Nós

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  Ainda eram nove horas e meia da noite e eu já estava pegando no sono, muitos podem até me julgar mas uma coisa é certa, eu estava em um hospital com apenas TV e Internet e nada mais para fazer o dia inteiro então dormir nove horas já era tarde para mim.

Mas de repente a porta do quarto se abriu e o Eduardo entrou com uma sacola, ele estava pela primeira vez em dias nesse hospital com uma roupa confortável, ao invés de roupa social, não que eu odeie ele de roupa social mas me lembra da época em que ele era meu chefe.

- Pensei que estivesse cansado e fosse dormir, o que está fazendo aqui?

- Bom na verdade eu fiquei sem sono então resolvi aparecer e trouxe sua pizza - ele pareceu ligeiramente desconfortável, acho que pelo fato dele nunca ter feito isso, me mimado, não dessa forma.

Sorri de orelha a orelha.

- Todo esse sorriso pela pizza? Seus olhos chegaram a brilhar.

- Na verdade não tem muito há ver com a pizza e sim o fato de você ter trazido.

Ele se sentou ao meu lado.

- Temos que conversar sobre minha contribuição depois que ela nascer, conversei com um amigo e cheguei a conclusão de que o pai não faz muito nos primeiros dias afinal tudo que a criança quer são seus peitos, e não quero ficar longe sabe nesse tempo porque eu também sou o pai e...

- Você está com medo de não ser reconhecido? Olha eu não sei muito sobre bebês mas você vai poder ir pra minha casa quando quiser desde que avise.

- Eu sou o pai, por que tenho que avisar?

- Porque ela pode estar dormindo ou eu posso estar dormindo, a casa é minha e depois do trabalho você só vai se tomar um banho nunca direto deus me livre o número de bactérias que existe nos lugares em que frequenta.

Ele sorriu como se eu tivesse dito alguma coisa engraçada.

- Tá e quanto a visitas? Vou ter direito a duas na semana também?

- Para de ser sensível você pode ir qualquer dia, até nós três nos acostumarmos, depois disso tentamos fazer novas coisas, só não leve amigos o bebê vai ficar isolado nos primeiros dias.

- Se me perguntassem eu diria que você seria a última pessoa no mundo a ter tanto cuidado com o nosso bebê.

- Eu estou a todo esse tempo internada sem mover uma perna direito e você acha que eu não cuido da sua filha? Eu tô odiando isso aqui.

Digo isso irritada e ele ri, então se levanta da cadeira se deita ao meu lado.

- Qual é a sensação? De ter alguém aí?

Me acalmo, acho que a sensação por mais que conturbada é indescritível.

- É diferente, provavelmente você nunca vai fazer idéia do quão bom isso é, é assustador mas ao mesmo tempo é alguém.

- Ser homem não é tão vantajoso nesse quesito, a única coisa que eu posso fazer é esperar ela nascer.

- Bom, você não vomita por dias como se fosse um ponto de fabricação de vômito, nem tem tontura, dor nos seios, nas costas, ou tem que fazer um bebê gigante sair de um minúsculo buraquinho.

Ele ficou em silêncio, provavelmente imaginando tudo aquilo, principalmente a última parte.

- Depois do parto, volta a ser do tamanho que era ou... é mais uma coisa a se abrir mão pelos filhos, sabe eu sei que não fica gigante mas tenho dúvidas sobre voltar o que era antes.

Ri gostosamente.

- Esse território volta ao normal, mas não é algo com o qual você precisa se preocupar a menos que envolva nosso bebê meu corpo não vai fazer mais nada por você.

ExecutivoOnde histórias criam vida. Descubra agora