do apartamento me surpreendem.

A cozinha possui um estilo vintage, com armários em madeira escura. Acoplado a esta, há uma pequena sala de estar, com uma televisão, duas poltronas e uma sacada virada ao jardim central do colégio. Mais à frente, há um corredor que leva aos quartos, um banheiro e uma mini lavanderia.

Escolho um dos dois quartos, organizo minhas roupas e pertences e, logo após, tomo um banho.

Procuro as roupas mais informais, porém decentes, que trouxe comigo e as visto. Não tenho nada para fazer neste apartamento, então, não há por que ficar aqui.

Decido dar uma volta pela minha casa no próximo ano. E, pelo visto, vai ser uma grande volta até conhecer tudo aqui.

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